quarta-feira, 7 de maio de 2008

O caso Nardoni e a comoção social




Todas as vezes que acontece uma tragédia dessa proporção eu prefiro me colocar numa confortável posição de distanciamento. Entretanto a tv não nos deixa esquecer um só minuto do caso. A toda hora nos chegam mais notícias sobre o andamento do caso.
Pensar que uma criança caiu no sexto andar de prédio já é comovente, mas pensar que essa criança foi jogada por uma janela que tinha tela de proteção é ainda mais difícil de aceitar.
Eu não sou da polícia, as notícias que me chegam são apenas as repassadas pela imprensa e não estou julgando ninguém. O fato é que até o momento não se conseguiu provar que havia uma outra pessoa no apartamento além do pai e da madrasta da menina Isabela e esse fato causa mais indignação e comoção na população em geral, pois destrói uma das mais antigas instituições, que é a instituição familiar.
Há bem pouco tempo tivemos o caso do menino João Hélio que foi arrastado pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro por mais de 6 km. A principal diferença da reação da população perante os dois casos se dá pelo fato dos pais do menino estarem isentos de responsabilidade no acontecido. A população se revoltou? Sim, mas não se pode esperar piedade e benevolência de uma pessoa à margem da sociedade.
No caso Isabela Nardoni é certo que os familiares ou alguém bem próxima à família está envolvido. Imaginar que um pai ou um parente possa fazer mal a uma criança é uma coisa, ter a visualização desse fato a cada ½ hora nos noticiários é outra completamente diferente. A sociedade olha para esse casal como um câncer que deve ser extirpado.
Um receio sobre o futuro da instituição familiar tomou conta de um país inteiro.
Alguns podem argumentar que, nos dias atuais, morre muito mais crianças de dengue ou em conflitos entre bandidos nas favelas e não tem a repercussão que o caso Isabela Nardoni teve nos telejornais em geral, porém, a morte da menina foi mais do que um caso de violência envolvendo criança foi a morte dos valores familiares. Não morreu apenas uma criança, morreu algo dentro de cada um de nós.
Quem não assiste às reportagens com um nó na garganta e não se lembra dos seus 6 anos de idade?
Quem é que não imagina que aquela criança confiava naqueles que deveriam protegê-la?
Isso tudo nos causa muita angústia e desolação.
Alguns dizem não enxergar diferença entre o sujeito que atira uma pedra no carro do casal e os acusados, mas eu entendo e vejo uma diferença enorme. E, para alguns, a pessoa que atirou aquela pedra pode ser até considerado como um herói, pois, na sua mente, estava atacando um monstro comparado a um dragão da idade média ou um gigante das histórias Gregas. Uma pessoa com um pouco mais de discernimento não toma esse tipo de atitude, sofre calada.
Eu sou uma pessoa que sempre gostou de acompanhar casos de investigação seja em filmes, livros ou pela tv. Também sou uma pessoa que gosta muito de filmes à margem, como os de terror e teci algumas teorias sobre o caso. Acho que todos fizeram o mesmo.
O que nos parece mais óbvio é que o pai e a madrasta cometeram o crime, mas para que leu durante muito tempo Agatha Christie sabe que nem sempre o que está óbvio é a verdade.
Tentei analisar friamente todos os passos que a imprensa ia revelando e confesso que hoje eu me sinto mais perdida do que no dia em que vi aquela criança caída naquele jardim.
Eu não posso e não quero acreditar que o pai e a madrasta cometeram uma atrocidade dessas. Seria o mesmo que acreditar em pessoas totalmente destituídas de sentimentos.
O que estão querendo que eu acredite é que enforcaram uma criança até ela perder os sentidos, cortaram a grade de segurança e jogaram uma criança como se fosse um saco de lixo.
A cada nova evidência eu torcia para que apontasse para uma pessoa estranha que tivesse invadido o apartamento, mas todas as provas só levavam ao casal Nardoni.
Eu perdi toda a minha crença no ser humano com o assassinato da menina Isabela. Quero muito acreditar que foi um acidente. Que a menina se viu sozinha no apartamento, subiu na cama, cortou a grade para poder olhar melhor e caiu da janela.
Preferia acreditar que algo sobrenatural aconteceu e que um fantasma, um ET, jogou a menina pela janela.
Gostaria que as pessoas olhassem esse caso com muito cuidado para esse caso e não condenassem antes de terem realmente certeza de que essa atrocidade que todos imaginam,, pois acreditar seria como acreditar no fim da humanidade.
O casal foi indiciado por homicídio triplamente qualificado.
Triste pensar que quem deveria proteger, foi o algoz de Isabela.
Espero que a paz consiga alcançar todos que, como eu, realmente espera que uma solução mágica caia do céu e que a gente possa a voltar a confiar em nossa família, pois ela é a base de da nossa vida. Quando não pudermos mais contar mais com a família, não teremos mais nada em que confiar.