terça-feira, 29 de março de 2011

Um brasileiro



"Eu não tenho medo da morte, tenho medo da desonra, pois um homem desonrado morre em vida."


José Alencar


Imagem: Google

Assombração do Rio da Prata





Pedro e Bia se conheceram na década de 40, na pracinha de Bangu em um Dia de Finados.
Era comum, na época, as moças e os rapazes passearem pela pracinha e trocarem olhares, conversarem e depois marcarem para que o rapaz conhecesse a família da moça para um possível namoro.
O namoro foi aprovado pela família de Bia, já que o rapaz parecia ter boas intenções, era educado  e, afinal, o namoro seria monitorado pela irmã mais nova de Bia, Carol, que não era muito fácil de ser enganada.
Pedro vinha todas as quartas-feiras, sábados e domingos.
Todas as vezes, vinha de trem para Bangu, já que morava no centro da cidade do Rio de Janeiro.
O namoro não era nada emocionante, já que Carol fazia questão de falar o tempo todo e não deixava o casal nenhum minuto a sós!
Todas as vezes Carol perguntava sobre o caminho que Pedro fazia para pegar o trem, perguntava sobre a casa 227 que ficava na Rio da Prata e que todos diziam ser mal assombrada.
Pedro passou a prestar mais atenção no caminho e notou que a casa parecia abandonada, com mato crescendo no jardim, luzes sempre apagadas...
Começou a pensar sobre o porquê de a casa estar assim e, já que não tinha como “se livrar” da Carol, resolveu pedir à menina que contasse detalhes sobre ela.
Carol lhe contou que o dono da casa tinha morrido escorregando da escada em circunstâncias duvidosas e o espírito dele estava revoltado e precisava contar para alguém o que tinha acontecido realmente.
Pedro sempre ia assoviando durante o caminho, mas quando chegava ao quarteirão da casa, ficava cabisbaixo, como se não quisesse ser o escolhido para ouvir a confissão do morto, ou talvez fosse respeito, quem sabe.
A verdade é que a história ficou na mente de Pedro e, mais do que namorar, ele queria ouvir as histórias da Carol sobre a casa.
Tinha respeito por ela, já que o seu morador morreu e foi velado nela.
Ele tinha respeito por essa coisa de morte, pois seu pai morrera quando tinha 9 anos e, muito cedo, aprendeu que a vida era difícil.
Pedro e Bia ficaram noivos e ele conseguiu dar o primeiro beijo no rosto em sua amada!
Não tinha dinheiro para um anel, mas prometeu que valeria a pena ficarem juntos.
Bia, que nem por um minuto duvidou que a vida com Pedro era tudo que ela sempre quis, aceitou a situação, com a certeza que a vida com Pedro valia à pena.
Saindo da casa de Bia, após o beijo que queimava seus lábios, Pedro foi distraidamente pela rua da casa mal assombrada, não assoviou, nem antes, nem depois de passar pela casa e “tomou um tapa na cara”.
Foi um tapa tão bem dado que no dia seguinte o seu rosto ainda estava vermelho!
Não contou a ninguém sobre o que aconteceu, embora a família de sua noiva acreditasse em espíritos e casas mal assombradas.
Passou dias tendo que passar pela rua em que tomou o tapa ressabiado, mas era o único caminho para ele, mas preferiu assoviar para espantar o medo.
Um dia, ficou pensando que o namoro estava se tornando sério e não assoviou...
Pedro ouviu um barulho que parecia um passarinho voando bem perto ao seu ouvido, mas passarinho que voa a noite é, quase sempre, morcego!
Pedro chegou à conclusão de que não tomou tapa nenhum, que tinha sido apenas um maldito morcego que estava acostumado a fazer o mesmo caminho todas as noites e, naquela noite, a do tapa,  tinha alguém no seu caminho.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A maldição





No centro da Praça Pasteur, na cidade de Petrópolis tinha uma linda casa para alugar.
Com sua varanda em arco com uma linda trepadeira de flores lilases e sua cadeira de balanço era convidativa a um descanso de fim de tarde.
A casa era mesmo uma belezinha!
Os muros baixos sugeriam que o bairro não era violento e, apesar de não ter sido pintada recentemente, não tinha pichações!
Era do tamanho ideal, nem muito grande, nem muito pequena.
Maurício, Alessandra e seus dois filhos mudaram-se para lá e quatro meses depois estavam negociando com a imobiliária para mudarem-se para outro local.
A casinha continuava lá e mais um casal com seus filhos mudou-se e, mais uma vez saiu o mais rápido que pode.
Durante um ano mais de cinco famílias havia passado pela casa, ninguém queria ficar.
Nelson, corretor do imóvel não sabia mais o que fazer para manter os inquilinos.
Todos os dias ia ao imóvel e olhava para ver se o encanamento estava em ordem, se a vizinhança fazia muito barulho, nada.
Chegou a dormir na casa, achando ser mal assombrada e nada.
Foi quando seu melhor amigo, Luciano, resolveu se casar e convidá-lo para padrinho de casamento.
Maurício, que não andava muito bem de finanças, resolveu dar ao amigo um ano de aluguel de graça na bela casinha da Praça Pasteur.
Luciano, que ia morar com a sogra, achou a idéia espetacular e levou a futura esposa mais do que depressa para conhecer o que viria a ser o seu novo lar.
Certo de que um casal recém casado quebraria a maldição, seja ela qual fosse, Maurício providenciou até a mudança do casal, para que eles não tivessem preocupação alguma.
Luciano e Vera casaram-se, foram para a lua-de-mel e se instalaram em seu “novo lar”.
Luciano trabalhava o dia inteiro, mas Vera trabalhava em um colégio apenas em meio período e, ao chegar em casa se sentia vigiada.
Todos os dia, quando Luciano chegava em casa era sempre a mesma reclamação:
- Eu sinto como se tivesse alguém me espiando através das cortinas – reclamava Vera.
_- Deixa de besteira! Isso não existe! – Respondia Luciano.
No primeiro final de semana na casa, Vera foi ao quintal regar as plantas e viu como se alguém a observasse da casa ao lado e correu para dentro assustada.
- Luciano! Tem alguém me olhando da casa ao lado!
- Vera, a casa ao lado está sempre fechada, acho que nem mora ninguém lá.
- Pois é o que estou falando, Lu.
Com o tempo, Luciano também passou a se sentir observado e foi conversar com o amigo Maurício.
- Maurício, você teve alguma reclamação de algum morador anterior daquela casa onde estou morando? – Perguntou Luciano.
Maurício engasgou com a cerveja que tomava e respondeu com outras perguntas:
- Mas qual o problema da casa? É o encanamento? Quer que eu dê uma olhada?
Luciano com medo que o amigo o julgasse louco desconversou:
- Não nenhum, só estou perguntando.
Luciano não queria mudar para a casa da sogra de maneira alguma e então resolveu evitar o quintal e comprar cortinas mais grossas.
Como o casal não aparecia mais, uma pequena pedra foi atirada na janela.
Era o fim! Vera estava decidida a voltar para a casa da mãe quando Luciano abriu a janela de sopetão e viu uma figura sumir na escuridão do quintal vizinho.
Durante toda a semana foi assim: Pequenas pedras eram atiradas nos vidros das janelas trancadas da casa.
No domingo pela manhã, Luciano resolveu abrir a janela de seu quarto, apesar dos protestos de Vera, antes de ir tomar banho.
Abriu a janela e deixou o sol entrar para espantar o cheiro de mofo.
Tomou seu banho com tranqüilidade e, como esqueceu a toalha, foi até o quarto totalmente nu e apareceu na janela para fechar a cortina.
Foi quando ouviu um grito de horror e uma série de palavras impublicáveis.
Luciano deu um grito de felicidade:
- Yes! Yes! Te peguei!
Era Edeltrudes, uma senhora que vivia sozinha na casa ao lado e gostava de “espiar” os moradores sem que eles soubessem.
Desse dia em diante nunca mais Vera se sentiu observada ou intimidada e, caso isso acontecesse, Luciano estava disposto a fazer uma nova aparição.

É vero




A família de Giovanna veio para o Brasil em um porão de navio logo depois da primeira guerra.
Eram tempos difíceis e na Europa e vir para o Brasil parecia ser uma opção bem promissora, entretanto, assim que chegaram foram levados a uma fazenda onde trabalhavam praticamente como escravos.
Giovanna teve, desde muito cedo, aprender a se defender.
Logo aos 9 anos ajudava a mãe com as panelas e a comida dos trabalhadores da fazenda.
Giovanna cresceu assim: Sem infância, sem brincadeiras, sem felicidade.
Uma coisa não se podia negar: Giovanna era de longe a moça mais bonita da região.
Quando era dia de pagamento, toda família ia para o armazém da cidade para comemorar e pagar as contas da caderneta. Esse era o único divertimento da moça.
Foi no armazém que a moça conheceu Enzo, um belo italianinho com os olhos mais azuis que o azul do céu e se apaixonou perdidamente.
Ao contrário de Giovanna, Enzo sabia ler e escrever. Aliás o rapaz prontamente se propôs a ensinar para a bela moça.
Enzo falava baixinho, pois era de Veneza e a moça era Siciliana de sangue quente.
Os dois acabaram se casando e morando em um pequeno cortiço na cidadezinha.
Por mais que os dois convivessem juntos, Enzo não conseguia fazer com que a mulher perdesse o hábito de falar alto e de ter reações tempestivas.
Para ajudar o marido, Giovanna sentava-se na máquina de costura e fazia roupas e pequenos consertos em costura reta.
Por causa de seu temperamento, a maioria das mulheres do cortiço não gostava dela e, todos os dias, o falatório acabava em brigas a serem apartadas pelos maridos.
Todos os anos Giovanna tinha um filho e a cada filho que nascia, a maledicência da vizinhança aumentava dizendo que Giovanna costurava bem para fora.
A mesma vizinhança que falava mal, vinha durante o resguardo da moça, fazer visita, trazendo presentinhos e para olhar bem de perto o novo rebento.
Giovanna cansada desse falatório e resolveu por fim a essa fofoca que depunha contra sua honra.
Após o nascimento do seu quinto filho, marcou um chá com todas as mulheres da vizinhança.
Passou o dia preparando a mesa de quitutes que serviria.
Desconfiadas, mas não querendo demonstrar fraqueza uma a uma foi chegando e se sentando na apertada sala.
Comeram e se maravilharam com todas as coisas deliciosas que Giovanna sabia fazer na cozinha.
O tempo foi passando e nada de Giovanna trazer seu novo rebento para apresentar para “as amigas”.
Foi quando a moça anunciou:
- Chegou a hora.
Todas estavam ansiosas para olhar para a criança para tentar adivinhar com qual homem ela parecia para poderem falar mal.
Giovanna empurrou a cortina que servia de porta, entrou para dentro do pequeno cômodo e voltou com uma manta entre os braços.
Todas correram na direção de Giovanna que puxou uma corrente escondia na manta e deu uma surra em pelo menos cinco mulheres que não conseguiram correr a tempo.
Desse dia em diante ninguém mais ousou falar mal da italianinha louca que morava no 214.




Imagem: http://quotidianoale.blogspot.com/2010/05/as-mais-queridas-e-antigas-propagandas.html

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lixo: O que fazer?


Era uma vez um terreno abandonado onde a prefeitura resolveu despejar o seu lixo.
Caminhões chegavam a toda hora e toneladas de lixo eram despejados.
As pessoas que não tinham o que fazer com seu entulho, sabendo do lixão, resolveram despejar sofás, restos  de obras, de animais e etc...
Como não havia na época um controle muito rígido do lixo tóxico, não duvido nada que algumas clínicas irresponsavelmente, também despejasse seu lixo lá.
Não demoraria muito para o terreno baldio desaparecer, dando lugar a uma enorme pilha de lixo.
Lógico que o lixo atraiu gente que dali tirava o seu sustento, muitas vezes literalmente.
Mas a pilha não parava de crescer e virou um morro.
A situação estava mesmo insustentável e, com a expansão da Região Oceânica de Niterói e seus moradores usando uma estrada alternativa que passava pelo local, a prefeitura resolveu, enfim, colocar uma pá de cal no assunto, ou jogar um bocado de terra em cima, o que dá no mesmo.
Um terreno vazio, nenhuma placa, nenhuma cerca, um monte de gente desempregada e morando em áreas bem piores... 
Começou com um barraquinho aqui, outro ali. Depois vieram as famílias, os puxadinhos...
Estava formada a favelinha!
Mas vocês se lembram quando eu falei que a área era próxima a Região Oceânica e que moradores usavam a estrada como alternativa para fugir dos engarrafamentos?
Antes que alguém diga que estou falando alguma besteira vai ai um mapinha.









Surge uma nova historinha:
Era uma vez uma favelinha que se formou numa região onde a prefeitura sabia que não poderia ser habitada por mais 30 anos, mas como a prefeitura não cercou e não colocou sequer uma placa, decidiu que, ao invés de alocar a população em um lugar seguro, resolveu urbanizar o local e cobrar IPTU.
Afinal, o lixão já estava desativado desde o final da década de 80 e se nada aconteceu até então, possivelmente não haveria mais risco.
Todos ficaram felizes: A companhia de água e esgotos, a companhia de luz, os moradores e, para não dizer a prefeitura.
Mas a natureza resolveu se revoltar, afinal foram décadas de lixo despejados naquelas terras, depois vieram os homens e suas famílias e agora asfalto e tubulações de água e esgoto!
Com as chuvas de  8 de março de 2010, tudo foi a baixo: os homens e suas famílias, a urbanização, as construções e, por fim o lixo!
Agora tem um monte de famílias desfeitas, outro tanto de sobreviventes e "quem é que vai pagar por isso?"









quarta-feira, 23 de março de 2011

Vamos falar sério







Eu acredito que todos já conheçam o documentário, pois ele é de 1995, entretanto, como esse tipo de assunto não é muei difundido, pois "esse é um país que vai pra frente ô, ô, ô,ô, ou!"
Gostaria que cada habitante desse país assistisse o vídeo pelo menos uma vez, seja para se sensibilizar ou para tomar consciência da situação. 
O vídeo deveria ser mostrado antes de cada eleição.
O curta é escrito e dirigido por Jorge Furtado e tem a narração de Paulo José.
Para quem achar que o vídeo é antigo e que, provavelmente o problema já tenha sido resolvido, eu gostaria de lembrar que a Ilha das Flores é apenas um exemplo da desigualdade social que ocorre em nosso país e que não podemos fechar os olhos.
É muito confortável para pessoas privilegiadas como nós falar apenas sobre flores e fechar os olhos para a realidade social do nosso país, mas eu me sinto na responsabilidade de divulgar.
Para quem acha que a situação é nova e que surgiu há pouco tempo, gostaria de lembrar que no final da década de 70 o cantor e autor Zé Ramalho lançou a música Vida de gado, onde mostra a situação social do país onde uma classe detém o poder sobre a maioria, onde o povo é classificado como gado, pois sua situação geral o impede de se rebelar.
Hoje temos um povo que tem que trabalhar cada dia mais horas para suprir suas necessidades básicas, enquanto uma minoria desfruta de todas as regalias possíveis.
Cada dia temos uma população mais gado do que gente.










Imagem e vídeo: Google

terça-feira, 22 de março de 2011

Meninos do Brasil





Eles estão pelas ruas das pequenas






e grandes cidades.









Uns jogam bolas de gude,








Outros fazem malabares.









É certo que a infância é perdida
E o trabalho é árduo,
Para quem ganha a própria vida.





Ah! Esses meninos do Brasil!








São meninos passarinhos,
Que muito cedo abandonam seus ninhos,
Que cantam pelas ruas
Tornando mais alegre a sua lida.



Mas o que todos tem em comum
É a triste sina
De viver sem amor ou carinho.



Imagem: Todas as imagens foram recolhidas do Google e a maioria sem identificação, exceto a imagem do menino com o violão que aparecia créditos a Daniel de Andrade.
Gostaria de dizer que a foto dos meninos na grade pertence a Ricardo Silva  que é dono do blog    http://ricorockingblogspot.blogspot.com/?zx=a6dd2c0cc7eb0580.


Meninos cantores





Hoje me lembrei dos meus tempos de menina quando viajávamos para uma cidadezinha ao sul de Minas chamada Lambari.
Passamos todos os natais da minha infância lá e algumas viradas de ano também.
Todos os anos encontrávamos quase sempre as mesmas pessoas e tentávamos criar laços com essas pessoas, porque na verdade, nenhum de nós tinha  laços familiares fortes para passar o Natal em família.
Ficávamos sempre no mesmo hotel e, quase sempre no mesmo “conjugado”.
Cada um tinha uma desculpa ensaiada para estar passando o Natal lá, mas a verdade é que nós, crianças queríamos estar em qualquer outro lugar, menos ali.
Para uma criança, passar 15 dias em um hotel é uma verdadeira tortura, pois não se pode abrir a geladeira e comer o que quer, tem hora para as refeições, não pode correr, fazer barulho...
Mas quando se mora num apartamento de dois quartos, sem play e sem poder sair na rua para brincar, um hotel com play, piscina e num lugar calmo, onde se pode até brincar em frente, é muito mais do que se tinha na verdade.
Após o jantar, era costume sair para dar um passeio pelo centro da cidade e depois sentar nos bancos em volta do hotel para conversar.
Certo ano, que já não me lembro mais qual era, todas as noites aparecia um dois meninos do local que paravam em frente aos bancos e começavam a cantar em troca de dinheiro.
A princípio o porteiro do hotel “espantava” os garotos como se faz com cachorros: Correndo e gritando passa daqui, mas logo os hóspedes reclamaram e disseram que gostavam de ouvir os meninos cantarem.
Eu achava um absurdo expulsar os garotos da frente do hotel, já que alguns hóspedes traziam instrumentos musicais e se reuniam no mesmo local para cantar suas músicas.
Na época a música sertaneja não havia eclodido e o repertório dos garotos era bem restrito, mas eles cantavam afinadinhos e com muita vontade.
Os meninos vinham sempre no horário em que tinha mais gente em frente ao hotel e a cada dia mais gente parava para vê-los.
Eles eram sujinhos e andavam descalço, mas tinham uma voz afinada. O mais novo era mais envergonhado e cantava baixinho, mas sempre acompanhava o mais velho.
Depois de certa hora, o mais velho recolhia o dinheiro e ia embora dizendo um boa noite tão gostoso de se ouvir que, com o tempo os hóspedes passaram a conversar com eles antes de irem embora.
Os hóspedes compraram sapatos e roupas para os meninos, davam dinheiro para eles, pois sabiam que encerravam a cantoria antes do mercadinho local fechar, pois tinham que levar comida para casa.
Aos poucos, o dinheiro dado era só mais um acessório, pois as crianças levavam quase uma cesta básica todos os dias para casa.
Isso se repetiu por três natais seguidos.
Num Natal, minha mãe separou um monte de roupa para levar para os meninos e, chegando lá, descobrimos que eles tinham desaparecido.
Ninguém sabia informar o que tinha acontecido com eles e eu não entendia como em uma cidade tão pequena, onde as pessoas se cumprimentam e sabem o nome de todos que circulam pela rua, ninguém sabia informar nada sobre os meninos cantores.
Eu gosto de pensar que alguém reconheceu o talento desses meninos e que hoje seus filhos não andam de pés no chão e vivam em busca de trocados.






Imagem: Google

Perdendo os dentes - Pato Fu


Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém

Acho que eu fico mesmo diferente
Quando falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
E uso as palavras de um perdedor

As brigas que ganhei
Nenhum troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci


http://www.vagalume.com.br/pato-fu/perdendo-dentes.html#ixzz1HKmqZNAQ


Vídeo e imagem: Google

sábado, 19 de março de 2011

Nuvem Negra






A chuva cai lá fora.
O dia acabou e eu continuo assim:
Sozinha.
Eu juro que tentei,
Mas agora acabou.
Eu juro que tentei,
Mas você não me ouviu.
Eu sempre estive aqui
Mas você não me viu,
Você não me viu.
Recolho os restos de mim pela casa
E coloco sobre a cama vazia.

A chuva cai lá fora
E eu estou assim:
Febril.
Doente por ter errado tanto,
Mas agora o fim chegou.
Não adianta me procurar
Porque eu sempre estive aqui.


Imagem: Google

sexta-feira, 18 de março de 2011

Amor maior - JQuest





Amor Maior - J Quest



Eu quero ficar só, mas comigo só eu não consigo
Eu quero ficar junto, mas sozinho só não é possível
É preciso amar direito, um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora, ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro pra fora, amor que desconheço

Quero um amor maior, um amor maior que eu
Quero um amor maior, um amor maior que eu

Eu quero ficar só, mas comigo só eu não consigo
Eu quero ficar junto, mas sozinho assim não é possível
É preciso amar direito, um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora, ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro pra fora, amor que eu desconheço

Quero um amor maior, um amor maior que eu
Quero um amor maior, um amor maior que eu

Então seguirei meu coração até o fim, pra saber se é amor
Magoarei mesmo assim, mesmo sem querer, pra saber se é amor
Mas estarei mais feliz mesmo morrendo de dor
Pra saber se é amor, se é amor

Quero um amor maior, um amor maior que eu
Quero um amor maior, um amor maior que eu


http://www.vagalume.com.br/jota-quest/amor-maior.html#ixzz1H03KUCye


quinta-feira, 17 de março de 2011

Castração química para pedófilo já!



Já que comei a dar uma de revoltadinha e resolvi falar de coisas que me deixam irritada, ai vai mais uma: Pedofilia!
Esse país tem mais mulheres do que homens e um sujeito vai e ataca uma criança de 6, 7, 8, 9, 10,...
Está certo que pedofilia é crime até os 18 anos, mas tem umas meninas de 15 que mereciam ser presas!
Mas vamos falar de um pedófilo que ataca uma menina como essa do vídeo.
"Ah! Ele vai ser preso!"
Sim, se pegarem ele, pois o nosso país tem 3.286.470 quilômetros quadrados!
"Alguém vai denunciar."
Gente! A pena para quem pratica pedofilia é de 16 a 30 anos de prisão se o menor vier a morrer, caso contrário a pena pode ser estabelecida entre 2 a oito anos de prisão!
Depois disso ele pode ser solto e virar seu vizinho, morar ao lado da sua casa, conviver com seus filhos e você nunca irá saber até que ele volte a atacar.
O pedófilo é doente! Tem que ser castrado quimicamente!
Em alguns estados dos EUA, os pedófilos são cadastrados e, caso venham a mudar-se são obrigados a espalharem cartazes com seus rostos notificando todos que é um ex-condenado por crime de pedofilia.
Na minha região, tinha um que molestou, matou uma menina  e, depois de cumprir pena, retornou para a antiga casa.
Certa vez foi visto sentado na pracinha do bairro e foi a última coisa que ele fez na vida!
Quem o matou teve o trabalho de colocar um cartaz dizendo o seguinte: "Está com pena? Pedófilo solto pela justiça e prestes a agir outra vez, antes de me julgar, me agradeça por seu filho ainda estar vivo."
Eu me dei ao trabalho de ler o cartaz porque o tal sujeito andou pelas ruas do meu condomínio "se mostrando" para as crianças.
Eu juro que não senti pena alguma, pois tinha certeza que era o mesmo sujeito e só fui saber da história anterior dele porque estava no cartaz e acabei perguntando aos "curiosos" que estavam no local.
Melhor eu nem falar do alívio que eu senti, porque logo vai aparecer alguém dos Direitos Humanos dizendo que estou desobedecendo alguma lei ou que estou incitando a violência.
As leis no nosso país parece que são feitas para agradarem a opinião mundial, não aos brasileiros!
Se aparece alguém com algum projeto de lei dizendo que ex-condenados por pedofilia tem que "se apresentar" ao bairro, logo vai aparecer alguém dizendo que isso é discriminação e que ele já cumpriu a sua pena.
Por isso é que eu afirmo que os Direitos Humanos só servem para bandido se safar.
Eu até concordo com uma pena de 16 a 30 anos de prisão, desde que, se submetesse o condenado a castração química antes de soltá-lo.
Mas prometo que vou parar com essa minha fase de revoltadinha e vou voltar a produzir meus textos, pois afinal de contas, logo vem outra eleição e o povão vai continuar trocando votos por cestas básicas e teremos que aturar outro governo de corruptos e ladrões.







Vídeo e imagem: Google

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dormindo com o inimigo







Hoje, por pura falta do que fazer estava assistindo ao programa “Casos de Família” com Cristina Rocha.
Hoje estavam apresentando casos de mulheres que, supostamente, apanham de seus maridos.
Eu disse supostamente, pois todas disseram em entrevista particular que apanhavam, mas não confirmaram isso perante as câmeras e aos maridos.
Todas mostraram um medo categórico de admitir que apanhavam constantemente.
Mas o que o programa ofereceu a elas?
-“Olha, você vai lá, fala que seu marido é um crápula, que te bate todos os dias e depois sai de mãos dadas com ele e vai para casa.”
Lógico que isso não ia acontecer!
“Lei Maria da Penha nele!”
Gente, isso não é tão simples: A mulher denuncia e não tem lei que proíba o homem de entrar na casa IMEDIATAMENTE após a denúncia.
“Se ela se sentir ameaçada por ir provisoriamente para uma casa abrigo.”
Lógico, existe uma em cada bairro e com VAGAS!
Eu conheci uma mulher que, depois de apanhar 18 anos do marido (e do sogro), resolveu denunciar. Registrou 1, 2, 3 queixas, entrou com a separação de corpos (que só saiu 1 ano depois e, quando ela saiu, o marido quebrou a perna dela para comemorar).
Esses dias ainda vi a irmã de uma mulher assassinada pelo marido, mostrar 4 boletins de ocorrência!
A mulher denuncia, muitas vezes abandona a casa e vai viver com parentes e nada muda, pois não há como evitar que o agressor venha visitar os filhos e faça nova ameaça.
Muitas vezes, ainda desperta mais ódio e a situação fica ainda pior.
Mas o que fazer então?
“A senhora registrou uma queixa, um policial irá lhe acompanhar até a sua casa para que a senhora possa retirar tranquilamente seus pertences, enquanto seu esposo será trazido à delegacia para prestar depoimentos, e depois será encaminhada a uma casa de custódia, onde ficará em segurança enquanto o processo é julgado.”
Plac, plac, plac...
UTOPIA!
“A senhora registrou queixa? Então Fo...”
Uma das entrevistadas no programa de hoje chegou a se retirar quando a apresentadora revelou que ela, em entrevista que ela afirmara que o marido lhe batia todos os dias.
Se amanhã ela não fizer parte da página policial dos jornais paulistas, mãos para o céu!
Vamos parar com a hipocrisia de afirmar que a mulher tem que denunciar e que tudo vai se resolver com isso!
Não estou afirmando que a mulher não deve fazer nada, não é isso, só estou dizendo que antes de denunciar tem que se preparar para depois não ser obrigada a voltar a delegacia e retirar a queixa.
Talvez fosse o momento de se criar uma ONG para amparar mulheres que denunciam seus maridos e que não tem condição de “fugir” deles. Talvez até criar REALMENTE casas de custódias, onde mulheres ameaças fossem levadas para outro estado, com um emprego e vida nova.
Era preciso um trabalho sério de amparo à mulher em risco e não uma lei que não te garante nem mesmo um enterro digno depois da denúncia. 




Abaixo o vídeo do programa mencionado. Não deixem de assistir e dar suas opiniões.














Imagem: Google

terça-feira, 15 de março de 2011

Meu melhor poema



És minha melhor escultura,
Meu melhor poema,
Meu amor mais puro.
Vivo e respiro por ti desde que nascestes.
És a luz que ilumina meu dia
E a lanterna que me guia à noite.
Teu sorriso me faz caminhar mais um dia,
E seguir teu caminho.
Sem ti não estaria mais a caminhar,
Sem ti não teria mais forças.
Eu te dei a vida, 
Quando me devolvestes a minha.
Amo-te incondicionalmente, 
Amo-te mais do que a mim.
Desculpa-me por não ser o que esperavas,
Mas, nunca te perdoarei por não seres. 






Feliz Aniversário, meu filho!










Foto by Edmilson Borret

segunda-feira, 14 de março de 2011

Apoiando a campanha do blogger Casa Azul da Literatura



EU APOIO ESTA TROCA:
TROQUE 01 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

O salário de 344 professores que ensinam = ao de 1 parlamentar que rouba



Texto original em: http://casaazuldaliteratura.blogspot.com/





Imagem: Google

sábado, 12 de março de 2011

Eugênio era um gênio





Eugênio era um rapaz que não fazia tanto sucesso assim com as mulheres: Era branquinho, gordinho e nenhum pouco bonito.
Talvez por isso, quando alguma desavisada caía na sua lábia, ele fazia questão de humilhá-la.
Falava para todos que era garanhão, mas a verdade é que estava sempre sozinho em seu quarto desenhando mulheres crucificadas ou sodomizadas.
Não se sabe muito bem por que Eugênio tinha essa necessidade de minimizar o sexo feminino. Talvez não tenha tido uma boa relação com a mãe e as duas irmãs mais velhas.
Talvez, por elas serem tão mais velhas, o tivessem tratado como algo tão infantil e insignificante, que quando tenha atingindo a adolescência, tivesse achado que era mais importante e melhor que elas, já elas estavam velhas.
Eugênio não conseguia manter um relacionamento por muito tempo e culpava as mulheres por isso.
No colégio era sempre ridicularizado pelos amigos e não conseguia ter uma amizade consistente, daquelas que duravam anos. Apenas as garotas queriam ser suas amigas, o que fazia com que seu ódio aumentasse ainda mais pelo sexo feminino.
Eugênio era realmente uma pessoa que, para quem tinha um relacionamento superficial com ele, parecia gentil demais para ser verdade, mas era só conhecê-lo melhor que se percebia que gentileza era só um meio para que ele conseguisse o que queria das pessoas.
Quando Ana surgiu na vida de Eugênio, ele era só sorrisos, mas bastava ser contrariado que fazia da vida de todos em sua volta um inferno!
Algum tempo depois deixava de fazer algo que Ana quisesse muito, só de maldade.
Após o casamento, o homem gentil quase que desapareceu por completo, aparecendo apenas quando ele precisava de Ana.
Na maioria do tempo Eugênio mostrava a Ana o quanto ela era desprezível e pequena.
Eram tantos elogios que Ana acabou acreditando que realmente não prestava realmente para nada e, aos poucos, foi se afastando de tudo, parou de se arrumar, perdeu o emprego e passava horas em frente da TV bebendo e fumando.
Ana se arrastava pela casa, enquanto Eugênio dizia o quanto seria bom “se livrar” dela e o quanto ela feia, alcoólatra e cheirava a fumo.
Certo dia, enquanto assistiam a um filme, Ana foi ao banheiro e, ao lavar as mãos, deixou sua aliança cair na pia.
Eugênio não acreditou na esposa.
Disse que ela tinha jogado fora de propósito.
Ana tentava se desculpar e explicar, mas Eugênio estava irredutível!
Foi quando Ana tentou segurar no braço de Eugênio e esse a empurrou escada a baixo.
Enquanto Ana agonizava ao pé da escada, Eugênio deu um sorriso, desceu calmamente cada degrau da escada olhando fixamente para ela, saltou seu corpo imóvel e saiu pela porta, voltando horas depois.
Quando a ambulância dos bombeiros chegou Eugênio chorava copiosamente no ombro de Márcia, melhor amiga de Ana, que tinha chegado minutos antes dele e tinha chamado por socorro.
Márcia estava mesmo impressionada com o amor que  Eugênio sentia por Ana.






Imagem: Google

Agradeço de coração





Gostaria de agradecer à todos que passaram por aqui e deixaram seus comentários, ou não.
A todos que não acham esse espaço uma perda total de tempo.
Eu amo vocês!
Beijos.






Imagem: Google

quarta-feira, 9 de março de 2011

"Uh! Sai da frente! Sai que o Monobloco é chapa quente"

Esse é meu Rio de Janeiro!








13/03 na Rio Branco



Data: 13/03/11
Região: Centro
Bairro: Centro
Percurso: Concentra na Pres. Vargas esq. Av. Rio Branco indo até Cinelandia
Duração: 07h até 13h

http://rioguiaoficial.com.br/carnaval/blocosderua/

domingo, 6 de março de 2011

Encontros e desncontros







As famílias de Paula e Marcos moravam na mesma vila no Cosme Velho.
Os brincavam juntos todos os dias após o colégio, já que Marcos era dois anos mais velho que Paula e estava duas séries acima e não se viam na escola.
Depois era a maior bandeira meninos de 10 anos brincarem com meninas de 8. Ele poderia até ser chamado de boiolinha.
Marcos não entendia bem por que, mas gostava de brincar com a sua amiga da vila.
No final do ano, a família de Paula mudou-se para Niterói, deixando Marcos triste e sozinho.
Paula deixara num papelzinho o seu endereço, mas Marcos não sabia muito bem o que fazer com ele.
Três anos se passaram e Marcos resolveu escrever para Paula, que lhe mandou o seu telefone.
Passaram a se falar por telefone e, quando Marcos tinha idade para poder andar sozinho, pegou um ônibus e foi até a casa da Paula em Niterói.
Os encontros passaram a ser mais freqüentes e eles acabaram namorando.
Os anos se passavam e os dois não se largavam.
Já adultos, os dois se encontravam 4 vezes por semana, sendo que aos sábados usavam o carro de Paula e Marcos ia de ônibus para o Rio.
Como queria ficar até o último minuto com Paula, Marcos passou a pegar o último ônibus que partia para o Rio.
Sempre chegava cedo e encontrava as mesmas pessoas, mas uma figura habitual chamava a atenção de Marcos: Um travesti vestido de Merilyn Moroe.
Marcos não queria olhar, mas a estranha figura sempre lhe chamava a atenção.
Era sempre a mesma coisa: Marcos chegava, 10, 15 minutos depois a estranha figura se colocava atrás dele.
Sábado, após sábado, Marcos ficava imaginando de se Merilyn estava chegando ou indo. Se acabara de fazer algum show ou se estava indo para um.
Um dia olhou tão intensamente para “ela” que chegou a chamar a atenção da “moça” que lhe perguntou com uma voz máscula e irritada:
- Qual é? Tá me encarando por quê? Quer comprar?
Marcos balançou a cabeça negativamente e depois a abaixou envergonhado.
Um determinado grupo que ficava sentado em frente ao ponto de ônibus acompanhou todo o diálogo e caiu na gargalhada, o que deixou Marcos ainda mais envergonhado.
No sábado seguinte Marcos entrou na fila já de cabeça baixa e permaneceu assim até entrar no ônibus, foi quando percebeu que Merilyn se atrasara e fora a última a entrar no ônibus.
Quando Merilyn estava no último degrau, um dos rapazes que ficava em frente ao ponto de ônibus resolveu passar a mão nela, já com o ônibus quase em movimento.
Merilyn esbravejou, urrou, mas o ônibus já tinha entrado em movimento.
Foi assim durante todos os sábado daquele mês: Merilyn chegava atrasada, subia todos os degraus e... Zás! Passavam a mão em sua abundância!
O motorista parecia conhecer todos que pegavam o ônibus naquele dia e hora, pois certas vezes atrasava a sua saída “esperando” esse ou aquele passageiro.
No mês que se seguiu, Merilyn não apareceu e Marcos julgou que a “estrela” tenha se cansado da “brincadeira” e tenha arrumado outro meio de transporte, mas, no outro mês lá estava ela, só que parecia estar mais “cheinha” nos seios.
Lá estavam os rapazes para, novamente fazer a brincadeira de mau gosto. Só que dessa vez, o motorista demorou a arrancar, Merilyn desceu os degraus, deu dois socos no engraçadinho e voltou para dentro do ônibus que a aguardava.
Todos os passageiros aplaudiram Merilyn que, depois daquele dia nunca mais foi vista por nenhum dos passageiros do meia noite para o Rio.


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