quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cidade Aterrorisada





Mais um dia de terror no Rio de Janeiro.
Eu, como não precisava sair, fiquei em casa. Meu marido, por um acaso do destino não foi a Santa Cruz e, se tivesse ido não teria como voltar para casa.
Até o momento, 30 veículos foram incendiados, mais de 100 pessoas foram presas, 26 pessoas morreram. 
Só policiais na rua são 17.500, sem contar os fuzileiros navais  e policiais rodoviários federais convocados pelo governador do estado.
Agora, nesse momento, enquanto escrevo esse texto, mais um ônibus foi incendiado na Av. Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro.
Um indivíduo, preso pelos policiais após incendiar uma Van, os traficantes estão pagando 250,00 por carro  e 350,00 por ônibus ou caminhão incendiado.
Usuários de crack também estão sendo recrutados pelo tráfico para incendiar veículos, recebendo o seu pagamento em droga.
O medo tomou conta da cidade e dos moradores.
Onde está a política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro?
O que o nosso governador tem a dizer sobre os atentados sofridos pelo Rio de Janeiro no dia de hoje?







Os policiais invadiram hoje a comunidade de Vila Cruzeiro, que se tornou o Quartel General do tráfico, obrigando os marginais a fugirem pelo alto do morro em direção ao Complexo do Alemão.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, 150 escolas municipais não funcionaram hoje.
Muitos colégios particulares dispensaram os alunos mais cedo.
O comércio fechou por volta de 4 horas da tarde e está sendo oferecido abrigo a moradores que moram em área de risco e que não conseguiram voltar para casa.
Um bilhete deixado pelos traficantes, afirmava que "eles" tomariam de volta os territórios dominados pelas milícias, isto é, está declarada a guerra em todos os níveis na cidade do Rio de Janeiro.
O que mais me impressiona nisso tudo são as táticas de guerrilha utilizada pelos traficantes. Até uma bomba relógio foi encontrada hoje na cidade e duas granadas foram detonadas em um supermercado que não respeitou o "toque de recolher".




Não sei se na tentativa de intimidação, mas o tráfico revelou que possui 300 metralhadoras .30 e fuzis antimísseis. 




A situação esteve mais complicada no bairro da Penha e do Jacarezinho, mas, por toda cidade o clima é de insegurança.
Como afirmei no texto anterior, o ataque do traficante pode vir de qualquer lugar, até porque precisam desviar a atenção do maior número de policiais para que possam fugir da Vila Cruzeiro.
Eu vou confessar que estou realmente assustada com toda essa situação e que o medo já mudou a rotina da minha família: Amanhã meu filho não irá ao colégio e pedi para minha mãe que não viesse a minha casa no sábado, para que ela não passe na Avenida Brasil.







O governador Sérgio Cabral deu mais uma declaração polêmica, dizendo que tudo que estava acontecendo na cidade não passava de "frescura de traficante".
É frescura de traficante uma menina de 14 anos ser baleada, dentro da sua casa, em frente ao computador que acabara de ganhar?
É frescura de traficante um senhor de 81 anos ser baleado no braço dentro da empresa em que trabalha?
Se isso é apenas frescura de traficante, nem quero imaginar quando eles resolverem agir de maneira mais séria.
Eu gostaria de lembrar ao governador do Rio de Janeiro que "o povo derrota o Czar, derrota até quem põe no lugar."





Visivelmente o Rio de Janeiro está sem governo!
Certamente há mais coisas por trás disso tudo do que está se informando a população da cidade, mas uma coisa há de se falar: a polícia está reagindo exatamente como a população espera. Nunca na história da cidade o índice de aprovação da população foi tão grande em relação às ações da polícia como é hoje. - me desminta se alguém puder me provar o contrário.










Hoje, com certeza, teremos mais uma madrugada violenta e essa guerra não está em vias de acabar, pois os traficantes não parecem que pretendem se entregar, a polícia não parece disposta a parar até que prendam os marginais, mas, pelo menos, uma nova ordem está se formando na cidade.
Se o governo do estado não fizer nenhum "trato" com os traficantes - como fez com a implantação das UPPs, avisando onde e quando seriam implantadas, segundo o governador para evitar justamente esse confronto - teremos uma cidade muito mais tranquila e segura, pelo menos até a vagabundagem se reorganizar.
Eu espero realmente amanhã conseguir pensar em outra coisa, que não a violência da cidade e nas pessoas que amo que estão na rua e que ainda não chegaram em casa.









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