Maradona é um gatinho que nasceu na casa de uma vizinha. Nascido de uma gata angorá e um gato siamês, uma mistura que não lhe garantiu grande beleza, mas uma docilidade e meiguice infinita.
Como era muito peludo, por causa da sua descendência angorá, não sabíamos se era macho ou fêmea e resolvemos batizá-lo de Madona, porque a qualquer momento poderíamos trocar o nome por Maradona, pois a sonoridade era a mesma.
Quando filhote era um gatinho muito ativo e gostava muito de brincar. Qualquer bolinha de papel servia para que ele começasse a correr pela sala, mas era também um gatinho muito guloso e logo começou a engordar e ficar preguiçoso.
O gato se envolveu em muitas peripécias, mesmo quando ainda se chamava Madona.
Uma vez fui passar o final de semana na casa da minha mãe e Maradadona (mistura de Madona com Maradona) resolveu subir no telhado por um galho de árvore e não conseguiu descer porque começou a chover e ventar e galho desencostou da beira do telhado.
Meu marido, que estava sozinho em casa e só achara uma bermuda tão larga que não podia sequer andar porque caía, começou a ficar preocupado com o desaparecimento do bichinho e começou a chamá-lo pelo nome de Madona.
Maradadona, que nunca foi de miar muito, até para nos poupar de seu miado horripilante que ficaria mais conveniente em um gato da família Adams, a essa altura já tinha desistido de descer por onde subiu e já estava todo encharcado, resolveu miar para mostrar o seu paradeiro.
Meu marido, ouvindo o pedido de socorro do bichano, saiu em seu socorro, porém sem se esquecer de segurar a bermuda para que esta não caísse.
Quando viu que o gatinho se encontrava preso no telhado pegou um caibro e ficou segurando para que ele pudesse descer sem susto.
Lógico que ao soltar a bermuda para segurar o caibro, ela caiu na altura dos joelhos deixando-o de cuecas no quintal.
Foi então que se viu na situação ridícula de estar no meio do quintal, na chuva, de cuecas, olhando para o alto e gritando: - “Vem Madona! Vem, Madona!”
Nunca nenhum gatinho deu tanto trabalho como o Maradadona!!
Como era muito franzino, resolvemos comprar uma ração especial para ele. E ele não se fez de rogado. Comeu até se tornar um gatinho gordo, curioso e preguiçoso.
Justamente por ser curioso e gordo, sempre se metia em confusões.
Noutra feita, o lixo da cozinha começou a aparecer revirado e coloquei a culpa nele, afinal era tão guloso. Apesar de sua gulodice, Maradona tinha um paladar apurado e não entendia porque estava apanham e tendo o seu focinho esfregado em algo tão fedorento.
Uma noite nós ouvimos um barulho na cozinha e corremos para pegar o bichano “com a boca na botija” e demos “com os burros n’água”. Quando chegamos na cozinha tinha apenas um gambá enorme que se assustou com a nossa presença e escondeu o focinho entre as garrafas de cerveja.
Maradona ouviu toda a movimentação na cozinha e na esperança de comer um pouco mais de ração veio correndo para acompanhar a movimentação.
Chegando lá deu de cara com um animal desconhecido e foi aos saltitos dar-lhe as boas vindas.
Maradona quando viu que o gambá era o responsável pelas suas surras matinais, foi na sua direção, enquanto o gambá não entendia como aquela bichona, melhor dizendo aquela bicha felina estava poderia estar tentando lhe perseguir.
Mas, como sua curiosidade acaba toda vez que sacudo o pote de ração, logo voltou para casa.
Passamos dias sem ter uma só preocupação com o Maradona, apesar de achar muito estranho um gato comer os ossos do peito do frango, nenhuma preocupação a mais com o bichano, bichona.
Há uns quinze dias atrás, num sábado de manhã, acordei e abri a porta da frente, já chamando o seu nome.
Para minha surpresa entrou um filhote de gato tão feio que parecia ter sido abandonado por alguma nave espacial.
Lógico que o Maradona estava atrás dele!!
Como se tivesse encontrado o bicho na rua, sentido pena dele estar sem um lugar para se abrigar e o convidado para morar em sua casa. Simples assim.
Eu quando olhei aquele gato com orelhas que mais pareciam de uma lebre, fiquei tão horrorizada que resolvi adotar o gatinho. Também se eu não o fizesse, com aquela aparência, ninguém o faria.
O “estranho”, foi assim que o batizamos, é todo amarelo. Até os olhos!
Mas a última peripécia de Maradona foi sumir.
Anteontem à noite, saiu para dar o seu passeio noturno e fazer as suas necessidades antes de dormir entre os nossos cobertores e não voltou. O detalhe mais sórdido da história é que eu tinha acabado de servir Wiskas Sache de Salmão para ele. Pensar que o bichano tinha virado churrasco recheado de Salmão foi um pensamento nada agradável.
Na manhã seguinte eu o chamei e ele não veio para o desjejum. Fiquei logo preocupada, pois guloso do jeito que é, nunca perdia uma refeição, mas como tinha que trabalhar, fiquei torcendo para encontrá-lo na volta, o que não aconteceu, para o meu desespero.
Hoje pela manhã eu acordei com um frio da peste. Tomei meu banho, lavei a cabeça e, para não ficar resfriada sequei com secador.
Eu já estava saindo para trabalhar quando um amiguinho do meu filho disse que meu gato estava preso num barranco. Barranco? Aquilo era uma pirambeira que as chuva dos últimos dias tinha deixado pior.
Eu não pensei duas vezes e sai no meio de um temporal para ver se era o meu bebê. E pior é que era.
Sai descendo desembestada sem nem mesmo pensar como ia subir.
Quando cheguei lá em baixo, lá estava o Maradona agarrado a uma árvore caída no meio de um riacho. Peguei-o no colo e tentei subir, o que não consegui. Isso tudo depois de pular arame farpado, invadir um sítio.
O garoto que me levou até o Maradona e acompanhava toda minha epopéia, foi até a entrada do condomínio falar com um porteiro, que criava cavalos, para pegar uma corda para me resgatar.
Apesar dos meus 45 quilos, foi preciso 3 homens para me puxar!
Quando cheguei em casa não sabia se estava com mais ódio do gato ou de mim.
Dei um banho de “esfrega” no bichano com shampoo e creme condicionador, tomei meu banho e fui trabalhar. Nem precisa dizer que nada mais deu certo: Peguei a condução errada, desci no lugar errado, tive que andar dois pontos debaixo de temporal, o cliente em que ia, já tinha saído.
Eu não pensei duas vezes: Desisti de trabalhar e parei num veterinário para marcar a castração do bichano, pois fiquei sabendo que se o animal for castrado deixa de sair para a rua.
Com certeza a castração é a melhor solução.
Já pensaram nos lugares mais sórdidos em que eu possa a ter que resgatar esse gato?
Prefiro nem pensar.
Enquanto o dia da castração não chega, Maradona está em cárcere privado, sem direito a nem uma voltinha no quintal, se bem que depois do susto ele nem coloca a cara nem na janela e se percebe algum movimento estranho se mete em baixo da cama.
Já pensou se ele tem que tomar outro banho de escovinha e ser secado com secador?
Ele mesmo prefere não arriscar.
Um comentário:
puxa a minha gata que vive me pedindo atenção eu não aguento, um Maradona e Estranho seria o desastre.Rs gostei muito das histórias.
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