segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Conto de natal



Manoel e Joaquim só se encontravam 1 vez por ano: No Natal.
Aliás, foi assim que seus filhos Ana Paula e Marcos se conheceram: Em um Natal em um hotel numa cidadezinha do interior de Minas Gerais.
Tanto Joaquim, quanto Manoel eram filhos de imigrantes e não tinham família no Brasil, além de mulher e filhos e, por isso, passavam seus Natais em um hotel.
As duas famílias se encontravam apenas uma vez por ano e isso não impediu que seus filhos se apaixonassem e viessem a se casar.
Como com o passar do tempo a família dos dois cresceu, os Natais deixaram de ser passados em hotéis frios e, como os dois tinham algo em comum, passaram a dividir entre os dois a tarefa de celebrar a festa.
Todas as vezes que a festa era realizada por um, o outro criticava absolutamente tudo.
Esse ano não seria diferente, os dois iam se encontrar no Natal, entretanto, o encontro não seria na casa de nenhum dos dois, seria na casa recém construída por Ana Paula e Marcos.
Seria uma grande tarefa para Ana, pois cada um dos dois tinha dois irmãos que tinham também sua família, mas ela se sentia feliz, pois entre os seis foram os únicos a conseguir a sua casa própria.
O fato de o casal ter conseguido construir a sua casa e seus pais aceitarem a comemorar o Natal com eles, causou um enorme desconforto em seus irmãos, pois ficou parecendo que os dois queriam se vangloriar do feito e “esfregar” essa vitória na cara deles.
Lógico que todos confirmaram a presença, afinal, todos gostariam de criticar cada cantinho da casa e falar que “se fosse ele, faria de outra maneira”, mesmo que nenhum deles tenha conseguido fazer.
A casa foi arrumada com antecedência, o cardápio foi preparado com calma e as bebidas colocadas para gelar, tudo meticulosamente pensado, para que ninguém pudesse falar mal da primeira festa de Natal deles.
Eles não sabiam, mas aquele seria o momento de ruptura da família, pois enquanto os Natais eram divididos entre os dois patriarcas, ninguém se incomodava, mas ver um dos irmãos comandar uma festa tão importante como essa incomodou a todos.
A festa correu cheia de sorrisos amarelos, abraços forçados e uma união de aparências.
Nos Natais que se seguiram, os patriarcas voltaram a comandar a festa, entretanto apenas Ana Paula e Marcos participaram de todos, seus irmãos sentiram-se desobrigados a participar e só iam quando “não tinham lugar melhor para ir”.

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