quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sistema de saúde





Se tem algo que realmente anda mal das pernas no Rio de Janeiro é o sistema de saúde, aliás, me pergunto se algo além do helicóptero do governador está funcionando.
Quando essa onda de protestos começou, pensei que talvez, apenas talvez, algo pudesse realmente ser feito para mudar a situação do carioca que já está cansado de promessas e nenhuma solução.
Cheguei a ver políticos que sempre tiveram o apoio da população serem cobrados e vaiados, mas tudo não passou de mais uma ilusão.
Por não ter plano de saúde, todos os dias eu rezo para não ficar doente e nem precisar ir ao médico por motivo algum, mas de uns quinze dias para cá, apareceram erupções na minha pele que coçam muito e estão se alastrando.
Quando apareceram as primeiras erupções eu pensei se tratar de uma alergia a uma picada de inseto e não dei muita importância, mas coçava muito e resolvi tomar um antialérgico por conta própria.
No dia seguinte tinha a barriga, braços e pernas cheios de pintas que coçavam muito.
Como era um sábado eu só poderia procurar atendimento em uma UPA - Unidade de Pronto Atendimento. 
Não tem muito o que se falar sobre essas unidades, pois elas prestam ao papel a que foram criadas: atendimento emergencial para casos que não necessitam internação imediata. 
E assim foi. O atendimento não demorou mais que uma hora. Fui atendida, medicada e ainda trouxe remédio para continuar tomando em casa.
Entretanto, o médico me disse que, caso o problema persistisse eu deveria procurar um posto de saúde - momento tenso...
Na segunda feira, eu continuava com o corpo com as marcas e a coceira ainda estava pior e como tem uma clínica da família bem ao lado da minha casa, marchei bem cedo para lá.
O nome é bem bonito e sugestivo: Clínica da Família.
Chegando lá fui informada que não podia marcar consulta com médico algum e que deveria aguardar a visita do "agente de saúde" em minha residência. 
Ótimo, deixei meu nome e endereço e aguardei.
Como o agente não veio, meu marido usou o número de telefone que a prefeitura disponibiliza para que o cidadão reclame.
Terça feira, na parte da tarde a agente de saúde tentou me convencer de que passava mensalmente pela minha casa, mas não encontrava ninguém. Quando frisei que não estava trabalhando e que raramente saía de casa, senti que que quem ficou tensa foi ela.
Hoje, quarta feira, a agente veio até minha casa, tentando me convencer de que o problema era que o endereço estava errado na ficha - como se não fosse obrigação dela passar pela minha casa - e que se não tinha criança ou hipertenso, o agente deve passar uma vez a cada quatro meses na residência. Que fosse, acontece que ela nunca passou!
Para que servem as clínicas da família?
Para quase nada, pois cada equipe possui apenas um clínico geral, um enfermeiro e um técnico de enfermagem.
Quando se fala em clínica, as pessoas pensam que vão encontrar médicos de várias especialidades e que vão poder cuidar melhor da sua saúde, mas não é o que ocorre, pois os bairros são divididos por equipes com um agente que deveria visitar as residências de uma determinada região, um médico - clínico - um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e um dentista.
A agente de saúde me garantiu que até o final do mês eu consigo uma consulta com o médico responsável pela minha região e que ela irá trazer o marcação na minha casa!
Nossa! Se for uma micose, quando for marcada a tal consulta eu já estarei podre.
Se for uma alergia, provavelmente não precisarei mais da consulta, pois estarei morta. 
Se for contagioso, bem, posso ter infectado a agente que certamente terá atendimento ou que, na pior das hipóteses, vai infectar a região inteira, talvez assim haja algum tratamento...
Outra coisa que fiquei intrigada, foi quando a agente disse que, mesmo não sendo obrigada a visitar a nossa residência porque nela não tinha nenhuma criança nem hipertenso, a gente poderia procurá-la na clínica pela manhã lá pras oito e quinze, oito e meia, porque já tinha dado o tempo dela chegar, tomar um café, uma água...
Achei muito interessante descontar o tempo do enrolation no horário de serviço.
Vamos falar a verdade? Essa coisa de clínica da família foi a pior bosta que já enfiaram pelas nossas goelas a baixo!
Melhor seria ter mais postos de saúde, pois no posto tem mais do que um clínico para atender.
Sinceramente, não sei o que passa pela cabeça dos políticos no Rio de Janeiro, mas eu sei que já estou cansada de ver idéias esdrúxulas que servem apenas para alimentar o propinoduto e, o que me parece, é que essas clínicas da família não servem mais do que a isso.
Sei que a política muda, o partido que está no poder muda e acabamos com um montão de estruturas que não servem mais para nada - serviram como valas despejo de dinheiro para os bolsos de alguns - e acabam abandonadas, sem serventia nenhuma ou pior, fonte de gasto de manutenção.
Da prefeitura passada nós ficamos como herança a CIDADE DAS CRIANÇAS, a CIDADE DA MÚSICA e a CIDADE DO SAMBA - essa as escolas de samba fazem funcionar e o TERREIRÃO DO SAMBA, onde vez por outra tem um evento. 
A nossa cidade ainda sofre do EFEITO BRIZOLÃO. isto é, foram construídos tantos CIEPS que alguns, não tendo criança suficiente para funcionar - por ter sido construído em descampados ou muito próximo de outro CIEP - foram utilizados para servirem de quartel para bombeiros ou sede para algum órgão sem sede.
Quando votamos, assinamos um cheque em branco para que os políticos façam o que bem entenderem, até mesmo obras que, nitidamente, só servem para alimentar as valas da corrupção. 



2 comentários:

Roderick Verden disse...

Kátia, primeiramente, faço votos que vc fique curada; espero não ser nada grave.

Não é só no Rio de Janeiro, aqui em Belo Horizonte também a saúde é um caos.
Já padeci em hospitais públicos como acompanhante do meu falecido pai e também do pai do ex-companheiro da minha mãe.

Como vc, não tenho plano de saúde.
Se eu ficar doente, espero que eu morra rápido e em casa, que só descubram meu corpo quando ele já estiver em decomposição(rs).
Espero não precisar mais pisar em hospitais, clínicas ou postos de saúde. Que a sorte me ajude!

Tudo de bom pra vc, Kátia!

Katia Martins disse...

É, Eustáquio, não tem dinheiro para a saúde ou para a educação, mas tem dinheiro para reformar estádios para fazer Copa das Confederações e Copa do Mundo!!
Acho que vou tentar uma consulta no novo estádio do Maracanã!