quinta-feira, 28 de abril de 2011

Revanche - Lobão







Eu sei que já faz muito tempo que a gente volta aos princípios
Tentando acertar o passo usando mil artifícios
Mas sempre alguém tenta um salto, e a gente é que paga por isso, oh!
Fugimos prás grandes cidades, bichos do mato em busca do mito
De uma nova sociedade, escravos de um novo rito
Mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso?
Quem é que vai pagar por isso? Quem é que vai pagar por isso?
Quem é que vai pagar por isso?

Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais ...

A favela é a nova senzala, correntes da velha tribo
E a sala é a nova cela, prisioneiros nas grades do vídeo
E se o sol ainda nasce quadrado, e a gente ainda paga por isso
E a gente ainda paga por isso, e a gente ainda paga por isso
E a gente ainda paga por isso

Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais ...

O café, um cigarro, um trago, tudo isso não é vício
São companheiros da solidão, mas isso só foi no início
Hoje em dia somos todos escravos, e quem é que vai pagar por isso
Quem é que vai pagar por isso? Quem é que vai pagar por isso?
Quem é que vai pagar por isso?

Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche 















Para os mais novinhos e para para os que não conhecem a história, Lobão compôs essa música após ser preso por posse de uma grande quantidade de drogas. Aliás, compôs enquanto estava preso.
Contam as más línguas que o Lobão, embora preso, ficava circulando pela delegacia, pois era bom em consertar coisas, como gavetas quebradas, mas isso pode ser apenas história.
O clipe apresentado pelo Fantástico também fora gravado dentro da cadeia.
O Lobão sempre foi uma figura muito polêmica e que nunca teve medo de dizer o que pensava. Talvez, por isso, tenha incomodado muito gente e não tenha se tornado "o queridinho" da década de 80.
Mas, afinal, o que eu quero com tudo isso?
Bem, eu gostaria de tentar o que eu estou sentindo.




Eu sou fumante já faz muitos anos e acontece que meu marido parou de fumar e eu achei que poderia fazer o mesmo. Não posso, não nesse momento, não da mesma maneira que ele fez.
Nicotina é droga e causa dependência e eu não posso simplesmente parar e ficar sentada vendo um filme passar até que não sinta mais vontade de fumar. Tem gente que depende de mim, tem os cachorros que dependem de mim.
Bem tem um método usado pelas maioria dos terapeutas que tem por objetivo diminuir  até que fumar seja mais desagradável do que agradável.
Não pense que isso faz com que a pessoa não tenha nenhum efeito colateral, apenas tem menos drasticamente. 
Eu estou desempregada, sem disposição e chateada demais para fazer qualquer coisa!
Abandonar de vez o cigarro, nesse momento seria o mesmo que indução ao suicídio!
Eu estou reduzindo e sei que isso tem prazo para acabar totalmente, mas, por hora, quero desfrutar da minha "cortina de fumaça" mais um pouco, afinal, é "o meu companheiro da solidão".

terça-feira, 26 de abril de 2011

Uniformes Kid Abelha


Eu ouço sempre os mesmos discos
Repenso as mesmas idéias
O mundo é muito simples
Bobagens não me afligem
Você se cansa do meu modelo
Mas juro, eu não tenho culpa
Eu sou mais um no bando
Repito o que eu escuto
E eu não te entendo bem

E quantos uniformes ainda vou usar
E quantas frases feitas vão me explicar
Será que um dia a gente vai se encontrar
Quando os soldados tiram a farda pra brincar


A minha dança, o meu estilo
E pouco mais me importa
Eu limpo as minhas botas
Não sou ninguém sem elas
Você se espanta com o meu cabelo
É que eu saí de outra história
Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa
E eu não te entendo bem


http://www.vagalume.com.br/kid-abelha/uniformes.html#ixzz1KgaJ6fAe


Eu estava procurando o vídeo dessa música no site you tube, quando encontrei uma montagem de fotos feita com ela e o que me chamou a atenção foi a descrição feita pela pessoa que a publicou.
A pessoa dizia se tratar da história de um soldado!!!!
Lógico que a pessoa que falou tal coisa não conhece o sentido figurado das palavras ou pouco entendeu da música.
Então, vamos lá!


Eu ouço sempre os mesmos discos
Repenso as mesmas idéias



Pessoas que seguem um tipo de modismo ou são adolescentes - o que dá no mesmo - fazem isso. Ouvem sempre as mesmas coisas e pensam da mesma maneira para não ser diferente do grupo, para ser aceito.




O mundo é muito simples
Bobagens não me afligem



Realmente o mundo é muito simples se você segue um modelo pré-definido, sem questionamentos, sem conflitos.


Você se cansa do meu modelo
Mas juro, eu não tenho culpa
Eu sou mais um no bando
Repito o que eu escuto



Só o resumo de tudo que eu já havia dito.

E eu não te entendo bem



Talvez porque essa pessoa pertença a outro bando, seja diferente.


E quantos uniformes ainda vou usar


Talvez aqui seja o "X" da questão, quando é colocada a palavra uniforme, ela não está em seu sentido literal, mas podemos identificar um  Punk, um Rockeiro ou um pagodeiro pelas suas vestimentas.


E quantas frases feitas vão me explicar


Outra coisa de "bandos": maneira de falar, gírias próprias.




Será que um dia a gente vai se encontrar
Quando os soldados tiram a farda pra brincar



Será que um dia a gente vai se encontrar quando não usarmos mais uniformes diferentes, será que nos encontraremos quando as máscaras cairem... 


A minha dança, o meu estilo
E pouco mais me importa



Mais uma vez aparece a "marca" do "bando", da turma a que pertence.


Eu limpo as minhas botas
Não sou ninguém sem elas



A coisa do "soldado", caiu como uma luva, pois soldados seguem ordens, mas entender a coisa das botas sem ter vivido na década de 80 e ter participado da coisa toda é realmente difícil.
Havia um estio usado na época com booties - que hoje eu acho simplesmente horríveis - como a Madonna em "Who's that girl".
Eles eram usados com absolutamente tudo, até com vestidos e saias e havia uma versão masculina também, embora eu achasse meio gay.


Você se espanta com o meu cabelo


Sem comentários, né gente!
É só dar uma passada pela década que a gente pensa que todo mundo saiu de uma linha de montagem, todos com aqueles ninhos de passarinho na cabeça!


É que eu saí de outra história


Mostra claramente que a pessoa pertence ou a outra geração ou pertence a outra tribo.


Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa
E eu não te entendo bem



Outra febre na época eram as camisetas com as bandas que faziam sucesso e, mais uma vez vemos que o autor está falando com uma pessoa mais velha ou de outra "tribo" - o que pode dar absolutamente no mesmo.




Eu podia ter falado isso para o meu pai quando pintei meu cabelo de azul e ele perguntou quanto tempo ia demorar para eu voltar a ser normal.
Tadinho, morreu sem ver isso acontecer...

A Liga



No dia 05/04, no programa A Liga, os seus integrantes resolveram passar 24 horas nas ruas. O apresentador Rafinha Bastos, fez mais que acompanhar moradores de rua, ele se transformou em um por 24 horas.
Há alguns anos, o apresentador Gugu Liberato se vestiu de mendigo e passou um dia pedindo dinheiro no centro de São Paulo e conseguiu arrecadar um dinheiro considerável.
Lógico que o objetivo do quadro do Gugu era para desestimular as pessoas a darem gorjetas e acho que funcionou, pois o Rafinha não conseguiu nem o suficiente para comer.
Que eu sabia que havia uma legião morando nas ruas das grandes metrópolis, eu já sabia, mas ainda não tinha visto nenhuma reportagem tão real como essa, pois "A Liga" faz mais do que falar em estatística, eles vivenciam o problema, chegando a dormir na rua.
Não sei se há mais gente morando nas ruas, ou se as pessoas realmente pararam de dar esmolas, mas a verdade é que a gente pensa que quem mora nas ruas ganha, muitas vezes mais do que um trabalhador, mas o que eu vi é que isso não é verdade.


(Foto Revista Veja)



Como eu moro no Rio de Janeiro e já trabalhei no centro da cidade, sei é muito comum ver vários meninos dormindo nas portas das lojas, ainda fechadas.
Muito difícil essa situação, pois, na maioria das vezes, mandá-los de volta para a família é ainda pior e, como não se pode prendê-los e nem obrigá-los a ficar em nenhuma instituição, eles crescem por ai.
As pessoas não estão somente nas ruas, elas estão invisíveis socialmente.
Do jeito que as coisas estão caminhando em nosso país, logo o nosso país estará repleto de pessoas invisíveis, pois hoje somos apenas força de trabalho, amanhã...




Se tiverem tempo, vejam os vídeos.









domingo, 17 de abril de 2011

Piada sem graça






Aracy era uma pessoa bem humorada e que vivia contando piadas.
Fazia piadas com o chefe, com os amigos, com os parentes, enfim, com todos.
Certa vez, o seu chefe lhe chamou em sua sala muito irritado e apontava o dedo em rosto enquanto falava.
Aracy não resistiu e mordeu o dedo do chefe.
As irmãs morriam de vergonha dela, pois Aracy não respeitava casamentos, batizados e velórios. Em todos os lugares em que ia sempre tinha um repertório imenso de piadas que fazia todos rirem sem parar.
Quando a cunhada de sua irmã faleceu, a família encomendou o velório em um sobradinho de escadas estreitas no centro de São Paulo.
Aracy pegou um taxi, foi à casa de uma irmã para buscá-la e foi para o tal velório.
Como era de praxe, as irmãs se aproximaram do caixão para olhar a falecida para fazerem os comentários habituais sobre a qualidade do caixão, tipo de flores, roupa que colocaram na falecida...
A sala era meio apertadinha, mas Aracy arranjou um lugar para sentar ao lado de sua irmã e logo começou a lembrar de piadas sobre velórios, defuntos e viúvos.
Não demorou muito para a família “se juntar” em volta dela para ouvir as tais piadas.
O grupo estava a gargalhadas e a família da falecida já estava olhando feio para eles.
Foi quando uma das sobrinhas de Aracy chegou com olhos arregalados e comunicou:
- Tia, a senhora está contando piada tão alto que até a falecida está rindo!
- Como assim? – perguntou Aracy.
- É verdade!  Acabei de passar pelo caixão e tive a impressão de que ela riu para mim. – afirmou a sobrinha.
Aracy levantou discretamente e foi conferir.
Quando voltou, Aracy estava com a cara mais assustada desse mundo.
Aracy chegou bem perto do ouvido da irmã e falou para ela não se assustar e se levantar bem devagarzinho para irem embora, pois teve a impressão de ver a  morta se mexendo.
Luciana, achando ser mais uma piada da irmã, não deu ouvidos e continuou sentada onde estava.
Não demorou muito as duas ouviram um grito de horror, olharam para o caixão e a falecida estava sentada nele.
As pessoas ficaram enlouquecidas começaram a se espremer pela escada apertadinha, se acotovelando, se empurrando e as duas irmãs ficaram quietinhas em suas cadeiras esperando a confusão acabar.
Luciana tapava o rosto com medo que a morta falasse ou tentasse mais alguma coisa além de sentar.
A polícia foi chamada, o corpo de bombeiros foi chamado, pois na tentativa de saírem todas ao mesmo tempo, muitas pessoas ficaram machucadas e um senhor de idade avançada teve um infarto.
Após o término da confusão, Aracy chegou perto do corpo e viu que tudo não passou de um espasmo, já que ela morrera em sua cadeira de balanço e o corpo estava voltando à posição em que morreu.
Pelo sim, pelo não, desse dia em diante Aracy nunca mais contou piadas em velórios, vai que o defunto resolva sentar para ouvir.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Anonimato






José Feliciano era menino franzino.
Vindo da Paraíba com seus pais para morar na Favela do Peixe, no Rio de Janeiro, não sabia ler nem escrever, mas já sabia o que era sofrimento.
Era o único filho que sobreviveu à fome da seca e a única esperança de seus pais sofridos.
Seu pai, Pedro, trabalhava na obra do metrô e sua mãe Maria, como tantas Marias, trabalhava em casa de “madame”.
Zézinho foi para escola “para ser doutor”, mas tudo que conseguia era que as outras crianças fizessem chacota dele.
O menino cresceu.
A mãe morreu de “bala perdida”, o pai se entregou à bebida e morreu de desgosto.
Um dia o José comprou uma arma, invadiu a câmara de deputados do Rio de Janeiro e matou trinta e cinco pessoas até que fosse detido e suicidassem ele.
Antes de morrer ele lembrou-se que tudo que ele sonhava quando era criança era poder ser doutor e comprar uma casa para os pais dele morar.




Imagem: Google

Encontro de primavera






Foi no velório de Márcia que João e Adriana se encontraram.
Adriana tinha sido madrinha do casamento dos dois e agora Márcia se fora, deixando um vazio na vida dos dois e da pequena Angélica, que mal entendia o que estava acontecendo.
- Mamãe está no xéu – dizia a pequenina para todos.
Adriana passou a visitar a pequena quase todos os dias e João se acostumou com a sua presença pela casa.
O tempo passou e, após dois anos de convivência, João e Adriana resolveram se casar e acabar de criar a pequena Angélica juntos.
Embora não quisesse tirar a pequena da sua confortável casa, Adriana achou melhor não viver na mesma casa que a amiga e resolveu vender a casa e mudar-se para um bairro mais afastado, porém mais calmo.
Logo que chegaram com a mudança caiu uma tempestade.
Adriana achou que era sinal de boa sorte, pois a chuva lavaria tudo que ficou para trás, mas logo um vento forte bateu fazendo com que a veneziana batesse na parede do lado de fora, quebrando-a e fazendo com que a chuva entrasse e molhasse várias caixas com roupas e livros.
Adriana ficou chateada, mas acabou se conformando.
Adriana e João levaram semanas para colocar todas as coisas no lugar, mas se sentiam felizes, pois finalmente tinham espaço para fazerem um belo jardim.
Aos finais de semana, a família saia para comprar mudas para plantar em seu quintal.
Apenas três meses após a sua mudança, a bóia da caixa d’água estourou e, mais uma vez, tudo ficou alagado e novas perdas vieram.
Os problemas com vazamentos pareciam insolúveis!
Foi quando começaram os problemas na parte elétrica da casa.
Adriana e João não entendiam como uma casa recém construída podia dar tantos problemas, mas ainda assim tentavam resolver.
Mal “tapeavam” um problema, aparecia outro e mais outro.
A umidade da casa acabou sendo favorável aos cupins que destruíram todos os móveis da casa.
Adriana não conseguia mais trabalhar! Estava mesmo desanimada! Tinha dias que mal conseguia se levantar da cama.
Logo começaram as brigas. O casal não se entendia mais.
Os problemas se acumulavam, o belo jardim ficava cada dia mais abandonado, o tempo passava e Angélica crescia sem que ninguém desse conta disso.
Nada mais parecia normal!
Adriana começou a beber, fumar demais e pouco se importava mais com nada, pois, por mais que tentasse fazer, algo sempre dava errado e nunca conseguia ter uma vida normal.
Eles perderam tudo, até sua dignidade.
Os anos passaram e Adriana só se deu conta disso quando Angélica veio lhe contar que estava grávida.
Tudo parecia um caos na vida daquela família até que a criança da Angélica nasceu.
Quando Angélica entrou com sua linda menina pela porta foi como se uma imensa luz clareasse todo o ambiente.
Adriana e João se olharam e não se reconheceram, pois tinham envelhecido enquanto lutavam para permanecer vivos.
Nunca mais os problemas se eternizaram e a luz emanada da pequena Jéssica trouxe paz para a vida daquela família.



Imagem: Google

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tiroteio em escola Municipal do Rio de Janeiro.





A Escola Municipal Tasso da Silveira estava comemorando 40 anos de fundação e, por isso, convidou alguns ex-alunos para fazer algumas palestras.
E foi essa a desculpa que Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, usou para passar pela portaria da escola.
Wellington chegou a ser reconhecido por uma professora de literatura.
Wellington disparou várias vezes contra os alunos e chegou a recarregar a arma várias vezes.
Treze alunos, a maioria do sexo feminino, foram mortos e vinte e três ficaram feridos.
Isso aconteceu às 8:30 da manhã!
O votivo de tanta violência nunca saberemos, porque após ser atingido, Wellington se suicidou. 
Agora vão aparecer zil teorias sobre o que levou essa criatura a fazer isso, mas o fato é que coisas como essa acontecem vez por outra sem explicação.
Muitos tentarão justificar o injustificável, pois nada é mais valioso do que a vida de uma pessoa e, os alunos que foram mortos não foram sequer seus companheiros de classe, nem mesmo o conheciam.
Agora parem e pensem: Você manda o seu filho para o colégio e pensa que ele está seguro e depois fica sabendo que uma tragédia dessas aconteceu.
E esse não foi o único ataque que aconteceu no dia de hoje, pois uma bomba foi jogada em um colégio em Campo Grande, mas, felizmente, não houve maiores conseqüências.
Lógico que, por algum tempo, as escolas municipais passarão a ser mais policiadas, mas quem garante que o mesmo não possa acontecer em uma escola estadual ou mesmo particular.
Será que teremos que instalar detector de metais em todas as escolas do estado?
Chegaremos ao absurdo de revistar cada pessoa que seja estranha ao colégio simplesmente porque não temos mais confiança em ninguém?
E os professores?
Como será que se sentem com o fato?
Professor ganha mal, trabalha mais do que qualquer outra categoria para tentar sobreviver, muitas vezes dá aula em área de risco e, agora, não se sente seguro nem em sala de aula.
Eu estou realmente assustada com o fato, pois nada prova que amanhã o ataque não possa ocorrer na escola do meu filho, pois fatos ruins passaram a ser imitados aos montes!
Ainda foi outro dia que um ex-marido, rejeitado, ateou fogo na casa da ex-mulher. Hoje o fato já se tornou corriqueiro e, causa muito pouco impacto, se comparado ao primeiro.
Meu medo é que surja um novo ataque a cada semana e que o fato se torne tão corriqueiro que nem assuste mais a população.
No mais, só podemos esperar que o fato não ocorra mais e que não surja nenhum imitador louco!

quarta-feira, 6 de abril de 2011



O brilho da noite ofusca mentes,
Trazendo à tona segredos da solidão.
A dor do vazio da alma enlouquece,
Deixando na boca o gosto do segredo.
As horas passam, o sono não chega,
Apenas o vazio no peito dói cada vez mais alto.
Fechar a janela, puxar as cortinas,
Nada adianta quando as palavras giram tontas no ar.
Amanhece, o dia insiste em nascer.
A mente suspira por não estar mais só,
E adormece protegida pela luz.









Imagem: Google
Vídeo: "Sempre não é todo dia" - Oswaldo Montenegro - You Tube

terça-feira, 5 de abril de 2011

Vai Passar - Chico Buarque



Vai passar
Nessa avenida um samba
popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram
sambas imortais
Que aqui sangraram pelos
nossos pés
Que aqui sambaram
nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa
história
Passagem desbotada na
memória
Das nossas novas
gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão
distraída
Sem perceber que era
subtraída
Em tenebrosas
transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo
continente
Levavam pedras feito
penitentes
Erguendo estranhas
catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)

Palmas pra ala dos
barões famintos
O bloco dos napoleões
retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma
cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório
geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório
geral
Vai passar


http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/vai-passar.html#ixzz1IeZl4Bt3





Vai passar não, está passando o trem da alegria dos tempos modernos!
Todos que lutaram contra a corrupção são os corruptos de hoje!
Quero sair da Matrix!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mais uma que não dá para entender....





A cantora terá verba de 1,35 milhões para fazer um blog com 365 publicações!!!
É isso ai, blogueiros!
Dizem que ela não recebeu o dinheiro, mas teve autorização para captar a verba com empresas interessadas em financiar o projeto.
Segundo o governo, qualquer cidadão com uma idéia que venha a incentiva a cultura tem o direito a fazer a mesma coisa!!!
Amigo blogueiro, quantos anos tem seu blog?
Quantas vezes jogou pérolas aos porcos e teve que aturar comentários absurdos até ter que censurar seus comentários?
Parece realmente que os que ansiavam pelo fim da ditadura e pelo governo do PT realmente desistiram de lutar por uma sociedade melhor e resolveram mamar direto nas tetas da corrupção!
Impossível lutar contra o sistema!
Quem era o nosso ministro da cultura no governo Lula?
Quem é a atual ministra?
Estão todos ai.
Sofreram na ditadura, muitos foram exilados, mas agora todos estão mamando nas tetas.
Digo mais: O PT não sai do governo nunca mais!
A educação desse país não é suficiente para formar seres pensantes e, se forma, está mais preocupado “em cair fora” ou sobreviver, ganhar dinheiro, dar de comer a família!
Que venham as mulheres frutas e os Tiricas da vida, pois eu já envelheci e estou saindo do cenário em breve!
Gostava mesmo quando o voto era de papel, pois além de votar nulo podia manifestar minha revolta, agora nem isso!
Quer saber?
Estou mesmo revoltadinha...
Vocês me prometeram um país melhor, eu lutei pelo grêmio livre, pelas diretas já, pela UNE e agora estão mamando nas tetas?
Vão se fuder!
Desculpem-me meus leitores, mas o sangue italiano falou mais forte.
Peço para sair da matrix e levar um tiro na testa que para mim já chega!






http://extra.globo.com/tv-e-lazer/blog-de-maria-bethania-cria-polemica-no-twitter-1324456.html

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Gordo é o novo preto - Leo Jaime





Quando Felipe França aqui desembarcou com 3 medalhas, uma de ouro e duas de bronze,  vindo do último campeonato mundial de piscinas curtas, o que se comentava era seu peso. Com 100 KG e 14% de percentual de gordura ele era mais do que um grande atleta:  era a prova de que condicionamento e forma física não são necessariamente a mesma coisa.
Tenho os mesmos 14% de percentual de gordura. Ao longo dos anos fui aumentando de peso sem aumentar o percentual. A barriga cresce e é lá que guardo a perigosa gordura visceral. Estou sempre lidando com esta questão médica, e chata, mas tenho me mantido em forma e aumentado o peso magro, ou seja, adquirido músculos com muito exercício. Portanto, posso dizer que estou bem condicionado. Dito isto, vamos ao real incômodo da minha condição. Chega de me justificar. Detesto fazer isto.
Ao longo dos anos ouvi, e ainda ouço, inúmeros “nãos” profissionais com a justificativa de que minha aparência não é boa, preciso perder peso, pareço decadente etc. Passei 18 anos sem gravar um CD com minhas composições, e percebi que ninguém se interessava em sequer ouvir as novas canções. Embora eu já tivesse emplacado várias no nosso cancioneiro, parecia que estava claro para todo mundo que a minha barriga tinha substituído o meu talento.  Curiosamente o público nunca acreditou nisso e continuou a me tratar com carinho. Durante este tempo todo! Coleciono mais sucessos que fracassos  em tudo o que fiz no teatro, shows, TV, rádio ou em textos publicados na imprensa ou divulgados na internet. Considero ter conseguido vencer a resistência, mas não posso negar que ela exista e é muito forte. “Nadando contra a corrente, só pra exercitar”...
Voltando ao início: se um atleta pode ser medalha de ouro estando “acima do peso” seria correto dizer que existe um “peso” ideal? Nas olimpíadas os atletas têm os mais variados tipos físicos e, sim, alguns são “gordos”. Mas vamos olhar por outro ângulo.
Quando a adolescente lourinha matou os pais a pauladas em São Paulo, o comentário mais ouvido era “Como foi que uma moça tão bonita fez uma coisa dessas?” Como se gente bonita não matasse ninguém. Claro, os comerciais de TV só mostram rostos perfeitos, e todo mundo entende que são pessoas perfeitas. Será? Quando vi pela TV os bandidos fugindo da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão não me lembro de ter visto um bando de gordinhos. Eram até bem atléticos e “magros”.
O título deste artigo se refere a um movimento americano, “Fat is the new black”. Repare que a tradução não é “o novo negro” mas sim “o novo preto”. É uma expressão do mundo da moda: o novo preto é aquilo que parece ser a óbvia boa escolha; o que não tem erro: o pretinho básico. Ainda que seja óbvia a sugestão de que gordos são, para muitos, “the nigger of the world”, o que o tal manifesto combate ferozmente.   
A maior parte da população do mundo está acima do “peso”, se é que existe um “peso”, e todos vamos ter que nos adaptar a esta realidade. Todos são ou vão ser gordos, ou gostar de um gordo, ou admirar um gordo, ou ter prazer com um, seja em que nível for. Conviva com esta idéia, amigo ou amiga. Não são os bonitos os que vão lhe dar prazer, mas aqueles que querem lhe dar prazer e vão se esforçar para que você se dê conta disto. E, acredite, portadores de deficiências, magrinhos, carecas, altos, baixos, estão todos no páreo. O desejo transcende a forma. Beleza é uma coisa, gostosura é outra.
Neste manifesto (fat is the new black) americano há uma série de perguntas do tipo: você diria a alguém “Olha, você até tem um rostinho bonito, só precisa engordar uns quilinhos. E você sabe muito bem como, não é? É só ter um pouco de vergonha na cara”? Não diria. Por que, então, dizer o contrário parece razoável? E nem chamaria o Keith Richards ou a Amy Winehouse de decadentes porque eles andam muito magros.  Talento, voz, criatividade, profissionalismo, nada disso tem a ver com peso ou aparência física. Será difícil entender isto?
Há um grande, um enorme preconceito. Este sim está muito acima do peso. E parece que o preconceituoso professa sua maledicência com a generosidade dos santos: é para o seu bem! Uma ova! O preconceito contra os gordos é o único tolerado hoje em dia. Ou contra os feios, vá lá! Está claro que, ao contrário do que a arte, através dos séculos estabeleceu,  a partir de 1968 (com Twiggy) ser magricela é que é o tal. As formas arredondadas foram para o brejo depois de 25 vigorosos e rotundos milênios alimentando desejos e fantasias da alma humana.
Elvis é um dos meus heróis e eu prefiro sua fase mais madura. Quando diziam que ele estava decadente, embora cantasse como nunca. Um dia desses uma criança mal-educada quis ensinar ao meu filho que as pessoas ou eram magras ou eram gordas, e as magras eram melhores. Ainda bem que ele esqueceu em um segundo. Quando meu filho olha para mim vê o que eu sou para ele. Quando meu público olha para mim, acontece a mesma coisa. E o resto? O resto que vá para o inferno.
Eu digo que pra mim existem dois tipos de mulher: as que gostam de mim e as outras. E juro que as que gostam de mim são muito mais interessantes. Mulheres, parem com essa obsessão de perder dois quilos! Homens gostam de mulheres companheiras, bem humoradas e boas de cama. Homens, atenção!  Quem repara demais na celulite das moças acaba preferindo bunda de rapaz. Não que eu tenha algo contra isto.  Cada um que descubra o que lhe apraz.
Brincadeiras à parte, deixe-me concluir. Não é preciso aceitar, mas tolerar. Eu é que não sei se tenho estômago para tolerar esse preconceito. Por exemplo: ver o Ronaldo Fenômeno chorar ao despedir-se cortou-me o coração. Seu corpo não o venceu, o preconceito sim.  Aturar anos de humilhação é duro até para os heróis.



Leo Jaime





A princípio eu pensei em publicar simplesmente o texto sem fazer comentário algum, mas depois achei que deveria, ao menos expor o que penso.
O Leo é contemporâneo do Dinho Ouropreto do Capital Inicial e, olha (ah!) eles estão sempre no BBB!
Só porque o Dinho é magro continua na moda!
Outro dia estava esperando por meu marido, encostada na entrada do shopping, mau humorada por que tinha comprar um novo jeans, e fiquei prestando a atenção nas pessoas que passavam por mim e, a cada 10, 9 estavam fora do peso!
Eu, por exemplo, sempre fico irritada quando tenho que comprar um jeans novo, pois, apesar de pesar pouco, o que serve na cintura, não fecha o ziper por causa do quadril e o que passa no quadril, fica largo na cintura. 
Apesar de eu pesar os mesmos 45kg da minha juventude, o 36 não me entra mais!
A a idade pesa para baixo, está certo que a força da gravidade vence a gente com o tempo, mas eu não vejo mais nenhuma garota de 15 anos cabendo em um 36!!
Mas voltando a vaca fria...
Eu ouvi o Leo falando no programa da Leda Nagle que, mesmo para os politicamente corretos, fazer piada ou discriminar pessoas gordas é normal!
A ditadura da boa saúde é incrível!
A colher de maionese tem apenas 40 calorias!
Quem disse que eu quero a maionese "magra"? Eu quero a maionese saborosa!
Hoje em dia eu sou obrigada a manter a forma, a aceitar aquela igreja com aqueles auto-falantes imensos, a ter uma religião, não posso brigar com meu vizinho porque ele pode me acusar de racismo, mas o gordo eu posso discriminar!
Tem até várias maneiras de se discriminar as pessoas que estão acima do peso:


1 - Se o sujeito for gente boa e você gostar dele faça assim:


Quando alguém não souber onde fica um determinado local indique da seguinte forma:
É logo depois da casa daquele "gordinho ali".


2 - Se for aquela vizinha fofoqueira, faça assim:


É depois da casa daquela gorda!


3 - Se for aquela vizinha realmente insuportável:


Logo ali depois da casa daquela gordona!


Está certo que "todo reprimido é um repressor em potencial", mas gente, negar emprego a alguém porque está acima do peso já é demais!
Quando a imprensa toda "caiu de pau" no Ronaldinho porque ele estava gordo todo mundo achou legal.
É, é isso ai! Vamos fazer piada com o "cara" porque ele é gordo!
Mas quando Ronaldinho, vencido pelo preconceito, chorou ao se despedir do futebol, ninguém achou a menor graça!
Então vamos deixar de babaquice de dizer que no Brasil não existe preconceito, pois existe sim!
E se você, politicamente correto, também riu de alguma piada sobre o Ronaldinho, saiba que você é a mais medíocres das criaturas, pois o seu preconceito é velado! 
E para terminar, um vídeo do Leo Jaime, para mostrar o quanto ele é competente!








Vídeo: You Tube
Imagem: Google