sábado, 12 de dezembro de 2009

"Marcas do que se foi"



Hoje eu estava passando por umas fotos antigas de um amigo meu de faculdade e me deparei com a seguinte pergunta: - Quem roubou o sorriso dos nossos rostos?
Me lembro do tempo em que a gente estudava junto e o riso corria solto. Hoje, passando pelas fotos atuais desses mesmos amigos e não vejo sequer um sorriso sincero.
Onde foi parar a alegria que emanava a nossa vida?
Pensei que fosse coisa só de alguns e resolvi dar “uma passadinha” pelos álbuns de amigos que nivelavam idade comigo e cheguei à conclusão de que a grande maioria tinha o mesmo sorriso amarelo no rosto.
Não há nada mais bonito do que o sorriso de uma criança e vocês sabem por quê? Porque não conhece a felicidade. A criança simplesmente sorri.
Quando passamos a conhecer o sentido da palavra felicidade passamos a perseguí-la e quanto mais se persegue algo, menos se encontra.
Com o tempo, sentimos que nossos dias se tornam mais curtos, portanto, queremos a felicidade já, mas nunca a encontramos.
Nenhum de nós percebe quando exatamente isso acontece, mas acaba chegando para a maioria de nós.
Talvez se a vida fosse mais fácil, se não tivéssemos tantos problemas ou se conseguíssemos relaxar e esquecer tudo por parte do dia, mas os problemas nos acompanham até na cama.
Eu me lembro perfeitamente quando o meu sorriso se tornou falso: Foi quando tive que começar a mentir sobre a minha vida e como eu me sentia realmente, quando passei a esconder das pessoas que algo não estava bem.
Com o tempo eu virei a pessoa das respostas evasivas, aquela que gostaria muito que todos soubessem como se sente, mas que não tem coragem de contar.
A coisa começa assim: Primeiro a gente mente para si mesmo dizendo que tudo vai mudar e que as coisas vão ficar melhores, depois a gente mente para todos tentando esconder o fracasso.
De derrotas e de fracassos eu entendo bem, pois não tem sequer um sonho que eu tenha tido que tenha se tornado realidade.
Sou o tipo de pessoa que se comprar um circo o anão cresce.
Quais são os planos que você vai fazer para o Ano Novo?
Eu não vou fazer nenhum. Vou deixar os que estão arquivados falarem por si.
Quem sabe alguém resolva abrir a gaveta e me ajudar a concretizar algum?
Uma amiga me disse que as pessoas morrem quando deixam de sonhar. Se eu for acreditar nisso, no meu caso, só falta fechar o caixão.
Eu parei de sonhar no dia em que acordei e passei a enxergar a vida e as pessoas sem as suas máscaras.
A maneira mais fácil de ver através das máscaras das pessoas é ouvir rivais falando um sobre o outro.
Mas o que mais me impressiona mesmo são pessoas que sempre conseguem reverter os fatos ao seu favor. Essas pessoas são realmente muito engenhosas, pois “te chama de ladrão, bicha, maconheiro” e ainda consegue te convencer de que tinham razão!
Ah! A razão...
Tem pessoas que, não importam os fatos, sempre tem razão!
Essas pessoas se dão ao trabalho de procurar um fato, um motivo para terem razão.
Depois de muito refletir sobre a minha vida e sobre as pessoas que me cerca, cheguei à conclusão que ainda tenho uma meta a cumprir: Morrer e reencarnar em um cachorro, esses sim conseguem extrair o melhor dos seres humanos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Retrato



Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Cecília Meireles)