O Dom da Palavra
Há pessoas que possuem o dom maravilhoso de encantar com seus textos. Eu não possuo esse dom, porém gosto de escrever. Prefiro me expressar através de textos escritos do que verbalmente.
Aliás, eu sou péssima conversando com as pessoas, sempre acabo falando coisas que não devia. Eu tenho uma máxima: Se não quiser ouvir umas verdades, não me fale umas besteiras.
Muitas coisas que escrevo nem chego a publicar de tão ruins que ficam, mas eu não tomo jeito e continuo a escrever, sem me importar com a opinião das pessoas. Quem quiser ler que leia.
Também não sou uma pessoa que fale sobre contos de fadas ou sobre as ilusões da vida, pelo contrário, sou muito direta e até realista demais. Algumas pessoas se chocam com a minha maneira de falar e acham que não é sério, por isso prefiro escrever, porque me resta a benesse da dúvida.
Eu sempre falo sério! Não sou uma pessoa bem humorada e que leva a vida na flauta! Para mim tudo pode virar um drama ou uma tragédia!
Há pessoas com dons poéticos, sonhadores, mas para mim a poesia é lúdica demais para me servir. A poesia é o ópio de muitas pessoas, não o meu.
Gosto de me expressar de forma que todos entendam e, muitas vezes, a linguagem poética não atinge a todas as pessoas. Gosto de falar a língua do povo.
Que me perdoe o Chico Buarque, mas seus versos não eram tão fáceis de serem entendidos ou não passariam pela nossa censura há anos atrás. Não me venham com essa máxima de que todos eram burros naquela época porque eu acho justamente o contrário!
Mas, apesar de não me expressar poeticamente, me sinto incompleta, pois sinto que algumas vezes não chego a atingir os objetivos desejados e alguns não me entendem.
Queria abordar temas mais leves e cotidianos, mas o que faz parte do nosso cotidiano hoje é a corrupção, a violência, o descaso e esses são assuntos pesados demais para me divertir em comentar!
Sim! Escrever tem que ser mais do que um acaso, tem que ser divertido escrever, assim como não deve ser maçante para quem lê.
Sei que gente como eu jamais deveria escrever sequer uma linha, quanto mais um texto, mas pelo menos não obrigo as pessoas a lerem.
Gostaria de escrever sobre temas mais leves, delicados, mas a vida se tornou pesada, maçante e, muitas vezes, desinteressante. Todos os nossos prazeres se tornaram meros joguetes nas mãos de algumas pessoas poderosas.
Diga-me, meu caro leitor, quando até um mero campeonato de futebol está envolto por nuvens de corrupção e obscuridade e transforma uma paixão em eterna dúvida, como podemos escapar de enorme teia senão entre nossos pensamentos e desejos?
Os diversos Brasis
Eu não sei como acontece em outros estados, mas no Rio de Janeiro temos diversos níveis de camadas sociais vivendo muito próximas e, ao mesmo tempo há anos luz de distância! Temos favelas com problemas sociais gravíssimos bem ao lado de bairros nobres. O rico e o pobre vivem lado a lado sem que o segundo seja sequer olhado ou percebido pelo primeiro. Pessoas vivem em extrema dificuldade bem ao lado da miséria absoluta sem sequer percebê-la.
Criou-se uma enorme legião de pessoas invisíveis! Você passa por elas nas ruas e não enxerga ou prefere não enxergar, pois é mais cômodo não olhar para a feiúra da sociedade do que encarar a sua total passividade diante dos problemas sociais.
Agora estamos vivendo no clima do Pan-americano, porém não podemos deixar de pensar que para muitos será a última chance de escapar de uma triste sina.
Ainda outro dia, vi uma reportagem que mostrava um jovem remador brasileiro que afirmava que se não conseguisse algo nesse Pan-americano, certamente iria abandonar o esporte par voltar a ajudar os pais na labuta. É realmente triste ver um jovem que gostaria de se dedicar ao esporte, porém a sua pátria não lhe dá condições para isso. Certamente se ele fosse filho de pessoas de posses poderia fazer de sua vida o que bem entendesse.
O nosso país tem parar com essa idéia de que é o país do futuro e que tem só tem condições de ampliar suas divisas através da beleza de nossas mulheres e, porque não dizer das bumbas de nossas mulheres! O esporte pode trazer divisas para o nosso país, mas temos que investir no ouro de nosso chão! Nos nossos diamantes brutos, na nossa gente.
Ah! Nossa gente! Eu fico realmente inebriada quando penso em nossa gente! É uma gente sofrida, humilhada, mas longe de ser uma gente infeliz! Nossa gente consegue festejar mesmo que não haja um só motivo, consegue sorrir para esconder as lágrimas.
Outro Brasil que não podemos esquecer de falar é o que os políticos nos mostram na tv! Esse segue ao sabor de seus desejos, pois se desejam se eleger, mostram como o local sobre com a má administração de seu governante, porém se desejam se promover, mostram como a sua boa administração melhorou a vida dos habitantes do local. E o pior é que todos nós somos obrigados a ver essas mentiras duas vezes por semana! Os políticos de nosso país olham para nosso povo como se fosse uma doença, como se tivesse nojo, como se fossem apenas uma forma de lucro fácil.
Criou-se a indústria da violência! Um bando de espertos lucra fingindo tentar resolver os problemas do nosso povo! Criam projetos que jamais vão à diante, iludindo a população, como se estivessem fazendo um grande favor, como se educação e saúde não fosse um direito! Como se os impostos que pagamos todos os dias servissem apenas para pagar os salários dos políticos. Aliás, faz muito tempo que não vejo um governo que não seja em proveito próprio! Não se governa mais para o povo.
Na verdade, o nosso país está desgovernado há muito tempo, literalmente e está muito difícil segurar as rédeas de novo!
Temos um país tão lindo que me entristece vê-lo dividido dessa maneira! Queria poder unir minha gente em torno de um ideal, mas como fazer isso sem nos destruir, sem causar mais dor a uma gente tão sofrida?
Brasil de ontem, Brasil de hoje. Das favelas, palafitas e mansões.
Brasil dividido entre gente de valor e gente indecente, mas, sem dúvida, não mais um país do amanhã, mas o Brasil que precisa ser feito hoje.
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