domingo, 23 de agosto de 2009

Mal do século



A maioria das pessoas reclama que está sozinha, que se sente abandonada, mas a verdade é que a grande maioria não deseja abrir concessões.
Crescemos ouvindo que a única coisa que importa é ser feliz, mas alguém consegue ser feliz o tempo inteiro?
Logicamente que não! E como sempre aparece um esperto para lucrar com a situação, aparecem os escritores de livros de auto-ajuda.
Ainda outro dia, estava meio sem ter o que fazer e liguei a TV em um programa desses que dizem ajudar em conflitos familiares. O que mais me chamou a atenção é que em casos similares o psicólogo conseguiu dar conselhos antagônicos para duas famílias.
Como se virasse para um e dissesse que tem que sair mais para se divertir e não se importar para o que a família dizia e para o outro justamente o contrário!
Como eu sou uma pessoa que já andou por muitos psicólogos, posso afirmar que nenhum sabe realmente o que está falando!
A maioria tem um discurso ensaiado e demasiado velho para me convencer.
Não é à toa as pessoas estarem preferindo um personal friend para ouvir seus problemas.
Eu não sou o tipo de pessoa que fica contando sua vida para todo mundo, aliás, acho que só eu sei o que se passa realmente comigo.
Posso dizer que, em certos aspectos, não me sinto sozinha, pois tenho as duas melhores companhias desse mundo: meu filho e meu cachorro.
Quando quero alguém para me queixar da vida, falo com meu filho e quando quero alguém para me amar incondicionalmente, falo com meu cachorro.
Está certo que, apesar de tentar fazer cara de que está entendendo tudo, nem um nem outro entende uma só palavra que falo, mas me sinto aliviada.
É tanta gente se sentindo só que os consultórios dos psiquiatras estão lotados.
Esses não estão se sentindo sós e nem abandonados!
O desequilíbrio da população é tão grande que o número de igrejas triplicou!
Quem não tem dinheiro para se consultar, se apega com deus!
Não acredito que nem igreja nem psicanalista pode dar jeito nessa situação.
O grande problema da nossa sociedade é que crescemos ouvindo dizer que temos que correr atrás de nossos objetivos, que devemos ser felizes a qualquer preço, que ninguém deve atrapalhar a nossa felicidade, que não devemos abrir mão dos nossos desejos e acabamos criando uma sociedade de pessoas extremamente egoístas.
Em nome dessa satisfação, que não chega nunca, as pessoas continuam a sua busca, trocam de emprego, de parceiros, de cidade e não conseguem se satisfizer.
As pessoas sentem-se sozinhas por não querer abrir mão de nada. Querem tanto ser felizes, buscam tanto essa felicidade que acabam se esquecendo de viver.
Quando eu era pequena nos mudamos da zona sul para zona norte e isso me deixou extremamente infeliz, pois era um mundo totalmente diferente.
Minha mãe, percebendo a minha tristeza, começou a mostrar as vantagens da nossa mudança e que como eu poderia ser mais feliz naquele lugar.
Aprendi que na vida tudo depende do ângulo em que você enxerga as coisas. Sempre há um lado bom em tudo que nos acontece, algumas vezes estamos tão desesperados que não conseguimos ver, mas existe.
Não que eu seja a favor de nos acomodarmos na situação ou passarmos a vida aceitando coisas no lugar das que realmente queremos, mas não dá para passar a vida buscando o impossível e nos sentindo um lixo porque não conseguimos.

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