Marcos terminou mais um dia na seguradora onde trabalhava e foi para o ponto de ônibus, esperando chegar em casa o mais rápido possível.
Estava completamente distraído, quando Mariana resolveu perguntar se ele conhecia um determinado lugar.
Marcos respondeu simpaticamente, disse que deveria descer no ponto final e pegar outro coletivo, mas deu o seu telefone, caso ela viesse a se perder, bastaria ligar que ele pegaria o carro e iria pegá-la.
Chegando em casa, tomou se banho e esqueceu do fato.
Uma semana depois o telefone de Marcos tocou e ele tomou um susto quando a pessoa se identificou como a Mariana do ponto de ônibus.
Marcaram um encontro numa sexta-feira, na frente da seguradora onde ele trabalhava.
Ele mal se lembrava dela, mas Mariana não se esqueceu do rosto de Marcos.
Foram para um barzinho junto com todo o pessoal da seguradora.
Conversa vai, conversa vem, Mariana diz que naquele dia estava indo visitar a sua ex-cunhada.
Marcos não entendeu muito bem esse tipo de relação, mas resolveu nem perguntar.
Mariana passou a ligar constantemente para Marcos e acabaram namorando, por causa dessa insistência.
Mariana era uma menina de subúrbio, acostumada a freqüentar a igreja aos domingos e freqüentar apenas as festas de família e Marcos era um rapaz de Zona Sul acostumado a freqüentar as boates mais caras e os shoppings mais importantes.
As diferenças entre os interesses dos dois eram gritantes, pois Mariana destoava entre as amigas de Marcos que freqüentavam salões de beleza todas as sexta-feiras.
Não demorou três meses para o paraíso se tornar inferno!
Marcos resolveu terminar o namoro, pois Mariana ligava 10, 20 vezes por dia.
Foram idas e vindas que comemoraram 1 ano de namoro.
Quando, finalmente, resolveu se afastar de vez de Mariana. E foi quando tudo começou:
Mariana começou a ligar para Marcos o dobro de vezes que ligava antes e, como ele não atendia, passou a importunar toda a sua família.
Seus pais, irmãos e amigos tiveram a sua vida transtornada pelos telefonemas de Mariana a qualquer hora do dia ou da noite.
No Natal chegou a ligar 50 vezes para o telefone da mãe de Marcos, onde a família estava reunida.
Maria perseguia Marcos em seu trabalho de tal maneira que o rapaz acabou demitido.
Sem emprego, o rapaz voltou a morar na casa dos pais, aonde o assédio da moça chegou a um ponto de importunar os vizinhos para que eles tentassem que o rapaz falasse com ela.
Ninguém conseguia escapar da insanidade da moça.
Ela o perseguia em todos os locais em que freqüentava: Falava com amigos para descobrir a nova rotina e continuava a ligar para o celular de Marcos incessantemente.
Marcos tentou registrar uma queixa na delegacia, entretanto, não conseguiu. Se fosse o contrário, certamente o delegado registraria a queixa.
Algumas vezes parecia que Mariana tinha desistido, mas quando todos começavam a suspirar, lá estava ela ao telefone.
Horas, dias, meses se passaram e, quando fez 1 ano da separação dos dois, Mariana resolveu fazer mais uma tentativa e bateu à porta de Marcos.
Tocou o interfone centenas de vezes na tentativa de fazer alguém abrir o portão e só conseguiu ouvir uns impropérios de Marcos.
Mariana tentou fazer, em vão, com que a vizinha forçasse um encontro entre os dois.
Parou um estranho na rua e pediu o celular dele emprestado para ligar, a cobrar para ele.
Mariana deixou o emprego para vigiar todos os passos de Marcos.
Chegou a fazer um empréstimo e abrir uma caderneta de poupança no banco onde o rapaz arranjou um novo emprego.
Todos achavam a situação constrangedora, mas não ameaçadora.
Mariana chegava ao cúmulo de ficar escondida no mesmo bar onde Marcos freqüentava e mandar SMS para ele falando que estava vendo tudo que estava acontecendo.
Um dia, Marcos saiu do trabalho e ela o esperava escondido atrás de uma pilastra. Mariana pulou na frente de Marcos que caiu com a mão no peito imediatamente, enquanto Mariana saia calmante em meio a multidão que se formava.
Marcos morreu horas depois em um hospital público, vítima de ferimento a faca.
Essa estória é mais uma prova do machismo e do descaso das autoridades brasileiras que não dão crédito quando um homem tenta registrar uma queixa.
Marcos foi motivo de piada na delegacia e agora é mais um caso sem solução, pois ninguém foi à delegacia identificá-la como seu algoz, embora todos os fatos apontem para ela, ninguém no local soube dizer quem havia esfaqueado o rapaz.
Um comentário:
qualquer tipo de dependência é maléfica... nos apegar a algo fora de nós tem consequencias absurdas. gostei muito do post.
http://terza-rima.blogspot.com/
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