quinta-feira, 11 de junho de 2009

Memória afetiva


Os dias são nublados quando as mentes estão nebulosas.
Difícil imaginar como o novelo se formou, mas fica mais difícil desenrolá-lo se não encontramos a ponta.
As lágrimas se acumulam em uma velha garrafa de champanhe importada, que outrora transbordara felicidade.
A pequena chama de uma vela ilumina um velho porão onde minha alma se repousa. As portas estão abertas, mas não há caminhos prá seguir.
Uma ameaçadora aranha sobe e desce a formar sua teia, mas eu continuo inerte, ouvindo vozes doces do passado se contrapondo a gritos, ordens e deboches do presente.
Um sorriso ameaçador, sarcástico, irônico, invade todo o local, tornando-me desacreditada.
Por que de tanto ódio e rancor?
Não entendo, mas por hora, não me importa mais, a teia já emaranhou meus caminhos e a aranha já se tornou soberana no centro de sua enorme teia.
Nada ouço, nada vejo, apenas escuridão onde antes havia luz, claridade, alegria e flores.
Viver dói, respirar dói e a solidão de viver apenas comigo, me consome.
Um cigarro, um vinho, bocas caladas e mais uma noite se vai sem a esperança do nascer do sol.
Os dias viraram noite, as noites, insônias.
De que vale dormir para quem não sabe mais sonhar?
De que vale sonhar para quem não tem mais esperanças?
De que vale a esperança para quem não consegue mais sorrir?
De que vale um sorriso para quem não vê sinceridade?
Busco em minha mente momentos de sol, mas apenas as trevas estão presentes nesse mundo imaginário onde me deixei repousar até o sol volte a brilhar.

2 comentários:

Maria Betânia disse...

Oi, Kati,intrigante tua descrição através das imagens, fez-me lembrar um conto de Edgar Alan Poe.
" O Poço e P~endulo".
A risqueza descritiva e a força dos ícones parecem nos transportar para os ambientes citados.

Anônimo disse...

Agradeço, Betinha.