quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma questão complicada





Nas últimas eleições para prefeito do Rio de Janeiro, estava voltando para casa de van, pois onde moro o transporte alternativo é mais do que alternativo, é uma necessidade, e ouvia o motorista dizendo a um conhecido que "eles" - acredito eu que se tratava de outro motorista de van - tinham que "fechar" com o Eduardo Paes, pois prometeu regulamentar o trasporte.
Eu, que já não acreditava que as coisas podiam melhorar em nada, ouvia calada e ficava pensando se ainda não podia ficar pior.
Nesse meio tempo eu vi o Brasil "ganhar" a sede da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e o Rio de Janeiro ser eleito para sediar as Olimpíadas.
Isso, é claro, sem falar na visita do Papa na Jornada mundial da Juventude.
Todos esses eventos trazem ganhos para o país seja na infraestrutura, seja no turismo e desenvolvimento.
O que eu me pergunto é se um país que tem tantos problemas estruturais deveria realmente investir tanto para sediar tais eventos.
Vejam nosso sistema de transporte, por exemplo, é vergonhoso comparar um trem da Supervia com o trem bala Japonês inaugurado em 1964!
Em 1964 os trens no Japão já eram melhores do que os que temos hoje em 2013 no Rio de Janeiro.
Mas voltando a vaca fria, para receber a tal Copa das Confederações, os estádios de futebol foram reformados para seguirem o "padrão FIFA" e, com isso foram gastos alguns milhões. 
É uma pena que a FIFA não tenha pensado em exigir o mesmo padrão para os hospitais, por exemplo, pois assim nosso sistema de saúde estaria um pouquinho melhor.
Pouco antes do início da tal copa, houve um aumento de passagem, já previsto e a população resolveu se manifestar contra. Mas não foi uma coisa só contra as passagens, a população resolveu dizer que nunca foi a favor desses eventos que tanto alegraram os governantes quando ganharam a concorrência.
Como assim? 
O Brasil não é o país do futebol?
Como podem vaiar o presidente da FIFA e a presidente do país no dia da abertura?
Houve muitas manifestações, muito quebra quebra, muito sentimento de patriotismo e tudo ficou esquecido após a visita do Papa Francisco.
Sobre a visita do Papa há uma consideração que gostaria de fazer: O Capus Fidei.
O "Campo da Fé" foi construído em uma área de preservação ambiental permanente. Árvores foram derrubadas e sobrou apenas uma grande área com o altar e mais nada. Mas era um nada tão absoluto que choveu e tudo virou lama e o Papa não pode ir até o local.
Agora a área é um nada mais absoluto ainda, pois não tem mais vegetação e nem a lembrança do Papa.
O prefeito chegou a anunciar que o local ia virar um bairro popular. Bairro popular tipo Cidade de Deus?
Como o Papa já é notícia velha, pois vai começar o Rock in Rio, é bem provável que o terreno já tenha sido invadido por algum movimento de sem teto. Depois a prefeitura entra com o IPTU e a promessa de infraestrutura. 
Primeiro o IPTU, depois, ...
No país dos estádios padrão FIFA, os professores do estado do Rio de Janeiro estão em greve há 34 dias e alguns estão acampados em frente a ALERJ.
Isso mesmo!!! No centro da cidade do Rio de Janeiro, em frente às escadarias da Assembléia Legislativa, professores acampam.
Será que esse gesto irá sensibilizar o Sr. Governador que dorme em lençóis de seda e se desloca em helicópteros para não ter contato algum com o cheiro infecto do povo?
Duvido.
Assim como duvido que os problemas básicos da população sejam sequer questionados por essa geração de políticos que está no poder e que parece estar mais preocupada em festejar e esconder os problemas sociais jogando pelos ralos da corrupção. 

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