sábado, 19 de janeiro de 2008

O tamarindo


Hoje, mexendo em minha bolsa encontrei vários frutos de tamarindo, ainda fechadinhos, que trouxe de meu final de semana em Paquetá.
Se não tivesse mais nada para me deixar maravilhosa, só a aparência do fruto bastaria.
Sentei-me na minha varanda e comecei a quebrar os frutinhos e me deliciar com o quebrar das casquinhas e a “pequena bala” azedinha.
Enquanto sentia o sabor ficava me lembrando do final de semana em Paquetá e das pessoas com quem convivi nesses 2 dias. Pessoas que conheci em uma comunidade do Orkut através de um velho amigo de faculdade.
Quando se anda por essas comunidades do Orkut percebe-se um ranço, uma mágoa entre as pessoas que é algo que envenena a maioria das comunidades e não se tem a menor vontade de entrar em contato com ninguém.
Eram 13 pessoas praticamente desconhecidas que iam conviver juntas durante o final de semana.
Na chegada houve uma euforia, uma necessidade de ver pessoalmente aqueles com quem se conversa e se debate por trás do monitor. Tudo é muito diferente quando se fala pessoalmente. As palavras fluem com uma carga de sentimento muito maior e é muito difícil medir os sentimentos no calor da discussão.
A cada tamarindo que deliciava a minha boca lembrava de uma pessoa que esteve comigo com muito carinho.
Vejo tantas pessoas sozinhas e reclamando que não há mais amor, carinho e compreensão entre os seres humanos e lá estávamos nós num final de semana perfeito, repleto de amor, carinho e principalmente respeito entre nós.
Acho que o que falta entre as pessoas hoje em dia é um grande respeito às suas individualidades, respeitar o outro como ele é sem tentar moldá-lo aos seus modos.
Faz muito tempo que não me sinto tão acarinhada por amigos como me senti nesse final de semana. Justo eu que há muito perdi a esperança na amizade e nas pessoas, estou aprendendo ou reaprendendo o que é amor entre os seres humanos!
Sentada na minha varanda fiquei imaginando que pessoas são como frutinhas.
Não ria, meu amigo Edmilson, mas é isso mesmo!
Umas são mais docinhas, outras mais azedinhas, umas vermelhinhas outras verdinhas ou amarelinhas, mas todas têm que as aprecie.
Fazendo uma outra analogia, posso dizer que as pessoas que conheci são como pérolas, uma diferente da outra, mas cada uma com altíssimo valor.
Quando eu não tinha um computador em casa e ficava ouvindo meus irmãos falarem do Orkut, imaginava ser uma coisa completamente diferente. Imaginava ser um lugar legal onde se conhecia pessoas e se fazia amigos, mas com menos de um mês de conta percebi que era justamente o contrário.
Sempre gostei de ter amigos, passear, me corresponder, encontrar pessoas do meu passado e achei que o Orkut fosse o lugar ideal para isso, mas tudo que encontrei foi um monte de gente ressentida que senta em frente ao computador para ver se consegue estragar o dia de alguém deixando essa pessoa aborrecida.
As pessoas que freqüentam a maioria dessas comunidades são pessoas tão bem resolvidas que não têm coragem de mostrar a sua verdadeira identidade, usando o que eles chamam de FAKE para não ter a sua vida vasculhada e as pessoas chegarem à conclusão de que ele não passa de um “João ninguém” que não tem nada a acrescentar.
Quando meu amigo Ed me convidou para fazer parte da sua comunidade eu aceitei, pois me pareceu uma coisa inofensiva, diferente das demais. Não imaginava que poderia realmente encontrar pessoas que, como eu, ainda se importasse com os sentimentos dos outros.
Esse encontro em Paquetá me mostrou que ainda podemos fazer amigos pelo Orkut, que o sentido da coisa não se desvirtuou completamente, basta que você procure por agulhas no palheiro e saiba analisar as pessoas pelos seus gestos de carinho e não pelo que fala.
Muito engraçado para mim, falar sobre as pessoas que conheci, pois fazia uma idéia muito diferente delas ao ler o que escreviam. Muitas vezes escrevemos de uma forma agressiva, não sei se por defesa, por não saber quem é o outro, muitas vezes para não dar falsas esperanças a quem quer que seja.
A Internet uniu as pessoas de uma tal forma que podemos nos comunicar com o mundo inteiro através de um pequeno clique. Porém o mundo é muito grande e algumas pessoas se aproveitam do anonimato e da ingenuidade das pessoas para projetarem as suas doenças, se é que me entendem.
Quando o meu amigo Ed me convidou para um encontro da sua comunidade, nem por um segundo eu tive receio ou medo, apesar de estar indo para uma casa de uma pessoa que tinha conhecido muito rapidamente e para me encontrar com algumas pessoas desconhecidas. O amor, carinho, preocupação com o ser humano e o respeito que as pessoas dessa comunidade manifestam uns pelos outros é o suficiente para que todos nós nos sintamos seguros uns com os outros.
Certa vez estava conversando com umas pessoas em um aniversário e uma pessoa me falou na dificuldade de encontrar textos sobre um determinado assunto e eu a aconselhei a procurar na Internet. Imediatamente essa pessoa me respondeu que todos os membros de sua igreja estavam proibidos de entrar na Internet porque o pastor havia dito que era coisa do demônio. Na hora eu fiquei indignada, revoltada mesmo,mas hoje, parando para pensar posso não atribuir a Internet ao demônio, até porque não acredito em demônios, mas tenho que admitir que ela nos coloca em contato direto com todos os tipos de pessoas, até mesmo aquelas que normalmente são afastadas do convívio social por causa de suas parafilias.
Essas pessoas se sentem seguras por trás do monitor e invadem nossa sem a menor cerimônia com seus vídeos, suas músicas, depoimentos e discursos de psicopatas.
Isso nos transforma em pessoas a cada dia mais temerosas, como se não bastasse a violência urbana que nos impede de ir para todos os lugares que desejamos, ou se vamos, não temos a certeza de retornar.
O computador se tornou a mais nova arma nas mãos de pessoas doentes que vivem para fazer mal aos outros!
Eu não acredito que o computador seja algo sobrenatural e maligno, mas que ele nos coloca em contato com pessoas muito ruins, isso é verdade!
Difícil é imaginar que através dele pude conhecer pessoas tão maravilhosas quanto as que conheci nesse final de semana em Paquetá!!!!
Queria agradecer a cada um dos 11 anjos que me proporcionaram 3 dias no paraíso!
Beijos para todos!

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