domingo, 19 de maio de 2013

Intolerância







O que faz uma pessoa pensar que pode impor suas crenças e seu estilo de vida a outras pessoas?
O que eleva um ser humano a categoria de semideus para imaginar que dever impor sua religião aos demais?
O que pode levar uma pessoa a transpor o limite do tolerável, passando à falta de respeito por se achar detentora da verdade absoluta é a soberba.
Pessoas que vivem nesse limiar nem percebem que vão contra aos próprios ensinamentos de sua religião e transformam a diferença em preconceito.
Por que incomoda tanto os questionamentos de algumas pessoas?
Qual a diferença entre uma pessoa que quer impor a sua crença aos demais de Hitler?
A insistência de algumas pessoas em propagar a própria fé passa da intolerância para beirar a falta de respeito.
Quando uma pessoa afirma ter apenas uma verdade, ela se julga superior aos outros.
Ou não?
De que adianta o livre arbítrio se a única decisão aceitável é a fé cega?
Como propagar a irmandade ser profanar as diferenças que nos fazem únicos.
De que adianta seguir os passos de uma religião se o que falta é ideologia?
De que serve a pluralidade se enxergamos o outro com olhos de espelho?
Ser humano é aceitar que não existem certezas nem verdades absolutas e quem não consegue ver isso não chega a ocupar a categoria de ser, quanto mais de humano. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ser ateu é direito meu







Eu juro que eu gostaria ser ser uma pessoa crédula e achar que existe alguém cuidando de nós, mas não há.
É confortável achar que existe um pai eterno tomando conta de nossos passos, como éramos crianças, mas não há.






Hoje está cada vez mais difícil se dizer ateu sem ter alguém tentando te converter ou te discriminando.
Tenho medo que mais dia, menos dia, sejamos obrigados a nos converter em alguma religião.
Eu fazia um curso e a professora só começava a aula após rezar.
Primeiro eu procurei ficar quieta no meu canto, depois comecei a sair e ir ao banheiro enquanto ela rezava - primeiro ela passou a me esperar para rezar e depois começou a rezar depois que eu voltava. Por último eu passei a chegar no limite que tinha para atraso de aluno e a professora passou a esperar que eu chegasse para rezar, chegando ao ridículo de interromper a aula para rezar depois que eu já estivesse lá.
Para não entrar em polêmica, larguei o curso.
Eu não sou a única pessoa que sofre preconceito por não acreditar.
Falta mesmo respeito entre os religiosos em relação aos que não acreditam.
Quando meu filho era pequeno, era o alvo preferido dessas pessoas, pois meus vizinhos acreditavam que se conseguissem convertê-lo, acabariam trazendo seus pais para a igreja ou mesmo "salvando" pelo menos "uma alminha".
A maioria dos meus vizinhos ou são evangélicos ou estão se convertendo.
O preconceito mais ridículo que eu sofri foi numa reunião de condomínio onde o síndico era evangélico e simplesmente não me deixava falar, passando a vez para "algum irmão ou irmã". 
Quando a minha paciência chegou ao limite, passei fazer a saudação a Hitler cada vez que ele falava algo e isso levou aos não evangélicos a refletirem melhor sobre a situação e tivemos uma série de protestos em relação a situação. No final, pedi que desse uma cópia das propostas apresentadas para que eu levasse para o meu advogado analisar.
Ele pediu demissão do cargo.
Depois que ele se demitiu, foi descoberto um enorme rombo no orçamento do condomínio.
As pessoas aprovavam seus orçamentos na boa fé que o "bom pastor" não desviava a verba, mas quem foi que determinou que o caráter se mede pela religião que a pessoa frequenta?
Eu sempre ouço: "Fulano é um homem bom, é pastor da igreja tal".
E também é bem comum: "Ih! Fulano é macumbeiro".
Pouco tempo depois do "pastor e seus discípulos" terem mudado do condomínio - a maioria por ordem de despejo - apareceu o "Bonde de Jesus".
O Bonde de Jesus era um grupo que saía com bumbos e triângulos pelas ruas do condomínio no domingo a tarde gritando: "Jesus te ama e eu também!"
Lógico que eles faziam isso naquele horário em que todos já tinham acabado de almoçar e estavam tirando a "sesta".
Eles incomodavam a todos, pois batiam nas portas e tocavam as campainhas das casas para serem atendidos e terem seus panfletos com a divulgação da sua igreja devidamente distribuídos.
Alguns começaram a se incomodar com a situação.
Teve um que começou a abrir o portão de cuecas e outros com cervejas na mão, mas o bonde só desapareceu mesmo quando as vigílias e os enterros do diabo passaram a ser constantes.
Não, meu caro leitor, você não leu errado, eles passavam a noite inteira com um caixão fechado onde eles diziam estar o diabo e pela manhã enterravam em um terreno qualquer. Depois vinha alguém da igreja e desenterrava para aproveitar o caixão para a próxima semana, afinal, caixão está caro!
Embora todos achassem que aquilo era um absurdo, ninguém queria o diabo enterrado no terreno ao lado do seu.
O "Bonde de Jesus" desapareceu.
Eis que surge uma nova tendência nas igrejas: evangelizar!
Para mim é maneira mais chata de tentar convencer as pessoas que a religião é o melhor caminhos, pois a gente chega em um ponto de ônibus com medo que a pessoa que está lá venha puxar conversa e "mostrar como deus é generoso, apesar da sogra ter que cortar as duas pernas para não gangrenar".
Foi então que uma vizinha resolveu ouvir hinos evangélicos no último volume de seu som para disseminar a "palavra do senhor". 
Eu juro que queria conseguir ouvir meus próprios pensamentos, mas não conseguia!
Eu já estava preferindo ser surda, pois não conseguia nem ouvir o noticiário da TV! 
Foi quando chegou o feriado e um outro vizinho resolveu rebater os hinos com um som mais ensurdecedor ainda, ligado em uma rádio que só tocava axé. Foi quando eu cheguei a conclusão que antes da gente aborrecer o nosso vizinho com um som extremamente alto deve pensar que ele pode ter um som mais potente e um gosto musical duvidoso.
Nunca mais se ouviu hinos evangélicos vindo da casa da tal senhora.
Quando o condomínio passou a ser dirigido por pessoas que, embora tivessem religião, não faziam questão de impô-la aos demais, as coisas ficaram mais razoáveis.
Mas não pensem que os absurdos deixaram de existir, pois os condôminos não permitem que o carro do pão entre porque faz barulho, não permite o carro do gás porque faz barulho, não permitiram a festa junina porque ia fazer barulho, mas queriam permitir que o pastor colocasse um trio elétrico na pracinha para promover "uma tarde com Jesus".
É, a luta continua, pois ser ateu é direito meu.

Ser ou não Ateu



Essa semana fui convidada por uma pessoa que gosto muito para participar de uma mesa de debates sobre religião. De início pensei que isso seria algo muito desgastante, uma vez que tenho frequentado diariamente o Facebook e esse é um local onde as "fogueiras das vaidades" se afloram a cada 1/2 segundo e tudo vira motivo para ofensas e brigas intermináveis!
O motivo dessa pessoa ter me convidado para esse debate foi orque eu sou a única pessoa que ela conhece que se declara claramente ateia e, como falta um na mesa, se lembrou de mim.
Quando digo declaradamente é porque muitas pessoas se declaram católicas porque foram batizadas por seus pais ainda bebês e fizeram a primeira comunhão no colégio quando crianças e casaram em uma igreja para fazer uma bela cerimônia para guardar de recordação, mas nunca, digo nunca, frequentam uma missa sequer. Aliás, difícil é conhecer alguém que realmente faça isso.
Eu posso dizer que todas as pessoas que já conheci durante toda a minha vida, apenas seis pessoas realmente frequentavam a missa, comungava e seguiam todas as normas que eram necessárias para se dizer católico.
A maioria das pessoas dizem que acreditam em deus, mas não tem religião. Essa é para mim a pior e mais cômoda resposta, pois se acredita no deus católico e nem sequer lê os princípios que fundaram   ou que afirmam a existência desse deus, é porque não querem ser olhados como ETs descrentes.
Eu, filha de pai português, que tinha sido seminarista - coisa que só descobri depois que ele morreu - e mãe que foi semi-interna em colégio de freiras, fui batizada bem novinha e fiz minha primeira comunhão aos nove anos de idade.
Para a minha primeira comunhão foi programada uma festa, onde até os parentes que moravam em outro estado foram convidados, pois era um "acontecimento".
No dia anterior à cerimônia, uma tia de minha mãe, que por sinal era Madre Superiora de um tradicional colégio de freiras, resolveu me dar as últimas instruções sobre o que ia acontecer e me deu instruções claras para não morder a hóstia, pois era o corpo de Cristo e minha boca se encheria de sangue.
Adivinhem o que eu fiz?
Sabem o que aconteceu? Nada.
A coisa começou a ficar estranha ai, pois eu comecei a questionar absolutamente tudo.
Depois da primeira comunhão ainda ia para as missas aos domingos, mas comecei a ouvir as história da bíblia como fantasias tais quais contos de fadas ou mitologia grega ou mais uma grande mentira - tal qual a da hóstia.
Depois passeia a questionar a santidade dos padres, pois alguns escândalos envolvendo padres e, até mesmo na paróquia a que pertencíamos e a minha credibilidade foi se esvaindo e a minha fé se foi para sempre.
No começo, a minha falta de fé fez com que eu me sentisse muito desamparada, pois quando desejava muito algo rezava, pedia, esperava por bênçãos. Quando o que esperava, não era alcançado, me conformava com o "livre arbítrio" - de repente não me esforcei tanto assim e deus não ia desmerecer alguém que se esforçou mais só porque eu implorei, eu tive o "livre arbítrio" para escolher me esforçar mais e não fiz.
Depois eu pensei: Se eu tenho que me esforçar, lutar sozinha, correr atrás, eu quero um deus para que?
Abandonei as orações e, com o tempo fui excluindo frases que a gente fala quase naturalmente porque ouve desde criança, do tipo: graças a deus!
Quando os questionamentos começam não param mais. A história de Adão e Eva, por exemplo.
O homem foi feito do barro e a mulher de uma costela desse ser?
Com tanto barro não dava para fazer a mulher dele também?
Brincadeira, gente. Mas é que é um absurdo tão grande que não dá nem para imaginar a possibilidade de uma coisa dessas ser possível.
A Arca de Noé. Qual era o tamanho dessa coisa?
O Titanic afundou e matou um monte de gente e a arca de Noé salvou até as baratas?
Quando me casei, meu marido me fazia ir à missa com ele todos os domingos e aquilo me fazia muito mal porque igreja não é um lugar de debates e cada vez que o padre fazia o seu sermão eu sentia vontade de levantar a mão e fazer algumas perguntas embaraçosas, mas não podia. Mas também não ficava como uma vaquinha de presépio repetindo amém e graças a deus, ficava calada o tempo todo. Todo mundo reparava em mim.
Passei a sair durantes as missas para fumar do lado de fora, fumava muito e o tempo todo, depois parei de ir.
Quero realmente ir a esse debate porque quero fazer aquele monte de perguntas que não podia fazer na igreja. E não aceito a resposta do átomo.
É mais difícil ser ateu do que hipócrita, daqueles que falam que não tem religião, mas acreditam em deus, mas eu sou assim.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Estado Laico?





Estou realmente preocupada com o rumo do nosso país.
Antes seria inconcebível pensar no fim do Estado Laico, hoje é proposta da câmara!
Não entendo como permitem uma bancada evangélica na câmara!
Será que o Brasil é realmente o maior país católico do mundo?
O fato é que eles estão em todos os lugares.
Não dá para caminhar pelas ruas sem encontrar alguém fazendo pregação.
Andar de trem no Rio de Janeiro sem topar com algum fiel pedindo donativos para a sua igreja é impossível.
Eu tenho visto verdadeiros absurdos!
Uma amiga me falava de uma professora de português que colocava versículos bíblicos no quadro ao invés de dar aulas.
O facebook está cheio deles e suas pregações. 
Outro dia resolvi rebater uma delas e começou uma verdadeira perseguição!
Agora meu celular está cheio de passagens bíblicas mandadas por "um amigo" que não se conforma por eu não acreditar em deus!
Isso é desrespeito, falta do que fazer e mais: fere a minha individualidade e meu direito de não crer.
Não é que eu nunca tenha frequentado igreja ou que eu tenha me decepcionado com deus, eu só fui racionando sobre as coisas ditas na bíblia e deixei de acreditar.
O mais interessante é que essas pessoas ditas religiosas, quando não tem mais argumento para te converter, te rogam as piores pragas desse mundo. Te desejam o pior que se pode desejar a uma pessoa. Não é incrível?
Te mandar direto para o tal do inferno é logo a primeira opção e quando você fala que também não acredita no inferno, começam a desejar que você tenha as piores doenças possíveis para acreditar na existência de deus.
Não é antagônico?
 Eu realmente acho que em breve todos serão obrigados por lei a se converterem, como acontece no Islã, pois a coisa está ganhando proporção astronômica!
Vai haver uma caça às bruxas interminável em nosso país e ainda bem que não temos pena de morte, mas isso também pode mudar...





sábado, 11 de maio de 2013

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mentalidade de um povo





Na última entrevista dada pelo Emílio Santiago ao programa Encontro com Fátima Bernardes, ele contava que começou a trabalhar muito cedo, que aos 14 anos já estava empregado, pois vinha de uma família pobre e precisava trabalhar.
Eu vi ao longo da minha vida várias crianças que tiveram que trabalhar muito cedo e depois se tornaram adultos bem sucedidos e crianças que nunca trabalharam e não se tornaram tão bem sucedidos como os que tiveram que trabalhar na infância.
Hoje é impossível se contratar um menor de 18 anos a não ser que seja no programa Jovem Aprendiz, o que reduz e muito as vagas para o menor que deseja ou tem que trabalhar.
Nesses últimos tempos frequentei alguns cursos e percebi que a mentalidade dos mais jovens também mudou. Os mais novos até rejeitam a ideia de trabalhar e os menos favorecidos só pensam em arranjar uma bolsa oferecida pelo governo.
Eu acredito que essa seja uma situação muito triste, pois o jovem não pensa mais em conseguir algo com seu próprio suor e ainda sobrecarrega pais e mães que possuem 2, 3 filhos com idades em que poderiam estar produzindo e não podem, pois é proibido por lei.
Trabalhar atrapalha os estudos, pois a pessoa fica cansada e depois tem que ir para a escola.
Quem trabalha não tem tempo para estudar.
Todas essas afirmações podem estar certas por apena um ângulo, pois quem me garante que o adolescente que fica em casa vai estudar.
O leitor pode afirmar que eu tirei estas afirmações do nada, pois nunca trabalhei na adolescência, mas não.
O meu filho não trabalhava, não lavava um copo dentro de casa e foi reprovado 3 vezes na mesma série. Fomos cortando tudo dele até o ponto que teve que trabalhar para comprar suas coisas. Hoje ele estuda e trabalha e suas notas aumentaram consideravelmente.
De primeiro, suas roupas ficavam jogadas pela casa, por debaixo da cama ou em algum canto sem o menor cuidado. Hoje todas as suas coisas ficam organizadas, guardadas e suas roupas vão para a caixa de maneira que não se estragam mais, pois ele sabe quanto custou cada uma delas.
 Todos os dias vemos nos telejornais que há mais menores comendo crimes e acredito que o aumento desse índice esteja relacionado com o fato de que o menor não possa mais trabalhar com carteira assinada.
Não é uma punição, mas quando um jovem não queria estudar os pais o colocavam para trabalhar e, cedo ou tarde acabavam dando valor ao tempo em que não quiseram estudar. Pena que hoje isso só ocorre quando já é muito tarde para se recuperar algum tempo...
Quando me mudei para cá havia um pedreiro que trazia seu filho de 13 anos para ajudá-lo nas obras e achava aquilo um absurdo, pois criança precisa estudar. 
O menino não repetiu uma série sequer e hoje é dono de um sacolão.
Há exploração infantil? 
Sim, mas isso continua acontecendo e pior, pois o menor não pode ser empregado legalmente e acaba sendo recrutado nas comunidades carentes pelo tráfico.
Temos que rever muitas leis em nosso país, mas tenho certeza que as leis que tratam os menores devem ter prioridade, pois afinal serão esses menores que estarão comandando o nosso país no futuro.