sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Meus oito anos


Meus Oito Anos










Oh ! Que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,


Da minha infância querida


Que os anos não trazem mais !


Que amor, que sonhos, que flores,


Naquelas tardes fagueiras,


À sombra das bananeiras,


Debaixo dos laranjais !


Como são belos os dias


Do despontar da existência !


- Respira a alma inocência


Como perfumes a flor;


O mar é - lago sereno,


O céu - um manto azulado,


O mundo - um sonho dourado,


A vida - um hino d'amor !


Que auroras, que sol, que vida,


Que noites de melodia


Naquela doce alegria,


Naquele ingênuo folgar !


O céu bordado d'estrelas,


A terra de aromas cheia,


As ondas beijando a areia


E a lua beijando o mar !
Oh ! dias da minha infância !


Oh ! meu céu de primavera !


Que doce a vida não era


Nessa risonha manhã !


Em vez das mágoas de agora,


Eu tinha nessas delícias


De minha mãe as carícias


E beijos de minha irmã !


Livre filho das montanhas,


Eu ia bem satisfeito,


Da camisa aberta o peito,


- Pés descalços, braços nus


-Correndo pelas campinas


À roda das cachoeiras,


Atrás das asas ligeiras


Das borboletas azuis !


Naqueles tempos ditososIa colher as pitangas,


Trepava a tirar as mangas,


Brincava à beira do mar;


Rezava às Ave-Marias,


Achava o céu sempre lindo,


Adormecia sorrindo


E despertava a cantar !


.........................................................................................


Oh ! Que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,


Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais !


Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras,


À sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais !


Casimiro de Abreu

Um comentário:

Maria Betânia disse...

Creio que Casimiro de Abreu retratou á todos nós neste sonoro poema que é gostoso de ler e declamar, excelente escolha Kati.

Parabéns.