terça-feira, 26 de junho de 2007

O meu ratinho branco


Hoje, ao acordar, percebi que meu hamster branco não apresentava muito movimento, estava mesmo meio borocochô (como diria a minha mãe). Foi então que me dei conta que o bichinho já havia completado 2 anos e, para um hamster, é o tempo limite de vida.
Notando o bichinho visivelmente cansado, fiquei muito chateada e jurei para mim mesma nunca mais criar um bichinho desses.
Nem mesmo eu entendo porque eu crio esses bichos. Parece que foi ontem que meu filho chegou do colégio com um hamster malhadinho dentro de uma caixinha e tivemos que improvisar uma gaiolinha.
Nossa! Eu tinha verdadeiro pavor daquele bicho, mas no mesmo final de semana compramos mais 4 e uma gaiola horrível. Logo percebemos que iríamos precisar de um viveiro, pois a fêmea colocou para fora mais sete filhotinhos!
Derrepente eu tinha, de uma hora para outra, 10, 12 hamsters num viveiro. Começamos dando de presente para as crianças do condomínio e, logo a fêmea que teve os filhotinhos foi cruelmente assassinada por mim. Está certo que foi um homicídio culposo, sem intenção de matar, mas foi um horrível homicídio, uma vez que deixar a tampa do viveiro cair direto no focinho do bicho, não deve ser a maneira mais agradável de morrer.
O pai dos bichinhos era um animalzinho muito dócil, ao contrário da mãe, que só morreu por tentar me morder. O Fofucho passava o dia solto na mesa de centro da sala ou entre os nossos casacos. Era realmente muito engraçadinho e logo compramos outra fêmea, que batizamos de Fofolete.
A Fofolete era caramelo claro, bem peluda e logo na primeira cria teve 15 filhotinhos. Mais uma vez estava eu às voltas com um viveiro cheinho de pequenos ratinhos. Era mesmo divertido ficar olhando os bichinhos naquela rodinha idiota ou subindo e descendo de pequenos tubos ou se dependurando na gaiola, mas era muito bicho fazendo xixi e cocô para eu limpar.
Mal eu conseguia me livrar de uma ninhada, vinha outra em seguida! Resolvemos vender os bichinhos, mas também não se vendia com facilidade e o preço também não animava. Foi então que eu decidi separar o Fofucho da Fofolete.
Meu filho há muito já havia se desinteressado dos bichinhos, ficando as gaiolas aos meus cuidados.
Agora meu filho estava mais preocupado com um gato meio siamês, meio viralatas, que encontrara na rua.
Um dia eu bobeei com a gaiola da Fofolete e o gato a matou. Foi assim que começou a história do ratinho branco aqui em casa. O Fofucho morreu de velho e foi subistituído por um ratinho tão inexpressivo que nem me lembro o nome dele e nem me lembro de que morreu, mas fez bastantes filhotes também.
Quando o macho morreu, decidi que ficaria apenas com meu ratinho branco mal humorado. Esse ratinho não segue nenhuma lei no que diz respeito a sua raça, pois não fica acordado a noite toda, não gosta muito da rodinha e quase não sai da sua casa. Quando muito sai quando eu o chamo. Nem entendo muito bem o porquê de eu gostar tanto de um bichinho tão antipático! Talvez porque ele seja um pouco como eu, que não gosta muito de companhia e prefere passar horas sozinho.
Olhando para a gaiola hoje pela manhã, decidi que o meu ratinho branco ser o último morador da gaiola de 2 andares. Não tenho mais saúde para criar o bichinho e em 2 anos vê-lo morrer sem poder fazer nada por ele. É realmente muito triste não poder fazer nada porque o bichinho já é velhinho. Acho muito injusto o meu ratinho branco ficar velhinho com apenas 2 aninhos. O que são 2 anos? Nada para nós, mas para eles fecha o ciclo de vida.
Por mais que a gente não queira, acaba se apegando ao bichinho e muitas vezes não tem muito tempo para se dedicar a ele, então, passam-se 2 anos e ele morre.
Não, não e não. Definitivamente não. Não criarei mais hamster enquanto não puder ter uma gaiola tão grande que o número de nascimentos supere o de falecimento, pois é muito triste ver o bichinho no estado terminal dessa maneira e a alegria de um nascimento supera a dor de um falecimento.
O meu ratinho branco será o último, com certeza!
Claro que o meu filho já não está mais empolgado com o gato e sim com o passarinho, desculpem, a cachorrinha. Acho que é por isso que o ciclo de vida de um hamster é tão pequeno, porque eles duram o tempo ideal para o interesse de uma criança por eles, não passando pelo ciclo em que são abandonados por elas como os gatos, os passarinhos e os cachorros.
Quando morreu o primeiro, meu filho já nem ligava mais se o bichinho estava sendo alimento ou não, durou o tempo certo do interesse dele. Enquanto eu chorava pelo bichinho ele só esperava a hora de poder enterrá-lo. Eu não me lembro de ter sido assim quando era criança, mas com certeza muitos cachorrinhos e gatinhos devem ter sentido a dor de terem sido esquecidos por mim. Os bichinhos sentem quando são abandonados.
Se eu tivesse condições de ter mais bichinhos, eu teria, mas sinto que até eu esqueço deles de vez em quando.
Agora decidi que nenhum bicho será mais substituído, aquele que se for não terá substituto.

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