segunda-feira, 26 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Palhaço Fofoquinha
Fofoquinha nasceu e cresceu dentro do circo. Foi seu pai quem escolheu o nome e decidiu como seria o espetáculo: O menino deveria aprender a chegar pisando tão de mansinho e tão escondidinho que surpreenderia a público, não importa em que lado do picadeiro estivesse sentado.
Fofoquinha passava os dias treinando o andar leve e surpreendia a trupe o tempo inteiro.
Como chegava sem ser percebido, acabava ouvindo coisas que não devia. Ouvia e falava, acabando sendo o centro de todas as confusões que aconteciam entre os componentes do circo.
As pessoas já tremiam com a sua presença!
Fofoquinha cresceu, se tornou mestre na sua arte, mas foi odiado por todos com quem convivia.
Quando se tornou adulto, Fofoquinha resolveu tirar proveito da sua arte de chegar sem que fosse percebido para obter lucro fazendo chantagens, primeiro com os integrantes do circo, depois com os comerciantes das cidades por onde o circo passava.
Na passagem por Turumirum, Fofoquinha encantou-se pela filha do dono do armazém no dia em que ela veio assistir ao espetáculo, mas sabia que o namoro não seria aprovado pelo pai da moça, portanto, resolveu seguí-lo para obter alguma vantagem extra.
Logo Fofoquinha descobriu que o pai da sua pretendida tinha uma paixão secreta pela mulher que trabalha na secretaria da igreja local, quinze anos mais nova que ele, e que se encontravam secretamente na sacristia da igreja, tendo como fruto dessa relação uma linda menina de cinco anos chamada Alizandra.
Foi o suficiente para garantir o namoro, o noivado e o casamento que aconteceu no mês em que o circo ficou na cidade.
Casado, Fofoquinha tinha pouco o que fazer, pois a cidade era pequena e o sogro sempre deu conta do pequeno armazém. Passava o dia tomando conta da vida da coitada da mulher que passava o dia olhando por de trás dos ombros tentando surpreender o marido.
Ao irem se deitar, Fofoquinha fazia o relatório para a esposa:
- Rosinha, ocê sabe que hoje descascou a cenoura e jogou um pedação bom fora? Ocê colocou muita manteiga na farofa, num podi disperdiçá!
A mulher não aguentava mais aquele controle, mas a cada dia, Fofoquinha trabalhava menos - até porque o sogro não queria a sua presença na venda - e mais vigiava a mulher.
Toda noite era a mesma a coisa e a esposa começou a ficar cada dia mais irritada e nervosa, pois os relatórios passaram a ser em tempo real, isto é, no momento em que estava acontecendo.
Como a mulher começou a protestar, Fofoquinha passou a falar sozinho. Porém, o que era para ser apenas um sussurro era ouvido como se fosse uma conversa. Fofoquinha reclamava, falava, discutia, respondia e tudo ao som alto, como se tivesse falando com alguém.
Quando o sogro morreu, Fofoquinha teve que assumir o armazém, entretanto, o lucro diminuía a cada dia, pois o que o palhaço realmente gostava de fazer era controlar a vida da mulher e de tudo que acontecia na casa.
Divido entre o armazém e o controle da mulher, Fofoquinha parecia estar enlouquecendo.
Não demorou para sua mulher começar a fumar e a beber. Mas até isso o marido controlava:
- Muié, cê sabia que esse é o 10º cigarro que ocê fuma? E que ontem ocê conseguiu beber meia garrafa de cachaça?
O tempo foi passando e a mulher achava que ia enlouquecer com tanto controle.
Um dia, o circo em que Fofoquinha foi criado voltou á cidade e os dois foram assistir.
Quando o circo foi embora, Fofoquinha só deu conta da falta da mulher no final da tarde, pois passara o dia deprimido no balcão do armazém.
Rosinha fugiu com o circo, casou-se com o atirador de facas, mas dessa vez quem falava grosso e impunha respeito era ela.
Fofoquinha? Continuou pendurado no balcão do armazém observando a vida sem participar dela.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Rádio pirata
Eu trabalhei durante dois anos em uma rádio comunitária.
Foi assim: Eu precisa de trabalho, procurei um amigo e foi o que ele tinha para me oferecer.
Achei que era o máximo, pois começava na segunda, fácil assim.
Logo que cheguei, encontrei a coisa no bagaço! O trabalho exigia uma faxineira e eu arrumei uma vassoura emprestada nos vizinhos e coloquei a mão na massa!
Deixei tudo limpinho, depois fui no mercadinho, comprei uns produtos de limpeza e deixei cheirosinho.
Era tudo muito fácil se não fosse essa minha mania de perfeição. Era só receber uns pedidos de música, que raramente chegavam, pois não tinha telefone e a rádio ficava num morro que só eu e meia dúzia de gatos pingados para subir.
Eu comecei a querer arrumar equipamentos, mais propagandas para a rádio funcionar melhor, deixar tudo limpinho e fazer a coisa funcionar direito.
Tudo estava indo muito bem até meu celular tocar e eu ouvir o "dono da rádio" me dar uma ordem: "Fecha a rádio que a federal está subindo."
Como assim?
Avisei ao locutor, fechamos tudo e fomos embora.
Ficamos fechados por 15 dias.
Outras rádios locais não tiveram a mesma sorte que a gente e foram fechadas. Depois eu vi na televisão falarem que as rádios comunitárias servia à milícia.
Não era bem assim, a gente entregava documentos perdidos nas vans, celulares e até carteira com pagamento do mês eu entreguei sem receber nem um centavo por isso!
A gente ajudava os moradores locais fazendo campanhas para arrecadar alimentos, roupas, materiais de construção e muitas outras coisas boas.
Como eu tinha entrado sem saber que era errado, sai sabendo que não era o cero, mas era o melhor a fazer.
Algumas vezes, nesse país, todos os gatos são colocados no mesmo saco, infelizmente...
Postado por
Anônimo
às
terça-feira, novembro 20, 2012
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
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