A
questão do lixo deixou de ser problema político-ambiental e já se tornou um
problema social.
Em
nosso país, não observamos uma cultura de reciclagem ou reaproveitamento de
alimentos.
Algumas
iniciativas privadas tentam mobilizar a população para a questão, entretanto
ainda são muito tímidas para serem consideradas efetivas.
Moramos
em um país de dimensões continental e, talvez por isso, ainda não sentimos o
impacto desse problema, mas a explosão demográfica fará com que em breve
tenhamos que tomar atitudes enérgicas sobre o assunto.
Recentemente
na Comunidade do Bumba tivemos uma demonstração de como a união entre a falta
de políticas ambientais, explosão demográfica unidas com a política eleitoreira
e a falta de uma política social podem causar sérios danos à sociedade e ao
meio ambiente.
Esse
é um tema que pode ser abordado sob diversos prismas e um deles é o
desperdício.
Segundo
a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais), cada brasileiro produz 378 quilos de lixo por ano!
O
consumo consciente não é uma prática adotada pela grande maioria das pessoas no
Brasil.
Basta
uma breve visita ao CEASA para perceber que o descuido no manuseio dos
alimentos causa um enorme desperdício. Em poucos minutos de funcionamento o
chão fica repleto de alimentos que, se manuseados de forma correta e
consciente, poderiam estar abastecendo casas e estabelecimentos comerciais.
Segundo
pesquisa do Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa, 30% de todo o
desperdício de comida no país ocorre nos Centros de Abastecimentos –
CEASA.
A
produção de meses pode se tornar lixo em apenas um dia de trabalho e poderia
alimentar centenas de famílias.
O
banco de alimentos do CEASA-RJ é central de arrecadação, processamento e
distribuição de alimentos que não estão em condições ideais de comercialização,
mas que estão em perfeitas condições para consumo. Entretanto, a solução está
longe de ser a ideal, pois em uma central das proporções do CEASA-RJ, apenas 80
instituições estão cadastradas.
Basta
ficar minutos caminhando pelo local para perceber que o descaso com o manuseio
dos alimentos é cultural. Já virou hábito limpar os produtos e jogar fora a
parte estragada ou amassada, como se o custo da produção do alimento fosse
zero!
Quando
nada atrapalha o andamento da cadeia de suprimentos, não se sente a proporção
desse desperdício e tudo que “não está próprio para a comercialização” vira
lixo.
E
para onde vai o que não é aproveitado nessas centrais de abastecimento?
Atualmente
todo o resíduo produzido vai para aterros sanitários ou lixões.
Imaginem
80 toneladas de resíduos sólidos sendo despejado diariamente em um aterro
sanitário...
Estudos
mostram que parte do resíduo pode ser transformado em energia e parte pode
virar adubo, mas é muito estudo para pouca vontade política, afinal, todos os
dias “sobram” 80 toneladas para serem desperdiçadas enquanto centenas de
famílias passam fome em nosso estado.
O
lixo da maneira que é processado hoje se transforma em um grande custo social,
pois além do desperdício residual, temos o desperdício da área necessária para
o “despejo” desse material.
O
que ocorre nas dependências do CEASA é apenas uma versão ampliada do que ocorre
nas residências ao longo dos dias, pois segundo pesquisas, uma pessoa produz em
média um quilo de lixo por dia.
Imaginem
que a coleta de lixo fosse suspensa. Em apenas um mês o lixo produzido em uma
casa com três pessoas seria desesperador.
Também
pouco adianta fazer a separação do material orgânico e inorgânico se não há
coleta seletiva e tudo acaba “misturado” no caminhão compactador. Todo material
que é lavado e separado acaba ficando contaminado, pois entra em contato com os
demais materiais recolhidos.
Então
a solução é a diminuição dos resíduos orgânicos.
Muita
gente não sabe, mas todo material orgânico pode virar adubo, seja batendo as
cascas de legumes e frutas no liquidificador ou colocando os resíduos nos
canteiros e jardins – cavando-se uma vala e cobrindo com a terra que foi
retirada.
Os
resíduos também podem ser colocados numa garrafa pet com areia, alternando a
colocação de resíduos e areia, até chegar ao topo. Tampa-se a garrafa e depois
de 2 meses tem-se terra adubada para vasos de plantas.
Só
essa medida já diminuiria em 50% de todo lixo produzido.
Muita
gente não sabe, mas, um simples algodão usado para limpar as unhas com acetona,
não deveria ser descartado no lixo comum, pois comprometeria tudo que estiver
dentro dele.
Outra
medida muito simples é entrar em contato com ONGs que fazem a coleta seletiva
para que as mesmas coloquem latas de reciclagem em seu condomínio ou que fazem
coletas nas ruas.
Quanto
mais pessoas tomarem essas medidas, mais o meio ambiente agradece.