terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A proporção


Marcolino era homem simples, de interiorzão mesmo, mas como a vida no campo ficou cada vez mais difícil, mudou-se para a cidade, na tentativa de melhorar de vida.
Acontece que a situação na cidade não era muito melhor do que no campo, ainda mais para uma pessoa sem estudo e sem experiência como ele, que tinha passado a sua vida toda num sítio que acabou perdendo para as dívidas do banco.
Morando de favor na casa de um amigo e sem ter mais a quem recorrer, Marcolino pega seus últimos centavos, compra um tacho e decide fazer o doce de goiaba que ele costumava ajudar a sua mãe a fazer.
Depois de pronto, Marcolino sai de porta em porta oferendo seu quitute que acabou "caindo no gosto do povo" que a cada dia queria mais.
Marcolino não dava conta de produzir doce para atender todo mundo e a goiaba na cidade não dava em árvores como no sítio, precisava ser comprada.
Marcolino nunca teve esse problema no sítio, pois quando não tinha goiaba, não se fazia doce, mas agora o doce era fonte da sua existência e precisava fazê-lo, estando ou não na época.
A goiaba foi ficando cara e Marcolino só viu uma maneira de continuar com a produção: Utilizar o velho truque de sua saudosa mãe de misturar abóbora no doce para ele render mais.
Certo dia, Dona Cecília reclamou com o rapaz:
- Marcolino, fala a verdade, você misturou abóbora nesse doce.
Marcolino sem graça por ser pego na sua trapaça, mas não querendo perder a cliente falou:
- Não, Dona Cecília, eu não coloquei abóbora no doce.
Dona Cecília insiste:
- Tem abóbora nesse doce, Marcolino!
Marcolino vexado, resolve confessar:
- Dona Cecília, a goiaba ficou muito cara, saiu da safra e tive que misturar a abóbora para manter o preço e a produção.
Com pena do rapaz, Dona Cecília argumenta:
- Meu filho, eu até entendo a sua dificuldade, mas tem que manter a proporção.
- Mas eu fiz isso!
- E qual foi a proporção?
- Eu fiz um por um!
- Como assim?
- Uma abóbora para uma goiaba!


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

João valentão




João Manuel de Bezerra e Silva nasceu numa comunidade pobre e abandonada do Rio de Janeiro.
Nasceu pobre, negro e ganhou um nome horrível que seu pai lhe deu.
Aliás, pai que ele cresceu vendo beber e bater na sua mãe, e depois nele também, até que a sua mãe entrou para uma igreja evangélica e tentar converter seu pai, que acabou saindo de casa.
João era franzino, motivo de piada no colégio. Acabou ficando meio gago, coitado...
No colégio apanhava muito dos colegas - ainda não existia essa coisa de bullying - mas não reclamava, pois sabia que sua mãe trabalhava muito e chegava em casa cansada.
Sempre ia aos cultos com sua mãe, mas até lá, onde deveria estar entre os iguais era discriminado.
João não era filho único. Tinha três irmãs mais velhas que a mãe fazia questão de dizer que ele tinha de proteger porque "era o homenzinho da casa".
João não conseguia nem proteger a si mesmo!
Na igreja conheceu Maria do Carmo e com ela se casou.
Aos vinte e quatro anos, João estava casado e, aos vinte e cinco, nasceu sua primeira filha.
João tinha o atual ensino médio e trabalhava de muitas coisas: motorista, carregador, ajudante de pedreiro, qualquer coisa para sustentar a mulher - que engravidou antes de "terminar os estudos" - e a filha.
Mas João desenvolveu uma característica única: virou valentão apesar de meio gago, negro, razoavelmente baixo, meio vesgo e gordinho.
Acabou desempegado no dia em que a esposa descobriu ter engravidado novamente.
Aproveitou o plano de saúde para fazer o ultrassom e não contou para a mulher que estava "descoberto".
Como "desgraça" nunca vem sozinha, a mulher estava grávida de gêmeos! - não que gravidez seja uma desgraça, só que não era o momento.
João se desesperou, procurou emprego e aceitou o que tinha - pelo menos mantinha o plano de saúde.
João era motorista, a esposa não arrumava emprego por causa da baixa qualificação e os filhos - embora a mãe religiosa estivesse designada a "tomar conta" - emprego jamais.
A esposa resolveu fazer um curso no Senac.
João, embora não pudesse, pagou...
Mas o emprego que "arrumou" antes dos gêmeos nascerem estava cobrando "especialidades"  e João tinha.
A esposa fez o curso e espalhou currículos que fizeram ela a trabalhar em telemarketing, mas "tá tudo bem", estava aumentando o orçamento.
O grande problema surgiu quando viu que na empresa que trabalhava não poderia subir sem qualificação.
Resolveu fazer um curso, a empresa ajudou a pagar, embora o encarregado tivesse dito que esse tipo de cargo era terceirizado.
As coisas começaram mal, embora tenham aceitado o seu cartão de crédito, não tinha turma.
Logo na primeira aula, João se sentiu deslocado, viu que não ia se enturmar.
Quando os grupos ainda estavam se formando, ocorreu a primeira das várias confusões em que ele se envolveu.
João se desentendeu com um aluno mais novo que o chamou para acabar a briga fora das instalações do curso e, é claro que ele não foi.
João, como em todos os lugares que frequentava,  conseguiu desagradar todos na turma!
Mesmo quem não teve problemas com ele, não se aproximava, por medo.
João só "arrumava briga"  com os homens da turma, mas a coisa já estava aborrecendo a todos e uma mulher da turma resolveu encará-lo.
A coisa ficou realmente feia porque ele ameaçou bater nela.
Bem, a turma já tinha excluído ele, mas ele despertou a fúria de uma pessoa que vinha se mantendo "discreta": Maria Rita Maia Resende.
Maria Rita era uma espanhola, viúva de um  policial e que conhecia bem os desmandos de um homem sem controle. 
Como "todo oprimido é um opressor em potencial", Maria Rita passou a ser a "protetora" da jovem - uma vez que os pais não acreditaram na versão dela.
"Todo oprimido é um repressor em potencial".
Maria Rita era filha de pais repressores, aliás, foi por isso que resolveu apoiar a menina que tinha idade para ser sua filha.
Maria Rita provocou João, que, por incrível que pareça, evitava o confronto. 
Tudo tem um limite e ela sabia levar uma pessoa a esse limite.
Um dia João resolveu responder bem mais timidamente do que fez com a garota mais nova, parecia temer o conflito, e, com razão.
Maria Rita foi até a direção do curso e, quando viu desinteresse sobre o caso, ameaçou ir até a delegacia mais próxima dizendo se sentir ameaçada.
Ameaçada?  Maria Rita?
A direção do curso fez João se dobrar e admitir que a sua atitude estava errada e que aquele não era local para "enfrentamentos".
Até o final do curso João se conteve, mas tudo que ele queria era matar Maria Rita!
Conclusão: Não há nada que um homem possa fazer, que uma mulher não possa fazer duas vezes pior.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Lixo







A questão do lixo deixou de ser problema político-ambiental e já se tornou um problema social.
Em nosso país, não observamos uma cultura de reciclagem ou reaproveitamento de alimentos.
Algumas iniciativas privadas tentam mobilizar a população para a questão, entretanto ainda são muito tímidas para serem consideradas efetivas.
Moramos em um país de dimensões continental e, talvez por isso, ainda não sentimos o impacto desse problema, mas a explosão demográfica fará com que em breve tenhamos que tomar atitudes enérgicas sobre o assunto.
Recentemente na Comunidade do Bumba tivemos uma demonstração de como a união entre a falta de políticas ambientais, explosão demográfica unidas com a política eleitoreira e a falta de uma política social podem causar sérios danos à sociedade e ao meio ambiente.
Esse é um tema que pode ser abordado sob diversos prismas e um deles é o desperdício.
Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), cada brasileiro produz 378 quilos de lixo por ano!
O consumo consciente não é uma prática adotada pela grande maioria das pessoas no Brasil.
Basta uma breve visita ao CEASA para perceber que o descuido no manuseio dos alimentos causa um enorme desperdício. Em poucos minutos de funcionamento o chão fica repleto de alimentos que, se manuseados de forma correta e consciente, poderiam estar abastecendo casas e estabelecimentos comerciais.
Segundo pesquisa do Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa, 30% de todo o desperdício de comida no país ocorre  nos Centros de Abastecimentos – CEASA.
A produção de meses pode se tornar lixo em apenas um dia de trabalho e poderia alimentar centenas de famílias.
O banco de alimentos do CEASA-RJ é central de arrecadação, processamento e distribuição de alimentos que não estão em condições ideais de comercialização, mas que estão em perfeitas condições para consumo. Entretanto, a solução está longe de ser a ideal, pois em uma central das proporções do CEASA-RJ, apenas 80 instituições estão cadastradas.
Basta ficar minutos caminhando pelo local para perceber que o descaso com o manuseio dos alimentos é cultural. Já virou hábito limpar os produtos e jogar fora a parte estragada ou amassada, como se o custo da produção do alimento fosse zero!
Quando nada atrapalha o andamento da cadeia de suprimentos, não se sente a proporção desse desperdício e tudo que “não está próprio para a comercialização” vira lixo.
E para onde vai o que não é aproveitado nessas centrais de abastecimento?
Atualmente todo o resíduo produzido vai para aterros sanitários ou lixões.
Imaginem 80 toneladas de resíduos sólidos sendo despejado diariamente em um aterro sanitário...
Estudos mostram que parte do resíduo pode ser transformado em energia e parte pode virar adubo, mas é muito estudo para pouca vontade política, afinal, todos os dias “sobram” 80 toneladas para serem desperdiçadas enquanto centenas de famílias passam fome em nosso estado.
O lixo da maneira que é processado hoje se transforma em um grande custo social, pois além do desperdício residual, temos o desperdício da área necessária para o “despejo” desse material.
O que ocorre nas dependências do CEASA é apenas uma versão ampliada do que ocorre nas residências ao longo dos dias, pois segundo pesquisas, uma pessoa produz em média um quilo de lixo por dia.
Imaginem que a coleta de lixo fosse suspensa. Em apenas um mês o lixo produzido em uma casa com três pessoas seria desesperador.
Também pouco adianta fazer a separação do material orgânico e inorgânico se não há coleta seletiva e tudo acaba “misturado” no caminhão compactador. Todo material que é lavado e separado acaba ficando contaminado, pois entra em contato com os demais materiais recolhidos.
Então a solução é a diminuição dos resíduos orgânicos.
Muita gente não sabe, mas todo material orgânico pode virar adubo, seja batendo as cascas de legumes e frutas no liquidificador ou colocando os resíduos nos canteiros e jardins – cavando-se uma vala e cobrindo com a terra que foi retirada.
Os resíduos também podem ser colocados numa garrafa pet com areia, alternando a colocação de resíduos e areia, até chegar ao topo. Tampa-se a garrafa e depois de 2 meses tem-se terra adubada para vasos de plantas.
Só essa medida já diminuiria em 50% de todo lixo produzido.
Muita gente não sabe, mas, um simples algodão usado para limpar as unhas com acetona, não deveria ser descartado no lixo comum, pois comprometeria tudo que estiver dentro dele.
Outra medida muito simples é entrar em contato com ONGs que fazem a coleta seletiva para que as mesmas coloquem latas de reciclagem em seu condomínio ou que fazem coletas nas ruas.
Quanto mais pessoas tomarem essas medidas, mais o meio ambiente agradece.


                                                      

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

"Porque o perdão também cansa de perdoar"



Angelina nunca fora a preferida de sua mãe.
Primogênita de uma família cinco filhos, Angelina fazia de conta que era feliz, apesar dos pesares.
As mágoas acumulavam, mas não havia o que fazer.
Certa vez, a família fez um passeio por uma feira de artesanato e Angelina se apaixonou por casal de Pierrôs em porcelana, mas não tinha dinheiro suficiente para comprar. Angelina "namorou" os bonecos, contou seu dinheiro mais de dez vezes e chamou a mãe e explicou a situação. A mãe olhou os bonecos, pediu dinheiro ao pai de Angelina e comprou.
Ao chegar em casa, a mãe de Angelina pendurou os dois bonecos na parede de seu quarto como um troféu e isso deixou a menina magoada.
A menina cresceu assim: Sempre ouvindo que a sua inteligência era na média, que era uma aluna mediana, que não era boa em nada e que este ou aquele irmão era melhor que ela em alguma coisa.
Talvez por isso tenha casado cedo, para fugir de onde não era desejada.
Com o casamento, sua relação com sua família ficou mais complicada ainda, uma vez que sempre preferiu morar relativamente longe, porém, sempre que se encontravam, Angelina percebia que nem a saudade fazia com que fosse tratada melhor por sua mãe.
Os irmãos de Angelina foram se casando e se mudando, exceto o irmão mais novo, que preferiu ficar solteiro.
Como todos os outros irmãos mudaram-se para longe, Angelina se sentia um pouco menos desvalorizada na casa de sua mãe e, pensou que tudo poderia ser diferente dessa vez.
Apesar de tudo, a mãe de Angelina continuava a fazer diferença entre ela e o irmão, mas ela se conformava, pensando que era justo, já que ele morava com a mãe.
Não se sabe se foi "cafezinho temperado", "macumba da braba" ou por idiotice aguda, mas do nada, seu irmão resolve se casar com um mulher que mal conhece e conta uma história triste para todos sobre a moça e a mãe de Angelina mais uma vez apóia seu filho, apesar dos protestos da moça - que a essa altura nem era mais tão jovem assim.
Tudo mudou novamente e Angelina percebeu isso quando foi na casa da mãe e abriu a caixa com os dois brincos que a mãe disse que tinha comprado para ela e só havia um. A mãe disse que se enganou em falar que eram dois.
A mãe ofereceu inclusive a joia de família que foi usada e dada para Angelina no dia do seu casamento - isso sem consultar a filha que, lógico não queria emprestar e se sentiu ofendida da mãe ter oferecido algo que era seu sem lhe consultar.
Na semana do casamento, o mesmo e curioso fato dos bonecos de porcelana aconteceu, mas com outro objeto, claro.
Angelina percebeu que, não adiantava o que fizesse, não importava quem, mas sempre a sua mãe ia dar preferência a outra pessoa que não fosse ela e decidiu que era hora de parar de lutar contra o inevitável e deixar sua mãe com "seus preferidos".
Algumas vezes não adianta remar contra a maré...
Angelina seguiu sua vida sem olhar para trás e sem remorso, afinal, sempre que precisou da mãe ela tinha algo mais importante para fazer ou para pagar e não podia ajudar, enquanto dava presentes caros para seu irmão e cunhada porque eles eram bons para ela...
Era o fim da linha para ela, não ia mais se humilhar por mais nenhuma migalha que viesse de sua mãe.
Inconformada, pois queria manter as aparências para a recém chegada à família, a mãe de Angelina tentou de tudo: chantagem emocional, tentou obrigar Angelina, compra a moça, só não tentou dar amor e compreensão e Angelina não voltou atrás.
Angelina queria apenas ser amada de forma igual em sua família, mas isso nunca aconteceu. Apesar de se sentir triste, era a sua realidade e não podia mudar isso. Não se pode exigir amor de ninguém...



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Palhaço Fofoquinha






Fofoquinha nasceu e cresceu dentro do circo. Foi seu pai quem escolheu o nome e decidiu como seria o espetáculo: O menino deveria aprender a chegar pisando tão de mansinho e tão escondidinho que surpreenderia a público, não importa em que lado do picadeiro estivesse sentado.
Fofoquinha passava os dias treinando o andar leve e surpreendia a trupe o tempo inteiro.
Como chegava sem ser percebido, acabava ouvindo coisas que não devia. Ouvia e falava, acabando sendo o centro de todas as confusões que aconteciam entre os componentes do circo.
As pessoas já tremiam com a sua presença! 
Fofoquinha cresceu, se tornou mestre na sua arte, mas foi odiado por todos com quem convivia.
Quando se tornou adulto, Fofoquinha resolveu tirar proveito da sua arte de chegar sem que fosse percebido para obter lucro fazendo chantagens, primeiro com os integrantes do circo, depois com os comerciantes das cidades por onde o circo passava.
Na passagem por Turumirum, Fofoquinha encantou-se pela filha do dono do armazém no dia em que ela veio assistir ao espetáculo, mas sabia que o namoro não seria aprovado pelo pai da moça, portanto, resolveu seguí-lo para obter alguma vantagem extra.
Logo Fofoquinha descobriu que o pai da sua pretendida tinha uma paixão secreta pela mulher que trabalha na secretaria da igreja local, quinze anos mais nova que ele, e que se encontravam secretamente na sacristia da igreja, tendo como fruto dessa relação uma linda menina de cinco anos chamada Alizandra.
Foi o suficiente para garantir o namoro, o noivado e o casamento que aconteceu no mês em que o circo ficou na cidade.
Casado, Fofoquinha tinha pouco o que fazer, pois a cidade era pequena e o sogro sempre deu conta do pequeno armazém. Passava o dia tomando conta da vida da coitada da mulher que passava o dia olhando por de trás dos ombros tentando surpreender o marido.
Ao irem se deitar, Fofoquinha fazia o relatório para a esposa:
- Rosinha, ocê sabe que hoje descascou a cenoura e jogou um pedação bom fora? Ocê colocou muita manteiga na farofa, num podi disperdiçá!
A mulher não aguentava mais aquele controle, mas a cada dia, Fofoquinha trabalhava menos - até porque o sogro não queria a sua presença na venda - e mais vigiava a mulher.
Toda noite era a mesma a coisa e a esposa começou a ficar cada dia mais irritada e nervosa, pois os relatórios passaram a ser em tempo real, isto é, no momento em que estava acontecendo.
Como a mulher começou a protestar, Fofoquinha passou a falar sozinho. Porém, o que era para ser apenas um sussurro era ouvido como se fosse uma conversa. Fofoquinha reclamava, falava, discutia, respondia e tudo ao som alto, como se tivesse falando com alguém.
Quando o sogro morreu, Fofoquinha teve que assumir o armazém, entretanto, o lucro diminuía a cada dia, pois o que o palhaço realmente gostava de fazer era controlar a vida da mulher e de tudo que acontecia na casa.
Divido entre o armazém e o controle da mulher, Fofoquinha parecia estar enlouquecendo.
Não demorou para sua mulher começar a fumar e a beber. Mas até isso o marido controlava:
- Muié, cê sabia que esse é o 10º cigarro que ocê fuma? E que ontem ocê conseguiu beber meia garrafa de cachaça?
O tempo foi passando e a mulher achava que ia enlouquecer com tanto controle.
Um dia, o circo em que Fofoquinha foi criado voltou á cidade e os dois foram assistir.
Quando o circo foi embora, Fofoquinha só deu conta da falta da mulher no final da tarde, pois passara o dia deprimido no balcão do armazém.
Rosinha fugiu com o circo, casou-se com o atirador de facas, mas dessa vez quem falava grosso e impunha respeito era ela.
Fofoquinha? Continuou pendurado no balcão do armazém observando a vida sem participar dela.




terça-feira, 20 de novembro de 2012

Rádio pirata



Eu trabalhei durante dois anos em uma rádio comunitária. 
Foi assim: Eu precisa de trabalho, procurei um amigo e foi o que ele tinha para me oferecer.
Achei que era o máximo, pois começava na segunda, fácil assim.
Logo que cheguei, encontrei a coisa no bagaço! O trabalho exigia uma faxineira e eu arrumei uma vassoura emprestada nos vizinhos e coloquei a mão na massa! 
Deixei tudo limpinho, depois fui no mercadinho, comprei uns produtos de limpeza e deixei cheirosinho.
Era tudo muito fácil se não fosse essa minha mania de perfeição. Era só receber uns pedidos de música, que raramente chegavam, pois não tinha telefone e a rádio ficava num morro que só eu e meia dúzia de gatos pingados para subir.
Eu comecei a querer arrumar equipamentos, mais propagandas para a rádio funcionar melhor, deixar tudo limpinho e fazer a coisa funcionar direito.
Tudo estava indo muito bem até meu celular tocar e eu ouvir o "dono da rádio" me dar  uma ordem: "Fecha a rádio que a federal está subindo."
Como assim? 
Avisei ao locutor, fechamos tudo e fomos embora.
Ficamos fechados por 15 dias.
Outras rádios locais não tiveram a mesma sorte que a gente e foram fechadas. Depois eu vi na televisão falarem que as rádios comunitárias servia à milícia.
Não era bem assim, a gente entregava documentos perdidos nas vans, celulares e até carteira com pagamento do mês eu entreguei sem receber nem um centavo por isso!
A gente ajudava os moradores locais fazendo campanhas para arrecadar alimentos, roupas, materiais de construção e muitas outras coisas boas.
Como eu tinha entrado sem saber que era errado, sai sabendo que não era o cero, mas era o melhor a fazer.
Algumas vezes, nesse país, todos os gatos são colocados no mesmo saco, infelizmente...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crônica da infelicidade




"- Ridículo, só se for você sem roupa! Tu é feia prá caralho!"
Foi assim que Betinho terminou mais uma discussão com Albertina.
Na verdade, não tinha sido nem uma  briga, pois para que isso seja possível, tem que ter pelo menos duas pessoas envolvidas, mas Betinho esbravejava sozinho e falava todo tipo de impropérios possíveis e imagináveis, tentando fazer com que sua companheira se sentisse diminuída e infeliz. Mas isso nem de longe afetava a mulher que se acostumara com as ignorâncias do marido.
Dessa vez tudo começou com o presente de aniversário que Betinho deu para a esposa...
Como sempre, Betinho comprou algo que a esposa estava precisando, porém, não perguntou se era o modelo desejado por ela e, mais uma vez não serviu e não agradou.
Assim que abriu o presente, Albertina pensou em perguntar se dava para trocar, mas preferiu não falar nada para não dar confusão. Tentou usar o presente, porém não servia para a sua necessidade e foi ai que o marido tentou "fabricar" uma peça em casa para "adaptar" ao presente e Albertina se negou a usar coisa tão feia e tão pesada. E foi assim que tudo começou...
Imediatamente, Betinho quebrou "a peça" no joelho e chamou a mulher de ingrata. Logo após, começou com os ataques pessoais a que estava acostumado, chamando a mulher de louca, demente e dizendo que ela era uma nada, um zero á esquerda.
Acostumada com tudo isso, Albertina não falou nada e se recolheu aos seus aposentos, onde ouviu o marido proferir "palavras de carinho" durante todo o dia.
A noitinha, a mulher conversava com seu filho sobre trivialidades, quando Betinho achou que estava falando dele e logo reiniciou seus ataques, quando finalmente a esposa aplaudiu e disse uma única palavra: "ridículo".
"Ridículo só se for você sem roupa! Tu é feia pra caralho!"
Ouvindo aquilo, Albertina esperou o dia seguinte, quando o marido saiu para trabalhar, e retirou tudo que era importante para ela daquela casa: filho, cachorros, plantas, ..., deixando Betinho completamente sozinho com suas grosserias.
Não demorou muito para a casa ruir, Betinho se tornar alcoólatra, o quintal se encher de lixo...
E Albertina? Ah! Essa vai muito bem, obrigada, pois não tem mais que não tentar enlouquecer ao lado de uma pessoa que nunca lhe teve a menor consideração.

sábado, 1 de setembro de 2012

Retomando do ponto onde parei


Como vocês perceberam meu blog ficou meio abandonado ultimamente.
Eu passei um ano fazendo um curso de Logística no SENAC e agora terminou.
Quero que conheçam um pouco das pessoas lindas com quem estive no último ano.





sábado, 14 de abril de 2012

Nuvem



É madrugada...
O sol ainda não despontou no horizonte.
Ando pelas ruas,
Vagalumes me seguem iluminando meu caminho...
Casas passam, ruas passam becos, lugares....
Numa mão a lanterna ilumina a natureza da vida;
Na outra as bênçãos fazem a sua lógica...
Vai amanhecer.
Minha existência se transformará em Ada.
Nenhum desses seres saberá da minha existência.
Mas minhas bênçãos acompanharão cada um de seus dias.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"Meus amigos, muito obrigada pelas 4512 correntes que me enviaram até agora!!!Nesse ano que se passou, graças a elas, tomei algumas atitudes que mudaram a minha vida: 

1.Já não saco dinheiro em caixa eletrônico porque vão me colar um adesivo amarelo ou jogar uma linha no meu ombro e quando eu dobrar a esquina vão me roubar;
2.Já não tomo Coca-Cola porque mer avisaram que serve para limpara mármore e que um cara caiu no tanque da fábrica e ficou totalmente corroído;3.Não vou ao cinema com medo de snetar numa agulha contaminada co o vírus da AIDS;4.Estou com uma inhaca de gambá violenta porque desodorante causa câncer de mama;5.Não estaciono o carro em shopping center com medo de cheirar perfume e ser sequestrado;6.Não atendo o meu celular com medo de que alguém peça para eu digitar 533216450123=T4RH2 e eu tenha que pagar uma fortunade ligação para o Irã ou então ouça um analfabeto dizer que sequestrou minha filha enquanto um outro analfabeto bandido fica gritando que nem viado...ai pai, ai pai;7.Não como mais BigMac pois é tudo feito com carne de minhoca com anabolizante;8.Não como mais carne de frango,chester e nem vou no KFC pois os frangos foram alterados geneticamente,tomam hormônios femininos e têm seis asas, oito coxas e não têm bico, penas nem cabeça;9.Não saio com mais ninguém,porque tenho medo de acordar na banheira cheio de gelo e sem meus rins;10.Refrigerante em lata, nem pensar!!!Tenho medo de morrer de leptospirose do mijo do rato;11.Não tenho mais nenhum tostão pois doei tudo para a campanha em prol da operação da Nildinha, que é uma menina que precisa fazer uma operação urgente , que só tem mais dois meses de vida (desde 1993);12.Escrevi em 500 notas de R$1,00 uma mensagem para a Nossa Senhora da Frieira, para me dar muito dinherio, e acabei perdendo umas 20 notas pois eu escrevi demais;13.Este mês devo receber meu celular Ericsson,por ter repassado os e-mails para 2366 amigos,e mês que vem recebo os U$1.000,00 da AOL e da Microsoft além do notebook, da Ferrari e dos prêmios da Nestlé;14.Não bebo mais refrigerante Kuat, pois ele tem uma substância que causa câncer;15.Jesus e Nossa Senhora Já devem restar morando lá em casa de tanta visita deles que recebo por e-mail;"Então, putos criadores de correntes, se vocês não passarem esta corrente, assim que a ler para cento e quinze mil amigos, em exatos cinco minutos, um urubu vai te cagar e você vai viver doente para o resto da sua vida"!

A todos meus amigos, familiares e conhecidos...

Para todos aqueles que em 2011 me passaram corrente dizendo que , se eu as reenviasse, ia ficar rico ou milionário, informo que não funcionou!

Esse ano por favor mandem dinheiro, presentes, vales de gasolina, tickets, etc.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Tristeza




Hoje morreu a última coisa que me dava alegria nessa vida.
Adeus amigo.


Juca: 06/08/08 - 20/01/12

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SAC - Serviço de Atendimento ao Consumidor



Com a implantação do Código de Defesa do Consumidor, os SACs passaram a ser obrigatórios e faziam um canal direto entre o consumidor e as empresas.
Quem já não ouviu falar de um vizinho que reclamou de uma caixa de leite estragada e recebeu uma embalagem com 12 caixas?
Pois bem, esses tempos se foram.
Meu vizinho reclamou para a SKOL que tinha uma lata de cerveja estragada entre as tantas que comprou para as festas de fim de ano e a fábrica respondeu prontamente mandando um carro com um funcionário e uma latinha de cerveja. A gente também não sabe se o funcionário resolveu sonegar o restante e entregar apenas a lata para substituir a estragada, mas o fato é que ficou muito mal para a empresa e este ano ele optou por comprar da BRHAMA, pois achou muito antipático por parte da empresa.
O que as empresas devem lembrar que a vida é uma rede social e que cada pessoa conhece, pelo menos 5 pessoas, que podem falar mal delas e formar uma rede de boatos que certamente vão denegrir a imagem da empresa - seu bem mais precioso.
No caso do meu vizinho a rede se estende, pois ele tem 6 irmãos e a esposa 5. Sem contar os sobrinhos e os amigos...
Este ano os familiares estranharam a troca da marca da cerveja e ele explicou com detalhes o acontecido no ano anterior. 
Conclusão: Numa festa para mais de 50 pessoas a BRHAMA foi a estrela.
Será que essas pessoas gostaram do sabor da novidade?
E se a SKOL mandou 1 caixa e o funcionário entregou apenas 1 cerveja de que é a culpa? Do SAC que não fez o retorno com o cliente para medir o nível de satisfação.
Que coisa feia, né?




Pensando em não passar o Natal com cabelos brancos, comprei uma tintura para cabelos, castanho escura, da marca Nouvelle. 
Eu estava tranquila, pois já havia usado a marca e o resultado tinha sido melhor do que o esperado, mas qual foi a minha surpresa ao lavar os cabelos e perceber que a tintura não fez efeito.
Corri para a caixa e não encontrei a bisnaga, já tinha jogado no lixo do banheiro junto com os papéis higiênicos e não ia meter a minha mão. Entretanto, aprendi no curso de logística que o produto pode ser rastreado pelo código de  barras, então, entrei em contato com a empresa e passei o número da caixa.
Tudo que consegui foi um sinto muito, mas sem o número do lote não podemos fazer nada.
Achei uma puta falta de boa vontade e comprei uma tintura de outra marca e passarei a dizer para as pessoas não comprarem essa tal de Nouvelle pois além de não ter funcionado, eles não são simpáticos ao resolver problemas.












O mesmo aconteceu com minha mãe, só que dessa vez ela tinha todos os dados.
Entrei em contato com a Cor&Ton e relatei o problema, passei todos os dados e recebi um e-mail pedindo que ligasse para um 0800 que quando a gente liga não consegue falar ou que passasse o meu telefone.
Passei o telefone da minha mãe umas 3 vezes e parece que a coisa caiu mesmo no esquecimento, pois ninguém ligou.
E agora? Qual é a desculpa para não trocar o produto defeituoso?




Meu filho comprou no dia 08/12/11 uma sandália Havaiana igualzinha a esta.
Segundo a propaganda, as sandálias Havaianas não soltam as tiras e não tem cheiro, entretanto, no dia 21/12, já estava desta maneira:






Como vocês podem ver, a tira está solta!
Sem contar o transtorno de estar em uma cidade estranha e ter que sair procurar uma sandália nova para ele, pois fica praticamente impossível caminhar com a sandália desse jeito.
Assim que cheguei de viagem, entrei em contato com a empresa que me mandou um questionário que não tinha mais tamanho, mas tudo bem.
Depois de mais ou menos uns 5 e-mails, ainda não sei se a empresa pretende ou não trocar o produto.
Hoje pela manhã resolvi enviar a foto da sandália para que eles vissem o estado da mesma com apenas alguns dias de uso.
O que eu acho mais engraçado, é que ele sempre usou aquele modelinho branco, mais baratinho e nunca teve esse problema, foi só comprar um modelo mais caro, comprado numa loja de shopping e não durou nada.
A gente tem um monte de direito que não serve para nada, pois as 3 empresas que eu entrei em contato ainda em dezembro do ano passado, nenhuma ainda me apresentou nenhuma solicitação, com exceção da Nouvelle que me apresentou um sinto muito.
Bem, como nesse mundo vivemos todos conectados, muita gente vai saber do que se passou comigo e, talvez as pessoas pensem duas vezes antes de comprar esses produtos.