segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
João valentão
João Manuel de Bezerra e Silva nasceu numa comunidade pobre e abandonada do Rio de Janeiro.
Nasceu pobre, negro e ganhou um nome horrível que seu pai lhe deu.
Aliás, pai que ele cresceu vendo beber e bater na sua mãe, e depois nele também, até que a sua mãe entrou para uma igreja evangélica e tentar converter seu pai, que acabou saindo de casa.
João era franzino, motivo de piada no colégio. Acabou ficando meio gago, coitado...
No colégio apanhava muito dos colegas - ainda não existia essa coisa de bullying - mas não reclamava, pois sabia que sua mãe trabalhava muito e chegava em casa cansada.
Sempre ia aos cultos com sua mãe, mas até lá, onde deveria estar entre os iguais era discriminado.
João não era filho único. Tinha três irmãs mais velhas que a mãe fazia questão de dizer que ele tinha de proteger porque "era o homenzinho da casa".
João não conseguia nem proteger a si mesmo!
Na igreja conheceu Maria do Carmo e com ela se casou.
Aos vinte e quatro anos, João estava casado e, aos vinte e cinco, nasceu sua primeira filha.
João tinha o atual ensino médio e trabalhava de muitas coisas: motorista, carregador, ajudante de pedreiro, qualquer coisa para sustentar a mulher - que engravidou antes de "terminar os estudos" - e a filha.
Mas João desenvolveu uma característica única: virou valentão apesar de meio gago, negro, razoavelmente baixo, meio vesgo e gordinho.
Acabou desempegado no dia em que a esposa descobriu ter engravidado novamente.
Aproveitou o plano de saúde para fazer o ultrassom e não contou para a mulher que estava "descoberto".
Como "desgraça" nunca vem sozinha, a mulher estava grávida de gêmeos! - não que gravidez seja uma desgraça, só que não era o momento.
João se desesperou, procurou emprego e aceitou o que tinha - pelo menos mantinha o plano de saúde.
João era motorista, a esposa não arrumava emprego por causa da baixa qualificação e os filhos - embora a mãe religiosa estivesse designada a "tomar conta" - emprego jamais.
A esposa resolveu fazer um curso no Senac.
João, embora não pudesse, pagou...
Mas o emprego que "arrumou" antes dos gêmeos nascerem estava cobrando "especialidades" e João tinha.
A esposa fez o curso e espalhou currículos que fizeram ela a trabalhar em telemarketing, mas "tá tudo bem", estava aumentando o orçamento.
O grande problema surgiu quando viu que na empresa que trabalhava não poderia subir sem qualificação.
Resolveu fazer um curso, a empresa ajudou a pagar, embora o encarregado tivesse dito que esse tipo de cargo era terceirizado.
As coisas começaram mal, embora tenham aceitado o seu cartão de crédito, não tinha turma.
Logo na primeira aula, João se sentiu deslocado, viu que não ia se enturmar.
Quando os grupos ainda estavam se formando, ocorreu a primeira das várias confusões em que ele se envolveu.
João se desentendeu com um aluno mais novo que o chamou para acabar a briga fora das instalações do curso e, é claro que ele não foi.
João, como em todos os lugares que frequentava, conseguiu desagradar todos na turma!
Mesmo quem não teve problemas com ele, não se aproximava, por medo.
João só "arrumava briga" com os homens da turma, mas a coisa já estava aborrecendo a todos e uma mulher da turma resolveu encará-lo.
A coisa ficou realmente feia porque ele ameaçou bater nela.
Bem, a turma já tinha excluído ele, mas ele despertou a fúria de uma pessoa que vinha se mantendo "discreta": Maria Rita Maia Resende.
Maria Rita era uma espanhola, viúva de um policial e que conhecia bem os desmandos de um homem sem controle.
Como "todo oprimido é um opressor em potencial", Maria Rita passou a ser a "protetora" da jovem - uma vez que os pais não acreditaram na versão dela.
"Todo oprimido é um repressor em potencial".
Maria Rita era filha de pais repressores, aliás, foi por isso que resolveu apoiar a menina que tinha idade para ser sua filha.
Maria Rita provocou João, que, por incrível que pareça, evitava o confronto.
Tudo tem um limite e ela sabia levar uma pessoa a esse limite.
Um dia João resolveu responder bem mais timidamente do que fez com a garota mais nova, parecia temer o conflito, e, com razão.
Maria Rita foi até a direção do curso e, quando viu desinteresse sobre o caso, ameaçou ir até a delegacia mais próxima dizendo se sentir ameaçada.
Ameaçada? Maria Rita?
A direção do curso fez João se dobrar e admitir que a sua atitude estava errada e que aquele não era local para "enfrentamentos".
Até o final do curso João se conteve, mas tudo que ele queria era matar Maria Rita!
Conclusão: Não há nada que um homem possa fazer, que uma mulher não possa fazer duas vezes pior.
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Anônimo
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segunda-feira, dezembro 10, 2012
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