segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Desculpa: Uma chance para errar outra vez.




Eu odeio quando alguém chega para mim e fala: - Me desculpa.
Acho ridículo a pessoa falar o que quer, ofender e depois achar que com uma simples palavra pode consertar tudo.
Uma pinóia que isso funciona na prática! O que acontece na verdade é que vamos tecendo uma enorme teia em volta das pessoas que desculpamos até não conseguirmos mais nos relacionarmos mais com elas.
Você errou com alguém? Pois saiba que essa pessoa não irá esquecer o seu erro simplesmente porque você falou a palavrinha mágica.
Se uma pessoa erra conosco, pede desculpas e aceitamos de coração, pode ter certeza de que ela descobriu que pode fazer isso outra vez e outra vez e, outra vez...
Não vejo essa coisa de desculpar como um hábito muito saudável, pois desculpamos e o que ganhamos com isso? Uma porta aberta para sermos feitos de trouxas, idiotas, para sermos pisados da próxima vez que essa pessoa estiver irritada, só isso.
As pessoas falam muito que é de boa educação pedir desculpas quando erramos e que se deve desculpar um erro porque ele é humano, todos erram, mas cada vez que a gente releva coisas e vai deixando para lá, principalmente quando se perdoa uma pessoa de nosso convívio, os erros vão se tornando tão habituais que a gente nem sente mais vontade de brigar, só de chorar.
Palavras ditas em horas erradas são como facas que penetram o nosso corpo e causam feridas em nossa alma.
A alma é feita de um tecido muito fino, quase transparente e se fere com facilidade. Também tem uma cicatrização muito lenta e não é um simples pedido de desculpas que vai fazer a ferida sumir como por encanto.
Tem pessoas que têm o vício de pedir desculpas ou seria vício de errar? Não faz diferença, mas o que acontece é que vamos deixando, perdoando e quando nos damos conta já viramos saco de pancadas!
A única maneira de curarmos a nossa alma é deixando o tempo passar, mas temos que deixar nossas feridas quietinhas, não adianta ficar cutucando todos os dias com uma agulha de tricô bem rombuda.
Quando pisamos no pé de uma pessoa, mesmo sem nenhum intenção, machucamos, a pessoa sente dor, mas pedimos desculpas, a pessoa aceita, porém fica com sua dor.
O mesmo acontece com as palavras. Agredimos as pessoas com palavras, pedimos desculpas, mas a dor permanece dentro do peito, apertando, sufocando e, quando menos se espera, volta a doer.
Na maioria das vezes o que falta mesmo é sinceridade entre as pessoas e capacidade de perdoar. Não temos a capacidade de perdoar com sinceridade as pessoas e nem de esquecer o que nos fizeram.
Algumas pessoas fazem questão que nos desculpemos, isso é quase uma regra para muitas, porém eu não vejo muito sentido numa idiotice como esta.
Cada vez que alguém chega para mim de cabeça baixa e me vem com um pedido de desculpas eu tenho vontade de mandar para a PQP!
Como se não bastasse ter feito coisas que magoaram, ainda tem que pedir desculpas para a gente se recordar do que aconteceu?
Não basta deixar quieto? Ainda precisa ficar lembrando a gente o tempo todo?
Queria entender porque as pessoas nos fazem tão mal, o que lucram em nos derrotar em repetir incessantemente que somos piores do que realmente somos.
Eu tenho tentado viver em uma nova filosofia: Não discuto mais, não importa o que me digam, não vou mudar mais a minha opinião sobre a vida e as pessoas e acho inútil fica discutindo. O que acontece é que acabo me desgastando e não lucro nada com isso.
Quer ser meu amigo? Então vamos falar de flores, sem discussão.
Você tem uma idéia diferente da minha sobre algo? Guarde-a para você, não me interessa.
Pode me ajudar objetivamente? Ótimo.
Se não puder me ajudar objetivamente não me critique, olhe para seu próprio rabo, pois ele acaba arrastando no chão.
Eu estou cansada de pessoas que falam um monte sobre o que devemos fazer e como devemos agir, mas não podem nem ajudar a si mesmos, quanto mais fazer algo por nós.
Não pode ajudar? Fica na sua, pois não adianta ficar falando o que as pessoas têm que fazer para se ajudarem.
Existem aqueles que são os “donos da verdade”, aqueles que enxergam em cada atitude de uma pessoa em relação a eles como uma forma de tentar prejudicar as suas vidas e “profetizam” quanto aos fracassos do outro.
A essa altura da minha vida eu não tenho e não quero ter a expectativa de ser rica e famosa e também pouco me importa como as pessoas vivem, a única coisa que me interessa é viver a minha vida.
O grande show já terminou para mim,minha expectativa sobre a vida, hoje, é muito limitada.
Os sonhos são apenas ilusões que criamos na época dourada de nossas vidas para que a vida não seja tão cruel, mas nesse momento não me permito mais sonhar ou criar ilusões sobre as pessoas.
Pessoas não mudam e não adianta ficar aceitando desculpas idiotas que, no primeiro momento que essa pessoa for contrariada, serão motivos para novos pedidos de desculpas.
Se eu aprendi algo nessa vida foi que se uma pessoa te faz chorar uma vez, principalmente se tiver que chorar baixinho para que outras pessoas não vejam, você pode estar certo de que se relevar, irá chorar muitas outras vezes.
A minha tolerância hoje é zero, portanto, se errar comigo, vai se desculpar com a puta que o pariu!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Um pouco do meu cemitério particular


Os anos passam e a gente vai adquirindo experiência, ficando mais velho, responsável e juntando lembranças. Nossa mente fica cheia de rostos e fatos. Muitas dessas pessoas nem nos recordamos mais dos seus nomes.
Alguém disse certa vez que a gente vive com um cemitério na cabeça. Essa é a maior verdade que existe.
Algumas vezes é muito difícil viver com esse “cemitério”, outras vezes é ele quem nos trás os melhores momentos de nossas vidas e, se ele não existisse nossa jornada seria quase que impossível.
Lembrar do banho de lama nos tempos de criança com os amigos. Como eram mesmo os nomes deles? Ah! Pouco importa! O que importa mesmo é lembrar da alegria, da bagunça, da sensação boa de ser criança e se sujar de lama!
A maioria das pessoas deixa o seu cemitério abandonado, esquecido, como sequer desejasse que ele existisse, porém, de certo modo todos têm que conviver com ele.
Guardamos nossas lembranças e segredos em túmulos fechados e os abandonamos no cemitério de nossas mentes até que um dia, um cheiro, uma imagem, faz reviver fantasmas há muito esquecidos.
Algumas vezes a vida nos conduz por caminhos tão tortuosos que não sobreviveríamos se não fossem essas maravilhosas lembranças do nosso passado, outras vezes são esses “fantasmas” que nos torturam impiedosamente.
“A vida é uma peça e sempre a vivemos dois papéis”. Serão sempre dois papéis antagônicos, pois ora seremos caça, ora caçador. Impossível passar impune por ela, sempre será impiedosa e cruel.
Todas as vezes que vivemos uma experiência é como se estivessem nos colocando à prova, como se estivéssemos sendo avaliados, como se as nossas atitudes estivessem sendo avaliadas pelo cosmos e, se formos reprovados, viveremos a mesma cena, porém em papel invertido, para entendermos como o outro se sentiu naquela situação, principalmente se tratarmos o outro com certa indiferença.
Eu tenho um cemitério enorme na minha cabeça. Ele está repleto de emoções e sentimentos que me deixam, muitas vezes, por horas refletindo.
O mais belo de nossas lembranças é que conseguimos rir de coisas que muitas vezes nos fizeram chorar no passado. Hoje enterro minhas lembranças no meu cemitério particular, para desenterrá-las apenas quando puder rir de tudo que se passou.
Ouvi certa vez que “os cemitérios estão cheios de insubstituíveis e indispensáveis” e, num primeiro momento pensei estar ouvindo mais uma daquelas verdades absolutas e incontestáveis, mas hoje entendo que as pessoas podem ser substituídas em nossas vidas, mas jamais em nossas mentes. Nosso corpo pode aceitar que troquemos uma pessoa por outra, mas em nossas mentes não conseguimos substituir aquela amiga fiel de nossa infância.
Falando em amigos de infância me lembrei de Andréa Paula. Em algum lugar do meu cemitério das lembranças está Andréa Paula. A única amiga que não me traiu!!
Por que os amigos nos traem? Difícil entender os motivos que levam uma pessoa a fazer com que a gente acredite que é nosso amigo e depois nos traem com seus discursos politicamente corretos.
Amigos não deveriam ser politicamente corretos, deviam ser apenas amigos, como a Andréa Paula. Quando ela não gostava do que eu fazia, simplesmente não falava nada.
Pessoas são insubstituíveis sim. São como músicas: cada uma tem seu tom, sua nota, seu acorde, seu tempo.
Convivi com todo tipo de pessoas ao longo dos meus 39 anos e posso dizer que a convivência está ficando mais difícil ao longo de cada ano!
As pessoas perderam o limite no trato com as demais, não sabem seus limites, seus direitos e o momento de cada pessoa.
A inteligência também está em baixa. As pessoas têm preguiça de pensar. Jogam a culpa na falta de tempo, na vida corrida, mas a verdade é que não lêem os jornais por pura preguiça de pensar.
Fica mais fácil consumir as notícias mastigadas e cheias de segundas intenções dos telejornais. Não criam suas próprias opiniões, repetem o que ouvem.
Tenho andado algumas horas vasculhando o meu cemitério particular, tentando achar esse ou aquele acontecimento, esse ou aquele amigo que me fizesse sentir algum tipo de alegria ou emoção boa, mas, nesses tempos em que as pessoas preocupam-se mais com sua própria sobrevivência, não consigo me lembrar de nada ou de ninguém que me traga alegria.
A minha mente continua a caminhar pelas alamedas do meu cemitério imaginário, resgatando almas há muito perdidas entre os anos e os quilômetros de distância que nos separam. Resgato rostos, imagens perdidas no tempo e no espaço.
Lembro da infância, da família, dos que realmente se foram para habitar apenas o nosso imaginário.
Algum dia também eu estarei apenas no imaginário de algumas pessoas, poucas, mas estarei.




“O cemitério está cheio de insubstituíveis e indispensáveis” que habitam a nossa mente, permeiam nossos pensamentos, invadem nosso dia, nos trazendo pequenas gotas de felicidade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O final dos tempos




Esses dias, passeando pela internet, me deparei com um vídeo curioso e, para não dizer bizarro. A coisa era tão impressionante que optei por “baixar” o vídeo para ver se “a coisa” era verdade.


O vídeo mostrava uma mãe levando, ou melhor oferecendo sua filha, uma estudante de direito para um filme pornô!! Isso mesmo!!! A mãe!!


De primeiro, as meninas que faziam essas coisas escondiam da família, ou esta a colocava para fora de casa. Hoje os próprios pais levam os filhos para fazerem esse tipo de coisa, ajudam a tirar a roupa, exibem o “material”.


Acho o final dos tempos uma mãe pegar uma filha, estudante de direito e oferecer como se fosse um artigo, uma roupa que ela tenha feito, ou algo parecido.


Hoje todos querem ser artistas, jogadores de futebol, pagodeiros, funkeiros e etc...


Os pais têm que apoiar os filhos em suas decisões, ajudar em seus sonhos, mas aquela mãe tirando a roupa da filha e colocando o “material” para ser examinado e acompanhando a filha enquanto um desconhecido fazia sexo com ela como se fosse a coisa mais natural desse mundo me deixou realmente abismada, perplexa e revoltada!


O detalhe que mais me chamou a atenção é que em tempos como o de hoje, a prestimosa mãe permitiu que o desconhecido fizesse sexo sem camisinha com sua filha!!!


No final do test drive as duas se abraçam e sorriem!


Toda mãe deveria querer o melhor para seus filhos. O que será que passa pela cabeça de uma mãe dessas?


Comentamos o fato com um amigo que é designer e ele nos contou um outro absurdo: Contou-nos que pegou uma campanha de soutien e colocou um anúncio no jornal pedindo modelos e no dia seguinte tinha uma fila enorme de mães acompanhando suas filhas. Algumas levantavam as blusas das meninas e mandavam que ele conferisse o material!!!


Já pensaram na situação? Você está selecionando moças para um comercial e chega uma mãe desvairada e fala:


“- Olha, veja como os peitinhos dela são durinhos!”


Isso é para deixar qualquer pessoa, por mais descolada e experiente possível, desconcertada!


Por outra feita, estava projetando um estojo de maquiagem e notou que havia um espaço ocioso no fundo e resolveu acabar com ele e o dono da fábrica se negava a modificar o projeto e não apresentava nenhum argumento para tal, até que confessou que o espaço era reservado para as mocinhas esconderem anticoncepcionais!


É incrível o que as pessoas fazem por dinheiro! O maldito dinheiro que corrompe a mais piedosa criatura.


Aliás, a internet nos expõe fatos muito curiosos, para não dizer, tristes.


Você faria sexo por dinheiro? E por muitos milhões?


Não entendo mais as pessoas, não entendo como podem se vender por centavos ou por simples promessas.


Não entendo esse ritmo desenfreado do sexo, drogas e Raves onde jovens dançam durante horas e se drogam loucamente até a morte.


Alguns podem citar o festival de Woodstock, realizado em agosto de 1969, onde jovens se drogaram o tempo todo em protesto, pedindo por paz e amor. Realmente o final dos anos 60, começo da década de 70, foi realmente muito conturbado. Os jovens pregavam por paz e amor cheios de ácidos em suas cabeças! Eram tempos difíceis, de guerra, violência e desilusão. Tempos digamos...como os de hoje?


Se havia uma guerra na década do Woodstock, hoje temos uma guerra contra o terrorismo. Se a violência imperava na época, agora está 3 décadas pior. E a desilusão? Qual a esperança do jovem hoje?


Pelo menos, na década de 70 os jovens se drogavam e faziam sexo à vontade, nos dias de hoje sexo pode ser sinônimo de morte!


Sexo sempre esteve associado à vida, à concepção, nascimento, choro de criança, mas hoje está ligado à doença mais mortal de todos os tempos! Aliás, mortal, pois não tem cura.


De onde surgiu esse monstro que consome nossa juventude, vontade e esperança?


Alguns dizem que essa doença nasceu em um laboratório para tentar coibir a explosão sexual e as coisas perderam o controle. O fato é que a doença existe e não tem cura. Tem coisa mais cruel para um jovem que tem que enfrentar todos os medos e dúvidas da primeira relação sexual e ainda ficar com medo de ser contaminado e condenado para o resto da vida?


Fico imaginando como seria se eu fosse jovem hoje. O que eu seria? Talvez mais um deprimido nesse mundo!


Fico observando uma menina à espera de um ônibus (provavelmente ia pegar o irmão mais novo no colégio). Analisei a menina dos pés à cabeça, observando gestos, maneiras, vestimenta, tudo. Depois me senti completamente triste, pois aquela menina que não devia ter mais que 13 anos, mais se parecia com uma prostituta do centro da cidade, aquelas que cobram bem baratinho e atendem em hotéis fedorentos.


Caminho pelas ruas do meu bairro, totalmente desconsolada, sem esperanças.


O Que fizeram com nossas crianças? Quando foi que elas passaram a se espelhar em prostitutas da beira do cais? Certamente não foi de tanto ler Jorge Amado.


Ler? Será que essas crianças tão sexuais sabem ler? Será que sabem quem foi Jorge Amado?


Fico observando essas meninas em suas calças apertadas e de cinturas baixas sentindo-se deusas, mas não passam de papel toalha. Daqueles que depois que se usa joga-se fora.


E com tanta falta de informação, como se conter o avanço da temida AIDS.


(...)


Realmente, quando fiz a comparação de nossos tempos com a década de 70 fiz realmente uma comparação infeliz, pois eles pregavam a liberdade de expressão e o amor livre e, nos dias de hoje, até mesmo amar é perigoso.