terça-feira, 29 de março de 2011

Assombração do Rio da Prata





Pedro e Bia se conheceram na década de 40, na pracinha de Bangu em um Dia de Finados.
Era comum, na época, as moças e os rapazes passearem pela pracinha e trocarem olhares, conversarem e depois marcarem para que o rapaz conhecesse a família da moça para um possível namoro.
O namoro foi aprovado pela família de Bia, já que o rapaz parecia ter boas intenções, era educado  e, afinal, o namoro seria monitorado pela irmã mais nova de Bia, Carol, que não era muito fácil de ser enganada.
Pedro vinha todas as quartas-feiras, sábados e domingos.
Todas as vezes, vinha de trem para Bangu, já que morava no centro da cidade do Rio de Janeiro.
O namoro não era nada emocionante, já que Carol fazia questão de falar o tempo todo e não deixava o casal nenhum minuto a sós!
Todas as vezes Carol perguntava sobre o caminho que Pedro fazia para pegar o trem, perguntava sobre a casa 227 que ficava na Rio da Prata e que todos diziam ser mal assombrada.
Pedro passou a prestar mais atenção no caminho e notou que a casa parecia abandonada, com mato crescendo no jardim, luzes sempre apagadas...
Começou a pensar sobre o porquê de a casa estar assim e, já que não tinha como “se livrar” da Carol, resolveu pedir à menina que contasse detalhes sobre ela.
Carol lhe contou que o dono da casa tinha morrido escorregando da escada em circunstâncias duvidosas e o espírito dele estava revoltado e precisava contar para alguém o que tinha acontecido realmente.
Pedro sempre ia assoviando durante o caminho, mas quando chegava ao quarteirão da casa, ficava cabisbaixo, como se não quisesse ser o escolhido para ouvir a confissão do morto, ou talvez fosse respeito, quem sabe.
A verdade é que a história ficou na mente de Pedro e, mais do que namorar, ele queria ouvir as histórias da Carol sobre a casa.
Tinha respeito por ela, já que o seu morador morreu e foi velado nela.
Ele tinha respeito por essa coisa de morte, pois seu pai morrera quando tinha 9 anos e, muito cedo, aprendeu que a vida era difícil.
Pedro e Bia ficaram noivos e ele conseguiu dar o primeiro beijo no rosto em sua amada!
Não tinha dinheiro para um anel, mas prometeu que valeria a pena ficarem juntos.
Bia, que nem por um minuto duvidou que a vida com Pedro era tudo que ela sempre quis, aceitou a situação, com a certeza que a vida com Pedro valia à pena.
Saindo da casa de Bia, após o beijo que queimava seus lábios, Pedro foi distraidamente pela rua da casa mal assombrada, não assoviou, nem antes, nem depois de passar pela casa e “tomou um tapa na cara”.
Foi um tapa tão bem dado que no dia seguinte o seu rosto ainda estava vermelho!
Não contou a ninguém sobre o que aconteceu, embora a família de sua noiva acreditasse em espíritos e casas mal assombradas.
Passou dias tendo que passar pela rua em que tomou o tapa ressabiado, mas era o único caminho para ele, mas preferiu assoviar para espantar o medo.
Um dia, ficou pensando que o namoro estava se tornando sério e não assoviou...
Pedro ouviu um barulho que parecia um passarinho voando bem perto ao seu ouvido, mas passarinho que voa a noite é, quase sempre, morcego!
Pedro chegou à conclusão de que não tomou tapa nenhum, que tinha sido apenas um maldito morcego que estava acostumado a fazer o mesmo caminho todas as noites e, naquela noite, a do tapa,  tinha alguém no seu caminho.

4 comentários:

Gilberto Carlos disse...

De arrepiar os seus contos de terror. Parabéns!

chica disse...

Nossa ,que história!E que morceguinho,heim??? Gostei!beijos,chica

Anônimo disse...

Todas as histórias com o marcador pessoas, realmente aconteceram!!

Carla Fernanda disse...

kkkkkk.... pois é né Katita vc se inspira na vida ...kkkk. É isso!!
Muito bom,
Beijos,
Carla Fernanda